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Uma família como qualquer outra

Casal gay conta história de adoção do filho, rejeitado por 3 casais héteros.

por Redação MundoMais

Terça-feira, 24 de Fevereiro de 2015

Gilberto Scofield Jr, PH e Rodrigo Barbosa: “Somos uma família como qualquer outra família do país”.Gilberto Scofield Jr, PH e Rodrigo Barbosa: “Somos uma família como qualquer outra família do país”.

Hoje por Gilberto Scofield Jr, Jornalista

No fim de outubro, terminado o segundo turno das eleições, um telefonema de um dos grupos de adoção empenhados na busca ativa de pais para crianças em abrigos nos avisou. Havíamos sido habilitados pela Vara de Família do Rio em julho e, três meses depois, uma criança que se encaixava em nosso perfil estava num abrigo numa pequena cidade no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Partimos, com os corações aos pulos, eu e meu companheiro de 12 anos, numa viagem que nos pareceu interminável até Capelinha, cidade no Norte de Minas onde fica o Abrigo Lar Mamãe Dolores. Trata-se de uma jornada de avião até Belo Horizonte, outro voo até Montes Claros e quatro horas de carro alugado até Capelinha.

Durante a jornada, dentro do carro – e são 252 quilômetros entre Montes Claros e Capelinha – nossas cabeças doíam na expectativa do que poderia acontecer: será que ele vai com a cara da gente? E se ele não gostar de dois pais? Entre as intermináveis plantações de eucalipto que margeiam a rodovia estadual MG-308, a ansiedade só fazia crescer. Depois da ida à Justiça local, da visita ao advogado que daria entrada no pedido de guarda provisória, chegou a hora de conhecer o moleque.

O Lar Mãe Dolores é um abrigo simpático e simples para uma cidade paupérrima como Capelinha. PH estava lá: um menino de quatro anos que foi se aproximando desconfiado, mas que depois de 15 minutos, já estava brincando alegremente de carrinho com a gente. Nossos corações se encheram de esperanças, era emoção demais, carência demais de um lado e do outro, vontades súbitas de cair em prantos a troco de nada.

Negligenciado pelos pais alcoólatras, PH foi parar no abrigo aos dois anos de idade quando a mãe morreu (aos 28 anos) de complicações do vício. O pai decidiu que não queria mais criar o filho. Seis meses depois, uma mulher solteira em São Paulo o pegou para adoção, mas acabou denunciada pelo próprio irmão e por uma vizinha por maus tratos, obrigando a Justiça intervir, devolvendo-o de novo ao abrigo. Mais uma rejeição.

Antes de nós, três casais heterossexuais já haviam visitado PH no abrigo e também o rejeitaram: dois porque o acharam “muito feio”. O terceiro porque, para eles, PH era “negro demais”. Hoje, nós completamos quatro meses com ele no Rio, em nossas vidas. Ele está num pré-escolar, frequenta aulas de natação e ginástica e não poderia estar mais feliz com as novidades da nova vida. É um exercício especial de paternidade, aquela busca delicada entre dar a ele a sensação de pertencimento e acolhimento que ele precisa numa família que nunca teve e os limites que um menino de (agora) cinco anos precisa num momento em que testa tudo em relação à autoridade dos pais. Precisamos dar amor e ensinar o que é amor. Mas precisamos educar. Não faz parte de nosso planos criar um pequeno tirano. Como diz uma amiga: ser pai é a arte de dizer não. Mas não é assim em todas as famílias?

Toda essa história que aconteceu nos últimos meses e virou a minha vida – e a de meu companheiro – de cabeça para baixo, com um final mais do que feliz e que pode ser conferido por todos os amigos que nos cercam, é apenas para deixar claro o seguinte: nós – eu, meu companheiro, nosso filho PH, nossos dois gatos e nosso cachorrinho – somos uma família como qualquer outra família do país.

Esta colocação tem uma razão: a tentativa do inominável deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara e membro da bancada evangélica que se esmera como pode pela medievalização do país, decidiu ressuscitar o Estatuto da Família, que restringe a casais heterossexuais a adoção de crianças, entre outras medidas, como a proibição irrestrita do aborto. Isso num momento em que há farta literatura científica provando que crianças criadas por casais homossexuais não diferem em nada de crianças criadas por casais heterossexuais.

