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Público gay

Curso ensina como tratar bem o público gay. A idéia é que esta capacitação atinja diversos tipos de profissionais.

por Redação MundoMais

Sexta-feira, 06 de Maio de 2011

SÃO PAULO - O professor e artista plástico Vitor Mizael Rubinatti Dias, de 29 anos, disse que já foi mal atendido em um bar de São Paulo, quando estava acompanhado de seu namorado na época. Precisou ir à Justiça para cobrar uma explicação. O ano era 2003 e o garçom, na versão de Dias, disse que ali "não era lugar de gay" e os dois deveriam se retirar. Para evitar situações como essa e de olho na multidão que estará na cidade durante a Parada do Orgulho LGBT, marcada para junho, um curso vai ensinar prestadores de serviço a lidar com o público homossexual. A ideia é tratá-los de forma gentil.

A iniciativa do programa Bem Receber é do São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB) e da Associação Brasileira de Turismo para Gays (ABRAT-GLS), que atuam em parceria com a Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (CADS) e de entidades do setor hoteleiro. Pela primeira vez em três anos de existência, o curso, que tem duração de um dia, será aberto ao público em geral e não somente aos associados ao SPCVB. As inscrições foram encerradas nesta quarta-feira (4).

Essa é a primeira turma do ano e a ideia é que as palestras se repitam mensalmente até o fim de 2011. O custo é de R$ 80. "Falta um treinamento dos estabelecimentos para tentar receber bem o público, um treinamento para a diversidade. É importante nosso setor de comércio, de serviços estar preparado para tratar as pessoas com respeito e sem discriminação. Isso é o principal", afirmou Vitor Dias.

O bar de onde o professor foi convidado a se retirar fica perto da Avenida Paulista. "Eu e meu namorado estávamos sentados lado a lado, sem nenhuma demonstração de afeto. O garçom alegou que os clientes estavam incomodados, mas perguntamos para eles e disseram que não estavam. Nunca mais voltei ali", lembrou Dias. Ao relatar o caso a um policial militar que estava próximo, contou que o PM reiterou a atitude do garçom. "Foi constrangedor." O processo judicial terminou em uma advertência ao bar.

"A proposta é fazer um intensivo para mostrar que São Paulo tem a preocupação em receber todos de braços abertos", disse Toni Sando, diretor-superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau.

Fim do preconceito

Mais do que gentileza, a capacitação, que, na verdade é uma palestra, pode mudar opiniões e evitar constrangimentos. Foi o que aconteceu com Alice Araújo, de 27 anos. "Meu preconceito acabou depois que fiz esse curso há dois anos. Eu tinha um certo preconceito com o público gay, não sabia lidar com eles, não gostava. Agora, entendo o lado deles", contou Alice, supervisora de atendimento de uma empresa que recebe turistas no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo.

O trabalho já a colocou em algumas saias justas. "Teve uma vez que tínhamos duas mulheres na planilha de atendimento. No desembarque, acabou chegando um casal. Eu perguntei: A senhora Flávia não vem? E o homem respondeu: Sou eu! Foi uma saia justa porque ele estava vestido de homem", relatou Alice, hoje rindo da história.

Dicas

Almir Nascimento, presidente da ABRAT - GLS, defende que essa capacitação atinja diversos tipos de profissionais. "A ideia é que a gente fidelize o turista, que ele não venha só na semana da Parada, mas o ano todo." Para isso, o treinamento deve atingir "todos os níveis" de uma empresa, indo desde o diretor ao manobrista.

"Se um travesti chega ao hotel, como ele gosta de ser chamado? De senhor? Senhora? Para que banheiro direcionar? São coisas básicas, mas que para o cliente são extremamente importantes", afirmou Nascimento. E ele esclarece: "você chama a pessoa de acordo com o gênero que ela se apresenta".

Toni Sando, do São Paulo Convention & Visitors Bureau, ressaltou que o público homossexual "tem alto poder de consumo" e costuma ser bastante exigente. Para ele, fazer com que essa gente disposta a gastar passe mais dias na cidade é uma oportunidade também de fechar negócios e oferecer novos pacotes turísticos. Estimativas da entidade dão conta que a parada gay gera cerca de R$ 200 milhões de renda para o município.

A executiva Beatriz Cullen trabalha com hospitalidade. Por isso, resolveu se inscrever nessa primeira turma de 2011 do programa "Bem Receber". "Eu desconheço como eles (os homossexuais) se comportam, como gostam de ser tratados. Quero criar um relacionamento a partir das preferências deles. Busco abrir meus horizontes", disse Beatriz, que é diretora do Instituto Brasileiro de Hospitalidade Empresarial e oferece consultoria sobre o assunto.

