por Redação MundoMais
Quarta-feira, 29 de Julho de 2015
Nos últimos tempos, notícias em jornais vêm mostrando um grupo de soropositivos que infectaria jovens saudáveis a bel prazer. Mas não se alarde para este factoide sensacionalista. “Quem faz isso é psicopata. É assim que a ciência os chama. Até porque muitas pessoas que dizem querer transmitir o vírus têm sua carga viral indetectável. Mas estando sem taxas de vírus no sangue, como elas fariam isso?”, questiona o infectologista Ricardo Vasconcelos.
Num exemplo lúdico, Ricardo gosta de dizer que os dados têm vários lados. A maioria deles diz que você não vai pegar o HIV. Cenário um: um ativo com carga viral alta transou com um negativo passivo. E ainda tinha sífilis. A chance dele transmitir? Cerca de 10%. Cenário dois: sem sífilis. Cai para 5%. Cenário três: o passivo é portador do vírus e tem carga viral alta. Chance de transmissão? Cerca de 0,9%. Então por que tanta gente tem HIV no mundo? Simples, porque transamos bastante. Como explica nesta parte da entrevista, Ricardo.
É lenda a história de que uma pessoa tratada é mais segura que uma de sorologia desconhecida?
Não. Você pode escrever com todas as letras: atualmente se você não tem um parceiro fixo e você é gay, o melhor é você só transar com soropositivos de carga viral indetectável. O problema da epidemia é não conhecer sua sorologia.
Um casal de sorodiscordantes então, usa camisinha ou não?
O melhor do mundos é manter o soropositivo indetectável e dar Prep para o soronegativo. Assim, o soropositivo não fica sozinho com a responsabilidade da prevenção. Mas assim como nunca houve um caso de alguém indetectável que transmitiu, repito, somente com carga viral indetectável, também não se conhece ninguém que tenha tomado truvada e tenha pego. Mesmo que não tenha usado preservativo.
E um casal de positivos?
Se os dois forem positivos e os dois forem indetectáveis, eles não precisam usar camisinha para o HIV. Mas sempre vale ressaltar, só vale se tiverem um relacionamento fechado. Antirretrovirais não funcionam para outras DSTs.
Não há o risco de um soropositivo pegar um vírus diferente do parceiro?
A regra é a mesma: só corre o risco quem não tem a carga viral controlada. Serei didático: imagine uma pessoa que toma seu remédio direitinho e tem carga viral indetectável. Um vírus que não está se multiplicando não sofre mutações e não fica resistente aos remédios. Isso só ocorre se o cara toma o remédio torto, esquece num dia, não leva para a balada… Tem que tomar diariamente ao menos na hora de dormir. Se estiver detectável, acaba passando um vírus resistente ao outro. Repetindo: dois soropositivos indetectáveis não precisam da camisinha porque não há vírus resistente na história. Caso contrário, tem que usar.