por Redação MundoMais
Sexta-feira, 02 de Maio de 2014
No próximo domingo (4), acontece a 18º Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. O tema deste ano é a criminalização da homolesbotransfobia, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero que acontece com gays, lésbicas, transexuais, travestis e transgêneros. A intenção é reforçar os pedidos por punições mais rígidas a quem praticar crimes de homofobia.
Em virtude da parada, a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo, importante instituição de defesa dos direitos humanos ligada à Arquidiocese de São Paulo, divulgou nesta quarta (30), uma nota de apoio à comunidade LGBT em que afirma que "(...) não podemos nos calar diante da realidade vivenciada por esta população que é alvo de preconceito e vítima da violação sistemática de seus Direitos Fundamentais (...)".
Nota da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo
Fiel à sua missão de anunciar e defender os valores evangélicos e civilizatórios dos Direitos Humanos, a Comissão Justiça e Paz de São Paulo (CJPSP) vem a público manifestar-se por ocasião da 18ª Parada do Orgulho LGBT que se realiza na Av. Paulista no próximo domingo, dia 04 de maio de 2014.
Nosso posicionamento se fundamenta na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aprovada pelo Concílio Vaticano II, que diz: “Asalegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrais e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.”
Assim, a defesa da dignidade, da cidadania e da segurança das pessoas LGBT – lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – é imprescindível para a construção de uma sociedade fraterna e justa. Por isso não podemos nos calar diante da realidade vivenciada por esta população, que é alvo do preconceito e vítima da violação sistemática de seus Direitos Fundamentais tais como a saúde, a educação, o trabalho, a moradia, a cultura, entre outros. Além disso, enfrentam diariamente insuportável violência verbal e física, culminando em assassinatos, que são verdadeiros crimes de ódio.
Diante disso, convidamos as pessoas de boa vontade e, em particular, a todos os cristãos, a refletirem sobre essa realidade profundamente injusta das pessoas LGBT e a se empenharem ativamente na sua superação, guiados pelo supremo princípio da dignidade humana.
São Paulo, 30 de abril de 2014.
Conversamos com o presidente da CJPSP, o advogado Antonio Funari Filho, que a contou ser a primeira vez que a comissão divulga uma nota específica sobre os direitos da comunidade LGBT. "Em outros momentos, a comissão já se posicionou contra atos de violência contra travestis, mas não me recordo de uma nota específica voltada para a comunidade LGBT", disse. A comissão é formada por católicos leigos e membros da igreja comprometidos com a defesa dos direitos humanos.
De acordo com Funari, a decisão de publicar a nota foi tomada no contexto de uma campanha contra a criminalização dos movimentos sociais, que a comissão decidiu realizar em reação à repressão dos protestos de rua ocorridos desde junho de 2013. A sugestão de que a CJPSP apoiasse a causa LGBT surgiu em uma reunião para organizar essa campanha e foi aceita.
"Há diversas iniciativas de cunho legislativo assim como atitudes de autoridades e da polícia que visam criminalizar as manifestações sociais. A sociedade civil organizada não pode ficar calada. A Parada Gay é um movimento social, por isso decidimos apoiá-la"
A Comissão de Justiça e Paz de São Paulo foi criada em 1972 pelo então arcebispo metropolitano de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. Ela teve importante atuação na denúncia de violações de direitos humanos, torturas, desaparecimentos e mortes ocorridas durante a ditadura militar, iniciada em 1964.