Portanto, os fundamentos de Cunha – o mesmo que começou sua carreira política de conchavos ao ser nomeado presidente da finada Telerj, ainda no governo de Fernando Collor de Melo (o que dá bem a ideia da trajetória política do deputado) – são meramente religiosos. E aí voltamos às intermináveis tentativas da bancada evangélica de acabar com a laicidade do Estado, transformando-o numa interpretação tosca e manipulada da Bíblia protestante.

Não, deputado Eduardo Cunha. O senhor não tem o direito de determinar o que é família num mundo em transformação e num país onde o percentual de famílias chefiadas por mulheres passou de 22,2% para 37,3%, entre 2000 e 2010, segundo dados mais recentes do Censo Demográfico de 2010. Isso não torna as adoções lideradas por casais homossexuais mais perfeitas ou melhores que as adoções feitas por casais heterossexuais. Simplesmente não há diferença constatada por qualquer estudo científico sério.

O que o Estatuto da Família faz é dar aos casais heterossexuais o monopólio da criação “perfeita” de filhos, quando todos nós conhecemos casais heterossexuais cujos filhos são desajustados ou simplesmente maus. O noticiário está aí cheio de exemplos de rapazes e moças que atropelam e matam pessoas sem prestar socorro. Ou bandos de jovens de classe média bem criados cuja maior diversão é tacar fogo em mendigos ou bater e espancar prostitutas, gays e nordestinos.

Não, deputado Eduardo Cunha. A paternidade virtuosa não é um monopólio da heterossexualidade. E caso a sua religião não pregue a tolerância, preste atenção num fato muito simples: toda a criança adotada por um casal de gays ou de lésbicas foi abandonada/espancada/negligenciada por um casal heterossexual, esse mesmo que o senhor julga serem os únicos capazes de criar filhos “normais”.

Agora, por Rita Lisauskas:

Nesta terça-feira, 24/02, ao meio-dia, será feito um “tuitaço” e um “facebookaço” contra o estatuto da família usando a hashtag #emdefesadetodasasfamílias. Publique a foto da sua família, seja ela qual for: sem filhos, formada por um pai e seu filho, uma mãe e seu filho, dois pais e seus filhos, duas mães e seus filhos, casal heterossexual e filhos, avó e neto, transexuais e seus filhos e toda e qualquer forma de família.

