ASSINE JÁ ENTRAR

Deportado homossexual

Livro conta a história do único francês gay que sobreviveu ao holocausto.

por Redação MundoMais

Segunda-feira, 19 de Março de 2012

Capa original.Capa original.

Pierre Seel, considerado o único gay francês reconhecido oficialmente como sobrevivente do holocausto, teve a coragem de contar as suas experiências no livro Eu Pierre Seel, Deportado Homossexual (no original francês “Moi Pierre Seel, déporté homosexuel”) .

Seel viveu no silêncio até 1981, obrigado a formar uma família e agir “como uma sombra”, em suas palavras. O nome de Pierre Seel estava em uma das “listas rosa” da Gestapo (lista com os nomes dos supostos homossexuais, obtidas tanto pela polícia quanto por denúncias anônimas) o que levou a sua prisão em 1941. Lá, antes de ser enviado ao campo de concentração de Schirmeck-Vorbrück, foi torturado e violentado por um pedaço partido de madeira, entre risos e piadas a respeito de sua homossexualidade.

Como se não bastassem os horrores vividos nesta experiência, Seel presenciou também a morte de seu amante na adolescência e amigo, Jo, no campo de concentração. Como conta em seu livro, os nazistas ordenaram que um quadrado fosse ordenado com filas e, no centro, dois membros da SS trouxeram um jovem, reconhecido instantaneamente por Seel. Despido e com uma lata na cabeça (para ampliar seus gritos), o homem foi ferozmente devorado por cães pastores alemães. Pierre Seel assistiu quieto, acompanhado somente por suas lágrimas e pelas centenas de testemunhas.

"Desde esse dia, continuo a acordar frequentemente no meio da noite aos gritos. Durante mais de cinquenta anos, essa cena repetiu-se incessantemente na minha mente. Nunca esquecerei o bárbaro assassinato do meu amor — em frente dos meus olhos, dos nossos olhos, porque houve centenas de testemunhos." (SEEL, 1994)

Esses tratamentos cruéis explicam a alta taxa de mortalidade dos homens gays nos campos de concentração, quando comparada com a de outros "grupos anti-sociais". Um estudo de Ruediger Lautmann concluiu que 60% dos homens gays internados em campos de concentração não sobreviveram, comparado com 41% dos prisioneiros políticos e 35% de Testemunhas de Jeová. O estudo refere também que as taxas de sobrevivência de homens gays foram ligeiramente maiores para os que eram originários das classes média ou alta ou para os que eram bissexuais, casados e com filhos.

Pierre Seel morreu em 2005, aos 82 anos.

Serviço:

Eu, Pierre Seel, Deportado Homossexual - Cassará Editora

Lançamento: 22 de março, a partir das 17h30

Livraria da Travessa - Rua Sete de Setembro, 54, Centro, Rio de Janeiro

Tel: (24) 3231-8015.

22-03-2012 às 12:37 AO EU
É PRIVILÉGIO E NÃO PREVILÉGIO.......
21-03-2012 às 11:41 Ricky
Confesso que não sofri tanto quanto vários relatos que já ouvi e ouço até hoje...porém como é difícil sermos nós mesmos....
20-03-2012 às 22:42 Gil
Ivan legal reconhecer o equívoco. E vamos em frente. Pierre foi um guerreiro e vencedor. Que sirva de exemplo.
20-03-2012 às 21:23 Ivan
Realmente vocês têm razão; era tarde da noite, eu, linda e cansada, não queria dormir sem antes postar meu comentário; em momentos psicodélicos, e óbvio, meio lesado, postei!
20-03-2012 às 20:25 Mauro
A vida não é fácil, mas devemos lutar com amor e respeito ao próximo. Todos são nossos próximos! Viva Pierre Seel para sempre! Chegou aos 82 anos de VIDA! E galera vamos ler as coisas direito...
20-03-2012 às 16:28 Eduardo
Ivan, vc é um desclassificado e burro, não consegue entender texto, nao conhece pontuação, virgula e pior faz brincadeiras onde nao cabe de forma alguma ,poupe as pessoas de sua ignorancia!
20-03-2012 às 12:10 Thiago
Imagina para esse homem ver seu amor sendo devorado por cães, vendo sua dor e seu desespero. Me arrepiou e me comoveu só de tenta formar a cena em minha cabeça. Espero q os dois tenham se encontrado novamente, pois acredito que nossa alma, nossa essência, nossos sentimentos vão para algum plano deixando aqui apenas a matéria.
20-03-2012 às 11:44 Eu
Esse gay sim.Sofreu psicologicamente, conseguiu sobre-viver e chegou aos 82 anos.Hojé em dia no mundo em que vivemos, envelhecer é previlégio de poucos.
20-03-2012 às 10:41 tiozim
Tanto Pierre não riu qdo lhe enfiaram o tal pedaço de madeira (quem leu e entendeu, sabe que foram os opressores q o fizeram), que até a sua velhice, ele afirmou que ainda sangrava na região por conta da lesão sofrida, Imaginem só tamanha crueldade a qual foi submetido este homem, e tantos outros. Piadas não deveriam ser feitas em nenhum momento, mediante o sofrimento alheio.
20-03-2012 às 08:42 Leonardo Salinas
Se hoje ainda somos agredidos, discriminados e ofendidos por nossa identidade sexual, é bom que leiamos esse livro para termos uma ideia de como já avançamos em civilidade. Hoje, os campos de concentração são simbólicos quando certos pseudorreligiosos nos hostilizam diante de seus fieis, falando em nome de Jesus(!), logo ele que não discriminou prostitutas e coletores, corruptos, de impostos. Uma vibração muito fraterna a Jo e a todas as vítimas gays dos nazistas. Espero que tenham conseguido, o que não é nada fácil, perdoar seus algozes e tenham superado todo esse horror. Muita paz para todos os perseguidos por Hitler e seus desatinados. Quero ler esse livro por desejar saber o que aconteceu e ter uma opinião mais consistente sobre toda essa barbárie. Um abraço muito carinhoso em Pierre Seel. Ele é um símbolo da resistência a todas as perseguições assacadas contra nós. Corajoso, digno e moralmente forte, merece nosso respeito e nossa admiração. Tomara que todos esses nazistas que o maltrataram estejam hoje envolvidos em ações do Bem para resgatar seu passado tão delituoso. Assim, seus futuros serão muito mais leves e felizes.