por Redação MundoMais
Segunda-feira, 25 de Abril de 2011
ESTADOS UNIDOS - As cenas são terríveis e mostram várias faces da violência humana. Uma é o ódio irracional aos diferentes, no caso uma transexual que ia ao banheiro de uma franquia do Mc Donald’s de Baltimore, EUA. Um ódio que por pouco não provocou uma morte estúpida. A outra face é a omissão total de quem deveria proteger clientes numa rede que se orgulha de disseminar uma imagem de bom atendimento aos clientes – e cuja direção geral também se diz chocada com o episódio.
Chama atenção que sejam duas mulheres a bater no(a) transexual. Por mais que homens protagonizem com mais frequência episódios de violência, cada vez mais mulheres se mostram publicamente agressivas e covardes. Neste caso, quase assassinas.
O caso foi o seguinte: no dia 18 de abril, na lanchonete da Kenwood Avenue, em Rosedale, Baltimore, EUA, duas jovens – uma menor de idade, de apenas 14 anos, e a outra, de 18 – atacaram e espancaram por longo tempo uma cliente de 22 anos, Chrissy Polis, sob o olhar complacente dos funcionários da lanchonete. Ouvem-se risos ao fundo. As agressoras puxam a vítima pelos cabelos, chutam, pisam, dão soco, empurram, arrastam-na pelo chão. Chamam a vítima de dude (traduzido para português por “cara” e, no caso, usado de forma pejorativa com o transexual que, diferentemente do homossexual, se considera mulher, se veste como mulher e costuma se submeter a cirurgias).
O gerente “ensaia” um protesto e pede às duas que vão embora. “Stop, stop“, limita-se ele a gritar, em vez de impedir a barbárie e chamar a polícia. As agressoras vão indo embora, mas voltam seguidamente para continuar a selvageria, sem ser bloqueadas pelos empregados. A vítima fica encolhida no chão, tenta se proteger, proteger a cabeça especialmente por medo de morrer. Somente uma senhora mais velha, também cliente, intercede vigorosamente em favor da vítima – não o staff do McDonald’s. Quando a transexual começa a sangrar e tremer no chão, os funcionários, com medo da polícia e de acabar, como dizem no vídeo, “com um corpo, um cadáver no chão”, expulsam as agressoras para que elas se livrem da prisão em flagrante.
Assista ao vídeo, que foi visto por milhões de pessoas na internet:
O McDonald’s soltou um comunicado oficial. E a franquia onde ocorreu o ataque brutal apenas demitiu o funcionário que filmou todo o ataque em seu celular.
Eis a nota divulgada pela rede McDonald’s, uma das maiores interessadas em resolver isso para preservar os valores que costuma passar à sociedade em anúncios e campanhas.
“Estamos chocados com o vídeo de uma de nossas franquias em Baltimore que mostra um ataque a uma cliente. Esse incidente é inaceitável, perturbador e constrangedor. McDonald’s se empenha em ser um ambiente seguro e receptivo a todos que nos visitam. Nada é mais importante para nós do que a segurança de nossos clientes e funcionários nos nossos restaurantes. Estamos em contato com a filial local e as autoridades para investigar o assunto”.
O responsável local pela franquia do McDonald’s está “analisando se deve punir” os outros empregados, que nada fizeram a não ser “sentar e olhar”, segundo depoimento de Chrissy, a vítima. Pela primeira vez, ela fala ao jornal Baltimore Sun sobre o que viveu e como está se sentindo depois de tudo.
De seu depoimento, alguns detalhes chamam a atenção. Ela é articulada, confirma que não tentou reagir porque queria apenas proteger sua cabeça. No fim, ela sangrou e ficou tendo convulsões jogada ao chão da lanchonete. No vídeo, ela conta que o ataque começou com uma delas cuspindo no seu rosto quando ia ao banheiro. Diz ter ficado estarrecida ao ser informada de que uma das agressoras tem apenas 14 anos. Acusa – e está provado no vídeo – os funcionários da lanchonete de serem omissos e nada fazerem. Eles apenas tentaram proteger as moças que a espancavam, evitando sua prisão em flagrante. Chrissy tem um olhar triste, lamenta todos os danos físicos e morais do incidente – ficou machucada, com hematomas, e teve sua vida exposta – e diz que, agora, seu único desejo seria encontrar aquela senhora que provavelmente a salvou de morrer. Chrissy está com medo de sair de casa.