02-03-2015 às 22:22 Caio
Show a atitude do casal, inclusive hoje eles estavam num programa de televisão! Quanto o "Resto" perda de tempo ficar discutindo, os tempos são outros (Graças a Deus!!), assim, uma coisa é a teoria e outra é prática! A sociedade querendo ou não, gays sempre vão existir! Seria um tremendo retrocesso voltar implantar a inquisição, seria como colocar uma bola no pé de todos os negros e desfazer a lei Aurea!! Gente maluca! rs
01-03-2015 às 20:15 Integrista P/ Estevão
Quero pedir desculpas a você, por tê-lo chamado de "ignorante". Perdoe-me. Depois de uma reflexão, penso que não tenho o direito de fazer isso. Quanto ao restante, não retiro uma vírgula sequer. Entendo que você e eu temos visões de mundo diametralmente antagônicas.
01-03-2015 às 18:47 Integrista da Tradição
Desde o século XV, até chegarmos ao século XIX, vários papas emitiram bulas e encíclicas condenando a escravidão. O papa Leão XIII, que foi papa de 1878 a 1903, em 1888 incentivou a princesa Isabel, quando esta visitou o Sumo Pontífice em sua visita à Itália, a pôr um fim à escravidão, o que iria ocorrer meses depois de sua ida ao vaticano, no dia 13 de maio de 1888, com a assinatura da Lei Áurea pela filha mais velha de D. Pedro II. Aliás, Isabel iria receber um prêmio, o Rosa de Ouro, do papa Leão XIII, por ter emancipado os escravos naquele mesmo ano. Se existiram padres que mantinham escravos em suas propriedades, isto não significa que tal atitude teve o apoio oficial do Vaticano e muito menos de algum papa, pessoalmente falando. Quanto à Bíblia Sagrada, devemos considerar o contexto da época, a cultura e a política de cada povo daqueles tempos, especialmente na ANtiguidade greco-romana. Na Idade Média, o maior filósofo católico de todos os tempos, São Tomás de Aquino, condenou vivamente a servidão, já no século XIII, pois a escravidão africana ainda não estava plenamente desenvolvida pelos Estados feudais da Europa, uma vez que o continente africano ainda era pouco conhecido pelos europeus. Portanto, afirmar que a Igreja teria apoiado a servidão e mesmo a escravidão africana, é uma imensa balela. Quanto a Idade Média: afirmar que esse ´pperíodo histórico reprepresentou uma "Noite das Trevas" é uma ideia há muito superada pela historiografia contemporânea. Basta ler, pesquisar, estudar. "Noite das Trevas", referindo-se à Idade Média, tentando caracterizá-la como um período negativo, de obscurantismo e ignorância dos homens, foi uma impostura criada pelos filósofos do Iluminismo do século XIX, pré-Revolução Francesa. Por favor, não acredite tanto nos livrinhos pseudodidátcos que você folheou nos seus tempos de estudante, com um sistema de ensino há muito tempo falido, principalmente se você tiver estudado em escolas públicas, ainda que a imensa das particulares não valham nada, também. E seja mais crítico e seletivo com relação a essa mídia, eletrônica ou imprensa, uma verdadeira "meretriz do pensamento", como dizia Honoré de Balzac, lá no século XIX. Uma imprensa que, a um só tempo, consegue agradar a gregos e troianos, sem desagradar a havaianos e malteses! Isto é, ela consegue agradar a um só tempo, comunistas, liberais, social-democratas e conservadores, tudo isto por ser um Quarto Poder dos mais poderosos e perniciosos que há, de braços dados, no plano internacional, com uma tremenda conspiração judaico-maçônica. Assim, cuidado com esses "cantos da Sereia", entre eles, a falida Modernidade iluminista, que um dia virá abaixo, com o ressurgir de uma Nova Era, a nossa Utopia tradcionalista, a Nova Idade Média!
01-03-2015 às 16:16 Estevao
Já percebi que você além de HIPÓCRITA é IGNORANTE também, não passa de um PSEUDO- INTELECTUAL. EXISTEM DOCUMENTOS QUE COMPROVAM QUE MEMBROS DA SUA QUERIDINHA IGREJA CATÓLICA TINHAM ESCRAVOS. ISTO É FATO DOCUMENTADO PELO PODER PÚBLICO DA ÉPOCA, NÃO É INVENÇÃO MINHA!!! Sobre a volta da Idade Média, bem, já ouvi algumas pessoas falarem que ela não foi tãaaaaaaao horrível quanto contam, mas só estudando sobre isso pra saber,né? Não posso falar do que não conheço, ao contrário do senhor, que entra num site gay para julgar e condenar segundo as suas convicções. Se que quer ser RESPEITADO por suas opiniões aprenda a RESPEITAR primeiro a opinião alheia. E assunto encerrado!!!!
01-03-2015 às 07:31 Integrista P/ Brunão
Va você, sicofanta, tomando Fanta! Demônio dos infernos!
01-03-2015 às 00:56 Brunão
VAI PROCURAR OUTRO SITE OU UMA PIROCA GRANDE PRA DAR ESSE CU SEU VIADO, INTEGRALISTA DOS INFERNOS!MARICONA!
28-02-2015 às 17:18 :)
Linda história. Até Chorei aqui. Boa sorte papais. Coloquem esse garoto nos devidos eixos. Não o deixe se tornar um cidadão medíocre, como inúmeros políticos já observados. Todo o sucesso para vocês.