Fonte: G1

10-05-2011 às 02:38 Alex
Concordo com os comentários abaixo. Isso demonstra que o mercado "percebeu" um novo nicho e está tentando tirar proveito disso. Fazer cursos para tratar homossexuais? Isso é revoltante. Quero ser tratado como ser humano e não como "algo a parte". Digo novamente: Pessoal, a maior arma contra o preconceito é o conhecimento. Não se iludam com estes oportunistas ,que só pq a lei de união estável foi aprovada, vão voltar seus olhos para o "pink money". Acordem!!!
09-05-2011 às 21:08 Guigo
Caraca !! Que ridículo , isto tudo para receber o gay? E para hétero também tem curso? Isso soa constrangimento para quem for participar deste curso . Por que tratamento diferenciado para os gays ?Somos pessoas normais , não há necessidade de tratamento especial , somos seres humanos, lembram? Ser bem recebido é uma questão de educação sociocultural , comportamental e igualdade . Não precisa de "forçar" a barra. Só pq. este evento traz dinheiro pra economia da cidade... O público gay não necessita de tratamento VIP somente no período da parada gay , não...rsrsrs. Será que gay receberia um tratamento especial no estádio de futebol numa partida de copa do mundo? Será que alguém já pensou em dar um curso de boas maneiras de tratamento para as pessoas que frequentam ou organizam estes eventos? O que é visado aqui é apenas o lado financeiro , ou seja a grana que os gays trazem neste evento. Vamos refletir. Abraços.
09-05-2011 às 10:45 Young Zephyr
Eu concordo com o curso. Essa educação que trazem de casa nem sempre é favorável aos homossexuais. À "verdade" que comentou abaixo, tenho algumas objeções a fazer: as "bichinhas loucas" também fazem parte do público gay e merecem respeito. Além disso, existem "coisas de homos" sim! Muitas vezes nos valemos de um vocabulário próprio e assimilamos no nosso corpo marcas (como roupas ou semelhanças físicas) do sexo oposto. Se as pessoas não sabem respeitar isso, devem ser educadas sim, pois ninguém pode negar ao outro a diversidade cultural.
08-05-2011 às 19:59 verdade
que preconceituoso, quando o mundo vai parar de generalizar coisas de homos e heteros? Tem que tratar igual,com respeito.Esse curso é um tipo de preconceito como se homos fossem diferentes de heteros.(quando falo de homos,falo de homens que amam homens e não das bixinhas loucas)
07-05-2011 às 19:58 kyle
ridiculo, nao se precisa de curso quando se eh educado em casa.
07-05-2011 às 07:14 Salto do Descanso
Em 2014, o Brasil vai ser sede da Copa do Mundo. Já imaginaste o número imenso de gays, dos mais diversos países, que virão para nosso País ? Será milhares de homossexuais que trarão divisas e gostarão de ser bem recebidos em todos os lugares. Será que as saunas, as videolocadoras, os motéis, as casas de massagens, os bordéis, as boates, os bares e outros locais para gays estão se preparando para receber todo esse contingente de turistas ? Não vejo nenhum sinal de que isso esteja acontecendo. Nós, homossexuais, temos dinheiro, bom dinheiro, para gastar. Não temos filhos para manter na escola nem para levar ao médico e ao hospital e estamos isentos de todas as outras muitas despesas que as crianças geram, e que são pesadas. Logo, somos um apetitoso mercado para o turismo. Quantos se dão conta disso e nos tratam com a atenção e o carinho que merecemos ?
07-05-2011 às 07:03 Pietro Barigoldi
Esse curso é meritório. Ele propõe a educação profissional para que nós todos sejamos bem acolhidos em todos os lugares. De seus resultados poderá surgir uma leva de profissionais que saberá nos tratar com gentileza, respeito e dignidade. Mesmo os trabalhadores com traços homofóbicos saberão nos encarar de outro jeito, ainda que seja, para eles, somente com um certo verniz da etiqueta social. É preferível nos atenderem com educação, ainda que forçada, do que nos hostilizarem em bares, hotéis, lancherias e outros estabelecimentos comerciais. Educação, ainda que sob interesses econômicos, sempre.
07-05-2011 às 01:44 .
Como assim ser bem recebido por ser gay? Todos devem ser bem recebeidos sem restrinção.
06-05-2011 às 11:34 JONAS
Pra mim ser bem recebido é ter direito a um massagista que faça "serviço completo". Eu também sou cidadão e torço pelo Flamengo. Beijo para todos