por Redação MundoMais
Segunda-feira, 31 de Outubro de 2016
De acordo com pesquisa promovida por um aplicativo de acolhimento, 60,3% dos entrevistados conhece alguém que foi expulso de casa por ser LGBT. O dado é alarmante e, diante dessa e de outras evidências, jovens decidiram criar um projeto para abrigar essas pessoas.
Assim nasceu a Casa 1, uma espécie de república para acolher o público LGBT que está nas ruas ou teve de sair de casa. Iran Giusti, um dos idealizadores da Casa, conta-nos mais sobre o projeto. "Resolvi disponibilizar o meu sofá para quem precisasse. A demanda foi bem grande e, no fim das contas, acabei montando o projeto para expandir", conta Iran.
Conheça a Casa 1 (entrevista com Iran Giusti, um dos idealizadores da Casa1)
Proposta: "A ideia é termos uma espécie de república onde LGBT que tenham sido expulsos de casa possam ficar. Hoje, a cidade de São Paulo conta com apenas 54 vagas dedicadas a esse grupo, e a grande maioria não vai por sofrer agressões físicas e psicológicas nesses espaços por suas orientações sexuais e identidade de gênero. Além disso, a Casa 1 vai funcionar como um centro de cultura e espaço para cursos, palestras e workshops para os moradores e público em geral."
Onde surgiu a ideia: "Ser expulso de casa é antiga e constante e há pelo menos uma década surgem iniciativas para dar apoio à essas pessoas. A grande questão é que isso demanda dinheiro, dados (algo que a nossa comunidade não tem, porque não temos legislação) e políticas públicas. Foi então que resolvi disponibilizar o meu sofá para quem precisasse. A demanda foi bem grande e no fim das contas acabei montando o projeto para expandir."
A importância de um projeto como esse: "Na real não só projetos como esses, mas projetos com temática LGBT em geral são importantes demais. A gente é uma comunidade muito barulhenta, mas que avança quase nada em questões de direitos e combate ao preconceito. Nossa cultura e sociedade entende os e as LGBT como um problema que tem que lidar ao invés de pensar que não é problema algum."
Futuros eventos: "Outra coisa legal da Casa é que teremos um sistema colaborativo e a ideia é que o espaço seja um lugar de realização de projetos e um lugar em que as ideias saiam do papel, então podemos pensar de tudo. Eu particularmente quero trabalhar no incentivo de produção cultura LGBT e estudo e levantamento do histórico da comunidade no Brasil. A gente conhece muito pouco nossa história.
Por trás do projeto: "Hoje temos além de mim, o estudante de relações públicas Otávio Salles, que ajuda com tudo, e também a agência feminista Quatro e Um, que trabalha com a gente tanto no planejamento quanto na comunicação."
Do papel para a prática: "Infelizmente, falta muito. Conseguimos apenas 5% do valor para o aluguel do espaço por isso é muito importante que as pessoas contribuam".
A república e centro de cultura LGBT conta com um financiamento coletivo para abrir. Quem quiser, pode contribuir com o projeto.