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6 Pack Band

Primeira banda trans da Índia polemiza e obriga país a lidar com preconceitos.

por Redação MundoMais

Sexta-feira, 01 de Abril de 2016

A Índia está sendo colocada frente a frente com alguns de seus maiores preconceitos. A 6 Pack Band, formada por seis mulheres transexuais, já conta com mais de 1,7 milhão de acessos no clipe do single Hum Hain Happy, um cover de Pharell Williams, lançado no dia 6 de janeiro, para coincidir com o Dia da República da Índia. O vídeo mostra uma sociedade tolerante com as pessoas transgêneras.

“O terceiro gênero. Ignorado pela maioria. Tolerado por alguns. Mal-entendido por todos”. É essa a frase que inicia o primeiro clipe do banda.

As coreografias do grupo – composto por Komal Jagtap, Bhavika Patil, Fida Khan, Chandrika Suvarnakar, Asha Jagtap e Ravina Jagtap – remetem a gestos da cultura hijra, como são chamadas as transexuais na Índia, majoritariamente estigmatizadas no país. “Quando andamos nas ruas, as pessoas nos agridem verbalmente. Elas alertam as crianças a ficar longe. Meu guru dizia: ‘Olha, nós somos hijras. As pessoas riem de nós, mas você nunca deve mostrar a sua dor”, comentou Komal Jagtap ao The Guardian.

Komal Jagtap, aliás, saiu de casa no ano de 1999, com apenas oito anos de idade, por não suportar a pressão familiar acerca de sua identidade de gênero. “Meu irmão e minha irmã me diziam: ‘Você deve usar calças e camisas e tudo vai ficar bem’, mas eu respondia: ‘Isso não é quem eu sou’. Da primeira vez que me viram vestindo um sari (vestido feminino indiano), minha família disse: ‘não tente nos ver mais, você está morto para nós'”, contou Jagtap, que foi acolhida por uma comunidade transgênero, liderada por um guru igualmente transexual.

Cantora desde a juventude, a vida de Komal mudou quando o produtor Ashish Patil, da Y Films, um braço jovem de Bollywood, decidiu lançar a primeira banda transgênera da Índia. Após passar por uma peneira de 100 candidatas, foi selecionada, com as cinco companheiras, para compor a banda. “Com a 6 Pack Band, já provei ao mundo que eu posso fazer alguma coisa. Podem me chamar de nomes, se quiserem. Tenho orgulho de ser chamada de hijra. Sou uma cantora da 6 Pack Band. Hoje, eu sou alguém”, comentou.

A comunidade transgênero da Índia inclui 1,9 milhão de pessoas. Em 2014, a Suprema Corte do país determinou que as pessoas transexuais, categorizadas como “terceiro sexo”, tinham direitos iguais aos demais cidadãos perante a lei.

04-04-2016 às 18:25 colton
Vi um documentário sobre as hjras(hidras) indianas em canal pago, onde categoricamente, falava do respeito da população a elas, inclusive como deusas por representarem os dois sexos. Nessa matéria do site já se fala de outra realidade, o preconceito, que é tao dramático como em qualquer outro lugar no mundo- vide os relatos. Contudo há vida, há alegria, há música. Be Happy!
04-04-2016 às 07:50 INDIRA GANDI
" Os indianos são na maioria de cor parda, e sem atrativos sexuais, pelo menos no meu conceito. Uma outra cultura... muita pobreza. Chega a ser desolador!" ISSO É PRECONCEITO"
01-04-2016 às 18:27 marcos
Outrora, ouvi que as hijras indianas eram respeitadas e até veneradas pela população. Após essa matéria vi, que em pates, sim, contudo há ainda muito preconceito em outros setores da sociedade. Os indianos são na maioria de cor parda, e sem atrativos sexuais, pelo menos no meu conceito. Uma outra cultura... muita pobreza. Chega a ser desolador!
01-04-2016 às 14:12 PC.R.
Há alguns anos atrás, exatamente nos idos de 1994 (É colegas, sou antiga...rs!), quando eu fazia um curso de especialização em Turismo, ouvia muitos professores falando numa tal de "3ª onda" que estava por vir. Naquela época, com a AIDs ainda um tabu e nem pensar em se debater transgeneridade, esse papo de empoderamento nem existia. Mas taí...não é que a galera antenada da época já fazia uma espécie de teleologia do futuro? Esse tal "empoderamento", palavra que ainda tento absorver em toda sua importância e plenitude talvez tenha muito ou tudo a ver com essa "onda" que invade o mundo hoje, onde as diferenças são expostas de verdade e com orgulho. Temo que esse reforçar do "diferente" reforce junto a estranheza do outro com relação ao que é diverso dele, mas aplaudo a coragem de conseguirmos expor a todos o que sempre omitimos por medo de retaliações as mais variadas. E faço coro com a galera jovem, no sentido de praticarmos o verbo "empoderar"!!!