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Livres para Amar

Avô militar confessa em depoimento que era super preconceituoso, até ter neto gay.

por Redação MundoMais

Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2014

Raimundo Campos, avô e militar de 62 anos, escreveu à Veja Brasília seu depoimento sobre uma vida de preconceito contra os homossexuais, ter um neto assumidamente gay e entender, de uma vez por todas, o amor entre pessoas do mesmo sexo. A capa da revista, na última quarta (19), traz um casal gay na foto com o título "Livres para Amar - O Distrito Federal registra, proporcionalmente à população, o maior número de casamentos gays do Brasil".

O depoimento desse avô arrependido, eu confessa amar o neto como ele é, você lê abaixo, na íntegra:

Não é fácil abrir o meu coração, pois meus oito filhos, seis netos, irmãos, vizinhos e amigos vão ler ("Território livre", 19 de fevereiro). Tenho 62 anos, sou militar da reserva e fui criado em uma sociedade em que homem gosta de mulher. Confesso que eu e mais seis amigos demos porrada em um homem em 1972 porque ele tinha tendências homossexuais. Preferia os gays lá e eu cá. Hoje, percebo quanto fui rude e idiota. No Natal do ano passado, meu neto de 18 anos assumiu na ceia que é homossexual. Foi um choque. Minha mulher, a mãe dele e eu passamos a ler muitos livros para entendê-lo. Nada, porém, foi tão esclarecedor quanto ver a foto daquela família reunida no altar com um casal de rapazes. A alegria das crianças naquele cenário de amor é uma bênção e ao mesmo tempo um tapa na minha cara. Chorei muito. Para entender o que se passa, basta ler uma frase na revista: "(Ser homossexual) é tão natural quanto o pôr do sol". Que o Senhor e minha família me perdoem pela ignorância de quase uma vida. Meu neto, eu te amo.

"Raimundo Nonato Oliveira Campos"

