por Redação MundoMais
Sexta-feira, 04 de Dezembro de 2015
Representando o cenário contemporâneo dos grandes centros urbanos, o espetáculo “Anatomia do Fauno” aborda questões que atingem gays, bissexuais e até heterossexuais.
Inspirada na obra de Arthur Rimbaud, precursor da poesia queer, a peça-performance faz um retrato da vida homoerótica masculina de hoje. Preconceitos, drogas, vaidades e crenças são alguns dos temas propostos. O homoerotismo é destacado através dos atores nus, que representam os cidadãos gays da sociedade.
“Tentamos mostrar gays cansados, fustigados pelo trabalho, beirando seres autômatos, mecânicos, sujos, como metáfora do cansaço pós-moderno e de como isso deságua num território de relações violentas”, diz o diretor Marcelo Deny.
No enredo, um fauno (criatura da mitologia grega) é afastado da floresta, seu habitat, por um incêndio e acaba caindo no centro de São Paulo. Começa, então, a ter contato com o mundo gay paulistano. Eles fazem uma auto crítica ao universo de como as relações eróticas se dão na liquidez das relações. Os atores também expõem experiências e contribuem para o contexto da peça.
“Foi de extrema importância a entrega do elenco, que teve suas vidas, angústias, medos e utopias devassadas em formas de imagem não verbais”, releva Deny.
Sem falas, a performance mostra uma série de ações de mais de 20 atores. Após a chegada do fauno, o elenco vai se desnudando e começa a abordar práticas comuns do universo gay, como a busca por parceiros em aplicativos e o sexo em grupo.
Para o ator Marcelo D’Avilla não há constrangimento nas cenas de nudez porque elas estavam nas chamadas desde o princípio. “A nudez ali entra como figurino, pois a potência e as vontades do corpo é que se sobressaem”, afirma.
Para ele, a peça critica o que é o universo gay, pois há multiplicidade infinita de pessoas e não há como traçar um único estilo, principalmente em uma capital. “O método foi descolar o personagem, deixar que cada atuador trouxesse o estereótipo gay que coubesse a sua própria vivência”, diz D’Avilla.
Outras questões também aparecem na montagem, como o medo da solidão e as dúvidas geradas pela monogamia.
Serviço:
Peça "Anatomia do Fauno"
SP Escola de Teatro - Sala R4
Praça Roosevelt, 210 – São Paulo, SP
Metrô República
Sábados, às 23h. Domingos, às 20h. Até 20/12.
R$40 (R$20 a meia)
100 min., 18 anos