por Redação MundoMais
Segunda-feira, 09 de Setembro de 2013
Enquanto houver preconceito contra gays no país, será necessário ter hotéis, companhias aéreas e passeios que se declarem amigáveis a esse público, para que eles tenham garantia de que serão bem tratados durante as férias, defende a presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat GLS), Marta Dalla Chiesa.
A Abrat GLS é uma das participantes da Abav - Feira das Américas, maior feira de turismo da América Latina, que ocorre em São Paulo até este domingo (8). O evento é realizado há 41 anos, mas é a primeira vez que dedica uma parte separada para o turismo LGBT, concentrando expositores nacionais e internacionais.
Desde 2004, quando foi criada, a Abrat GLS cadastra empresas que queiram receber o selo “gay-friendly”. Elas assinam um termo de ética se comprometendo a atender esse público sem preconceito. Muitas também recebem treinamento da associação.
Para Marta Dalla Chiesa, muitos gays dão preferência a esses lugares para evitar situações desagradáveis.
“A comunidade gay quer se sentir à vontade nesses momentos de lazer, ser bem recebida e ter férias tão relaxantes quanto qualquer outra pessoa. E o preconceito existe, de maneira sutil ou escancarada”, diz.
Inclusivo, mas não exclusivo
Atualmente, são cerca de cem associados, entre agências de viagens, hotéis, companhias aéreas e empresas de receptivo. Poucos são dedicados exclusivamente a esse público – caso do cruzeiro "Freedom on Board", da Royal Caribbean.
Entre as grandes empresas e instituições na lista, estão a Rede Pestana de hotéis, a locadora de veículos Movida, as companhias aéreas Gol e Tam, o Ministério do Turismo de Israel e a SP Turis (empresa de turismo e eventos da cidade de São Paulo).
“Para nós, ser ‘friendly’ é importante, ser exclusivo, nem tanto. A tendência mundial é para esse turismo misto, que recebe bem todo mundo, inclusive os gays”, diz Marta.
Os poucos estudos que existem sobre esse mercado no Brasil comprovam, segundo ela, que o consumidor brasileiro LGBT tem perfil parecido ao do internacional: viaja muito, dentro e fora de temporada, e tem muito dinheiro disponível para gastar nas viagens.
Ela diz que esbarra em dificuldades para convencer os empresários a se associarem e principalmente a divulgarem a iniciativa. “O empresariado brasileiro tem medo de perder clientes com isso, mas nós tentamos mostrar que esse medo é infundado, que se ganha um público leal e que não se perde.”