11-03-2014 às 00:04 Adriana Tolentini P/ Miguel
Pelas suas palavras, você deve ser uma pessoa muito boa, Miguel Obrigada, sim, meu filho! Deus o ilumine e lhe dê muita paz, para você e os seus que gostam de você.
10-03-2014 às 22:13 Miguel para Adriana
Não precisa agradecer. Fico feliz de a senhora ter desfeito os maus entendidos e mostrado estar melhorando e deixando o rancor de lado. Reconhecer mau caratismo em um filho deve ser extremamente doloroso, especialmente porque por mais tristeza que gere, os pais continuam amando seus filhos. Imagino a dor das mães cujos filhos entram no mundo das drogas e/ou do crime. E quando estão presos e boa parte da família quer que os pais esqueçam que o filho existe então? E mesmo assim, aqueles que amam de verdade, visitam o filho, se preocupam. Dormem mal imaginando que ele pode morrer a qualquer momento naquela "selva". A dor é grande e só quem passa por uma situação dessas sabe como é. Entretanto a vida continua. É necessário reconhecer, como a senhora mesma fez, que não se pode carregar tudo nas costas, sozinha. Apesar de sermos os responsáveis pela educação de nossos filhos, não somos donos de suas mentes. Não temos controle sobre tudo e nem devemos ter, afinal criamos os filhos para o mundo, para que eles tenham suas vidas. Ainda há muito pela frente, e muito a vida ainda tem a ensiná-lo. Infelizmente, a velhice para nós homoafetivos tem muito mais dificuldades do que para os héteros. O preconceito é grande. A escala da idade homossexual parece envelhecer mais rápido que a padrão. Um rapaz de 30 anos já é tido como velho diante de muitos olhos. Um homem de 40 alguns já chamam de "maricona", se já não chamarem antes disso! Os relacionamentos são mais instáveis e por aí vai... Há aqueles que são felizes no amor, com certeza, mas se já é raro um casamento hétero que dure e seja construtivo, é ainda mais raro um homo... Enfim, o que quero dizer é que a vida da senhora continua e que, acredite, a vida ainda vai ensinar muita coisa a seu filho. Especialmente que dinheiro não compra tudo.
10-03-2014 às 09:55 Adriana Tolentini P/ Miguel
Estou melhorando, Miguel. Mudei a minha maneira de encarar as coisas, depois que o meu amigo e patrão, o ex-padre, diretor da escola onde trabalho, esteve em minha casa conversando comigo. E a intenção dele, quando me aconselhou em não entrar aqui neste site, não foi a de ser preconceituoso. Tenho certeza. E continuo aqui. Voltei porque gostei dos seus comentários, Miguel. E repito: não sou preconceituosa. Sei que há gays e gays. Assim como há heterosssexuais e heterossexuais. Depois do diálogo com o meu amigo estou conseguindo enxergar as coisas de uma outra perspectiva. Nós, mães, não podemos carregar toda a responsabilidade do mundo nas costas pelo que os nossos filhos são ou deixam de ser. Isto depende de nós mesmas. Eu gostava muito de minha nora. E ela de mim, também. Ela era a filha que não tive. Ela nem parecia ser uma menina rica, de tão boa e generosa. Fiquei realmente traumatizada com a morte dela. Acidente? Poderia ter sido, se os caseiros não tivessem ouvido as palavras finais da boca dela, antes de sair no carro e jogar-se no buraco. Obrigada, Miguel. Você me ajudou também.
10-03-2014 às 00:50 Miguel para Adriana
Como falei, a senhora tinha me interpretado errado. Da senhora só chamei a atenção isto: a forma que se referia ao seu filho nos primeiros comentários dava a entender que a homossexualidade fosse a causadora do mau caratismo. Pelo menos esse mau entendido foi desfeito. Entendo sua dor, mas a forma que nos expressamos é o que pode causar transtornos, e é apenas esse ponto que quis ressaltar. Num texto perde-se o tom de voz, a entonação, a expressão facial, e o leitor só pode tirar conclusões a partir do texto apenas. Ao meu entender, a senhora não é interesseira, e sim de revolta pelo seu filho ter enriquecido com a morte da namorada e não ter qualquer remorso. Mas cuidado com a forma que fala, pois quase caiu no mesmo problema que o de Regininha, que foi para quem meus comentários ferozes foram endereçados.
06-03-2014 às 11:31 Adriana Tolentini P/ Miguel
Ao contrário do que alguns aqui supõem, não sou preconceituosa e nem homofóbica. O problema central entre meu filho e eu é que as coisas em nossas vidas se preciptaram de uma forma muito abrupta, sem que ele eu pudéssemos ter tido um diálogo franco e direto entre mãe e filho. Ele se casou com a moça muito jovem( com 18 anos) e anteriormente ele nunca tinha se aberto comigo a respeito de sua sexualidade e sua verdadeira orientação sexual. Apenas fiquei sabendo de sua real orientação sexual depois de ter ocorrido o terrível acidente que vitimou a minha nora. Sim, fiquei sabendo apenas depois do desastre, quando todo mundo da família dela ficou sabendo também do motivo pelo qual ela atirou o carro no buraco, cometendo suicídio. Isto porque tudo aconteceu na vista de testemunhas que estavam no momento exato, desde que ela chegara de surpresa à fazenda, de carro, e pegando o meu filho na piscina com o garoto de programa. Dois caseiros que sempre ficavam na mansão é que assistiram a tudo e até mesmo tentaram de todas as formas impedir que minha nora, aos prantos e gritos, entrar no carro e sair em desabalada loucura em direção à estrada viscinal que dava acesso à rodovia. Um dos caseiros até entrou em luta corporal com ela para tomar a chave do carro das mãos da moça, totalmente transtornada. "Me larga, me larga! Vou pôr um ponto final nisto tudo, agora mesmo!"- ela gritava. E, dentro do carro, ainda acrescentou: "Eu já desconfiava que havia alguma coisa estranha com este canalha! Hoje tirei a prova dos 9. Vagabundo! Desgraçado! Mas, de hoje eu não passo! E tudo aconteceu. Assim, Miguel, não me julgue tão severamente. Você e os demais leitores do site.