27-02-2015 às 21:55 Integrista da Tradição P/ Estev
Quantas bobagens, meu filho! Nem irei rebater uma a uma porque aqui não é o foro adequado para discussões filosófico-teológicas. Mas, você acaba de redigir uma série de meias-verdades e inverdades a respeito da Igreja Católica ao longo dos séculos, na Europa e no Brasil. Apenas duas considerações: a Inquisição nunca foi obra do Vaticano e sim do poder político de alguns Estados europeus daquela época. E mais: a Igreja Católica no Brasil e demais colônias americanas, do norte e do sul, jamais apoiou a escravidão africana para as Américas. Não seja ignorante e mal informado. Vá ler mais, estudar mais. E dispenso suas aulas de teologia bíblica, rasas, tolas e desastrosas, próprias mesmas de um sicofanta que adora Fanta, feito você! E mais: não odeio os gays. Não persigo os gays. Não desejo mal aos gays. Apenas sonho por um retorno triunfante da Idade Média que, por si só, porá um ponto final a este estado de coisas inaugurado por aquela Modernidade iluminista. Estamos necessitando urgentemente de novos valores espirituais, como um Joseph De Maistre, um Carl Schmitt, Um Plínio Salgado e tantos outros. Quanto ao divórcio: é verdade que ele foi uma desgraça para nós, tradicionalistas, a porta de entrada do Demônio entrar de uma vez por todas no seio de nossa sociedade. Foi em vão a nossa luta, na época, para barrarmos a Lei do Divórcio. Infelizmente, perdemos. Mas, não perderemos mais.
27-02-2015 às 00:37 Estevao/PE
Caro Integrista, como o senhor está? Já vou logo afirmando que vossa senhoria não passa de um HIPÓCRITA. O senhor entra num site GAY para falar mal, para "protestar" a favor da tradição, moral e bons costumes. Ahhhh, faça-me o favor,néeeeeee? Em NENHUM lugar da Bíblia está escrito que a única família que existe é a formada por homem - mulher - filhos. A Bíblia não define qual a religião é a verdadeira, em nenhum momento ela condena O AMOR. Porém, lá no Evangelho de Mateus Jesus Cristo diz aos Fariseus,após estes testá-lo só para ver se Ele condenaria atitudes alheias: Hipócritas, tira a trave dos teus olhos! Só quem tem o poder de julgar o homem é DEUS e mais ninguém. Também é na Bíblia que se encontra a frase: a cada um segundo as suas obras. A sua Igreja Católica , no passado, perseguiu , condenou e ASSASSINOU centenas e centenas de pessoas sob alegações absurdas. Praticavam tudo , MENOS O AMOR AO PRÓXIMO´, menos o maior e principal mandamento de DEUS: AMAI-VOS UNS AOS OUTROS COMO EU VOS AMEI E AO PROXIMO COMO A SI MESMO. DEUS É AMOR, DEUS NÃO É ÓDIO, NÃO É PRECONCEITO, NÃO ESTÁ EM RELIGIÃO HUMANA, ESTÁ DENTRO DE TODO SER HUMANO , SEM EXCEÇÃO, MESMO AQUELES QUE SÃO MAUS, COMO OS CRIMINOSOS. A JUSTIÇA DE DEUS NÃO É A JUSTIÇA DOS HOMENS. A OBRA DE DEUS NÃO É OBRA HUMANA. DEUS NÃO SE ENCONTRA NESSAS SUAS PALAVRAS CHEIAS DE ÓDIO, RANCOR E PRECONCEITO. Não sei se o senhor tem conhecimento, mas existem centenas de padres e freiras gays e lésbicas. Ah, e existem centenas de filhos e filhas deles espalhados pelo mundo também. No passado as mulheres eram tratadas como lixo, como um ser incapaz, eram espancadas e assassinadas , tudo sob o conhecimento da tradicional sociedade de moral e bons costumes . Quando a Lei do Divórcio foi aprovada em 1977 um grupo de HIPÓCRITAS conhecido como TFP(, que defendia a tradição , família e propriedade) protestou , bateu o pé e espalhou que a família iria acabar etc etc etc. ELES ESTAVAM ERRADOS!!! A família evoluiu, o número de casamentos não caiu também. Este mesmo grupo de pessoas fechavam os olhos para os casamentos falidos, casamentos de aparência, tudo pela moral e bons costumes. No passado, a sua Igreja Católica também apoiou a escravidão de negros vindos da África, apoiou o racismo , apoiou, como ainda apoia, o preconceito , mas fechava os olhos para as mulheres e crianças que estavam sofrendo ou num casamento falido sem amor ou abandonadas e espancadas pelos maridos ou parentes. Fora os pais que estupravam as filhas. Ao invés de entrar num site gay o senhor deveria estar lambendo os pés do Bolsonaro ou de algum padreco hipócrita igual ao senhor.
26-02-2015 às 16:56 Integrista P/ Marcos
Não estou "bisbilhotando", coisa nenhuma, meu senhor. Sou heterossexual e visito apenas este espaço do site. As demais seções do mesmo não me desperta a mínima vontade de acessá-las, pelo seu próprio conteúdo. E ninguém pode me impedir de entrar aqui ou onde eu quiser, pois o espectro eletromagnético da Internete é de âmbito público. Entra quem quer. E quem não quer, não entra. Simples assim.