por Redação MundoMais
Terça-feira, 23 de Agosto de 2011
HIGIENÓPOLIS - 277 é o novo "269". Ao menos na rua Bela Cintra, onde até abril funcionava a sauna gay chamada "269". O estabelecimento foi demolido para dar terreno a um prédio residencial, cujas unidades começarão a ser vendidas nesta semana. Mas o número que aparecerá na fachada será o 277, que era do estacionamento ao lado da sauna.
"Foi uma escolha pensada", diz Guilherme Estefam, da incorporadora do lançamento imobiliário, a Fakiani Estefam. "É que a sauna pode reabrir aqui perto, com o mesmo nome, e não queremos causar confusão", afirma.
Mas, para alguns moradores da Bela Vista, a incorporadora quer é "limpar" a fama do endereço. "É nítida a intenção de tirar não só o gay mas também o sexo dessa região", diz o relações públicas Marcelo Rodrigues, que mora em frente.
"Acho bom que a pouca vergonha tenha saído", diz uma vizinha, Erimeia Santini, 63. "Era som alto e um monte de pai de família entrando escondido." Outros moradores, porém, lamentam o fechamento. "Eu me sentia segura com aquele monte de homens passando", diz a atriz Bruna Endres, 22.
SUSPEITA
A 2 km dali, na rua Ceará, em Higienópolis, vizinhos se mobilizam por suspeitarem da abertura de um negócio parecido com o que fechou na Bela Vista, em um sobrado com estátuas de homens musculosos (foto). "É uma sauna gay, ouvi dizer. Não sei se é bom para a região", diz uma aluna do centro de ioga ao lado. "Já discutimos no prédio o que vamos fazer se for uma casa de permissividade", diz uma moradora do edifício Bahamas, na rua, que quer montar um grupo para protestar.
"Não sei o que vai ter aqui. Tem uma piscina quente, umas pequenininhas [ofurôs] e um monte de salas", diz o pedreiro José, que trabalha na obra. A empresa responsável não respondeu aos contatos para maiores esclarecimentos.
"É só ver o que fizeram com a casa. Tem a ver com sexo", diz a vizinha do Bahamas. "Aqui não é o centro da cidade para ter esse tipo de lugar."
"Em Higienópolis? Não, não é a nova 269", afirma Douglas Dumond, dono da sauna que veio abaixo na Bela Cintra. "Vou abrir meu hotel gay, mas não revelo onde para não dificultar a obtenção da papelada", diz ele, que se queixa da má fama. "É difícil ter um negócio gay hoje. Sofremos mais preconceito do que nunca."
Fonte: Folha de S. Paulo