06-03-2014 às 01:24 Miguel para Regininha
Minha senhora, como falei, entendo sua dor. Especialmente porque acredito mesmo que o namorado de seu filho não seja boa companhia. Falo isso principalmente porque já tive um namorado assim, e eu era iludido. Entretanto, a senhora está se deixando levar pela emoção e começa a falar absurdos quando vem dizer que ele deveria estar sustentando os sobrinhos. É uma espécie de recalque, ou será que a senhora não percebe? Mais uma vez eu digo "criamos os filhos para o mundo, os investimentos são para eles não para nós"! Sim, a senhora se anulou, se preocupou, gastou dinheiro, fez de tudo. Mas amor deve ser dado sem a intenção de receber algo em troca, especialmente se tratando de dinheiro! A senhora traçou o seu destino, ele o dele e seus outros filhos os deles também. Ele não pode carregar nos ombros as escolhas dos outros!!! Por que será que ele está em boas condições e os irmãos não? Porque cada um traça o próprio caminho! A única coisa que acho justo é que espere que ele cuide da senhora quando precisar e não a jogue num asilo, porque isso sim que seria extremo! Queria apenas que a senhora refletisse no seguinte: se ele fosse hétero, a senhora estaria com essa mesma reação? Não! Por que um hétero pode sustentar uma família nova, mas um gay tem que assumir a família dos irmãos?!
06-03-2014 às 01:12 Miguel para Adriana
Adriana, fico feliz que a senhora está no processo para superar esse rancor. Quero apenas ressaltar que a senhora me interpretou errado, pois a única coisa que comentei foi que a forma que a senhora falou parecia que a atrocidade dos atos do seu filho era causada por ele ser homossexual. Repetindo o que escrevi: "para as duas senhoras aqui embaixo, entendo a dor de vocês, mas ao mesmo tempo vocês estão falando como se a culpa de tudo isso fosse por seus filhos serem gays, e não é o caso. Existem gays ruins assim como existem héteros ruins! Não venham julgar uma classe inteira por conta de uma atitude que nada tem a ver com ela!". Quando falei sobre ser interesseira, me referi a Regininha.
06-03-2014 às 00:42 Camus SP a Regininha
Devo parabenizar o homem maduro, inteligente e forte que é seu filho. Ele que lhe ensina , que lhe dá sucessivamente a oportunidade de ser alguém melhor. Seu filho não foi consultado quando você trepou e o trouxe ao mundo. Amor não é promissória para se exigir dinheiro. Ficaria encantado em conhecer esse homem firme e nobre que é seu filho. Quantos gays anulados que conheço. Todos ainda grudados à barra da saia da mamãe. Todos ainda temendo as chineladas e a vida passando. Pare de comentar aqui você, porque esse espaço é nosso prepotente. É tão orgulhosa e estúpida que não percebe que precisa de ajuda profissional. Não de advogados para tirar o patrimônio de outra família. Isso mesmo: seu filho e o marido são outra família. Mas um psicólogo sério.
05-03-2014 às 22:47 Tobias Barreto(SE) Regininha Passo Fundo
Meu Santo Onofre! Já vem essa mulher de novo? Que mala-semalça! Olhe aqui, gaúcha mal resolvida e frustrada: a senhora não quer vir até aqui, na margem do rio, lavar umas dez malas de roupa suja, não? A senhora não tem vergonha nesta sua cara, não?
05-03-2014 às 21:16 Regininha de Passo Fundo
Estou procurando não me abater por tamanha incompreensão. Vocês devem ser todos meninos mimados que nunca foram contrariados. Talvez nesse universo frequentado apenas por homens que abandonam suas famílias de sangue vocês estejam todos na Terra Do Nunca. Ser mãe é se anular, um trabalho árduo. Toda mãe doa parcela da sua vida para o filho. O justo é o filho reconhecer esse sacrifício e retribuir. Como pode um filho bom dormir com a consciência tranquila sabendo que envergonha seus pais e que ainda não proporciona uma vida melhor para eles ,sabendo que pode fazer isso? Deus deixou como mandamento Respeitar Pai e Mãe. Ele não nos ouve. Só aquele homem que vive às custas dele. Um dia ele irá acordar dessa ilusão, mas poderá ser tarde porque eu e meu marido já temos mais de 60 anos, não viveremos para sempre. Ele poderia nos colocar em lugar de destaque, mas parece que somos a parte esquecida da vida dele. Se vocês soubessem a verdade, no íntimo me dariam razão. Tenho uma casa digna, empregada doméstica, um carro popular. Mas ele é do tipo que compra sofá mais caro que o nosso carro. Ele viaja e gasta fortunas, não sou boba. Porque não assumir a educação dos sobrinhos? É só cortar a viagem. Os irmãos dele não tem tantas posses assim e ele dá uma vida de rei para esse homem. Esperneiem , mas sou sábia. Sei que antes de morrer preciso abrir os olhos do meu filho. Tenho medo agora com esse negócio de direitos para gay. Esse homem vai arrancar tudo o que ele tem. Ele é padrinho da minha neta e se recusou a leva-la com eles para a Disney sendo que toda menina daqui da cidade faz isso. Ele tem até imóvel em Miami. Tenham dó. Não sou merecedora dessas criticas de Félix. Me respeitem mais e se não são capazes de serem construtivos, nem comentem. Quis encontrar compreensão mas só tive posturas semelhantes a do meu filho e daquele cara que detesto. Fui professora, sei como cada grupinho se une e só consegue pensar de um jeito, negando as verdades universais. Mãe é só uma. Cuidado.