por Redação MundoMais
Segunda-feira, 14 de Setembro de 2015
RIO — Quando era pequeno, o filho da jornalista Claudia Werneck insistia para que ela fosse conhecer o irmão recém-nascido de um amigo dele. Ela adiou a visita, afinal, nem conhecia direito a família. Um dia, decidiu ir. Quando a mãe do bebê soube, naquela época, que Claudia trabalhava na revista "Pais & Filhos", ela contou que o menino tinha síndrome de Down e pediu ajuda. Claudia saiu disposta a fazer uma reportagem sobre o tema. O trabalho ganhou fôlego e, depois de quatro meses estudando o universo Down, ela escreveu 70 páginas. Nasciam ali "Muito prazer, eu existo", o primeiro livro da jornalista, e uma militante da inclusão, que se tornou uma das mais importantes vozes dos direitos dos deficientes no país.
Mais de duas décadas depois de começar a atuar em prol da inclusão, Claudia verá sua militância ser reconhecida na cidade onde nasceu. Ela é umas das 12 personalidades que recebem o prêmio Rio Sem Preconceito, que, criado pela prefeitura, chega à terceira edição. A cerimônia acontecerá na terça-feira.
Esse prêmio me dá o sabor de ser reconhecida pelas autoridades da minha cidade. Ganhei um prêmio na ONU, mas esse é o primeiro no Rio - diz Claudia. Quando larguei a redação, as pessoas pensaram que eu deixaria de ser jornalista. Mas ocorreu justamente o contrário. Eu só passei a entender a função do jornalista quando me tornei uma ativista.
Ao lado de Claudia, estarão outros incansáveis militantes pelos direitos das minorias. A ginasta Lais Souza, que ficou tetraplégica após sofrer uma lesão na cervical quando esquiava na Rússia, em janeiro de 2014, será outra premiada. No início do ano, ela declarou que é bissexual. A candomblecista Kailane Campos, de 11 anos, também será homenageada. Há dois meses, ela foi apedrejada ao lado da avó por evangélicos que saíam de um culto na Vila da Penha.
Todas essas pessoas entenderam muito bem o espírito da militância. Alguns grupos ganham rótulos, e é preciso lutar para exigir direitos iguais - diz Carlos Tufvesson, responsável pela Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual. Infelizmente, preciso admitir que, a cada ano que passa, a intolerância está se manifestando de uma forma mais clara. Avançamos nos direitos legais, mas ainda há muito a se fazer em termos de respeito ao próximo.