por Redação MundoMais
Sexta-feira, 10 de Junho de 2016
Ter visão de mercado, instinto empreendedor e saber identificar o público-alvo são requisitos básicos para investir em qualquer negócio. Antenados à demanda do setor do vestuário, dois empresários de Uberlândia passaram a investir em peças voltadas também ao público gay e dividir a clientela das lojas sem qualquer distinção de gênero.
O empresário Thiago Martins de Melo, 25 anos, abriu a loja de roupas e acessórios masculinos e femininos no Centro de Uberlândia há cerca de três anos. Desde o início do empreendimento, metade da clientela engloba o público homossexual e é por isso que ele busca trazer peças que atendem a todos os gostos.
“Sempre trabalhei com todos os públicos, mas realmente o público gay é o que mais consome. São clientes muito ligados às tendências e vêm à loja para ver as novidades com frequência. Enquanto um cliente hetero chega para comprar uma roupa em específico, o gay leva três ou mais peças, por exemplo”, comentou.
O diálogo constante pela quebra de preconceitos e a ampla divulgação de marcas que, nos últimos anos, passaram a conversar mais e destinar campanhas publicitárias ao público constituído por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros (LGBT) foram alguns dos incentivos que estimularam esse mercado consumidor.
Interessado em abrir o próprio negócio, o publicitário Samuel Albino Pontes, 40, abriu a loja de roupas masculinas inicialmente voltada 100% ao público gay, mas depois detectou a demanda do mercado e passou a atender aos mais variados estilos e gêneros. Ele disse que nunca deixou de investir no público GLS, ainda que atualmente a maior parte dos consumidores do empreendimento sejam heterossexuais.
De acordo com o empresário, a moda acabou unificando os gostos e até aquelas roupas mais coladas ou chamativas, que antes eram vistas mais pelos clientes gays, hoje compõe naturalmente o look de homens heterossexuais. “Visto muitas pessoas, algumas do meio artístico, como cantores heterossexuais que fazem questão de usar uma calça colorida e bem colada ou uma regata estampada ou camiseta mais chamativa, por exemplo. Se sentem bem vestindo assim. Hoje em dia não vejo muita diferenciação, um estilo só emplaca pra todo mundo”, considerou Samuel.
Produtor de moda aponta facilidade em encontrar peças
O produtor de moda de Uberlândia, Wender Luciano Machado, de 27 anos, contou que antigamente tinha grande dificuldade em encontrar peças para gays e que o agradassem. Por isso confeccionava as próprias roupas. “Eu costurava as minhas próprias calças e camisas, por isso me identificava muito com esse meio da moda. Hoje é bem mais fácil, pois lojas nesse segmento estão crescendo muito e dando mais opções aos gays. Até porque é um público que gasta e ostenta muito”, opinou.
Wender também concorda que os estilos estão cada vez mais unificados graças às tendências. “A coleção do estilista João Pimenta, que vi na São Paulo Fashion Week, é um bom exemplo disso. Ele cria roupas para homens com muitas referências femininas e vemos muitos heteros usando. Da mesma forma que muitos gays optam por uma roupa mais básica”, considerou o produtor de moda.