por Redação MundoMais
Terça-feira, 03 de Abril de 2012
SÃO PAULO - Aos 68 anos, a cabeleireira aposentada Andreia Ferrarese finalmente conseguiu realizar a cirurgia para readequação de sexo. A cirurgia ocorreu no dia 27 de fevereiro, no Hospital das Clínicas, e com isso ela se tornou a transexual mais velha do país a realizar o procedimento.
Registrada como Orlando, ela esperava pelo procedimento desde 1979, ano em que recebeu o diagnóstico de transexualidade. Sofri muito na vida por um conflito de identidade. Em 79, o Sistema Único de Saúde (SUS) não fazia a cirurgia, quem fazia eram os médicos particulares. Fui a dois e me cobraram um preço exorbitante. Minha mãe disse que não tinha dinheiro e eu entendi. Ela já sofria, se sentia culpada por mim, disse Andreia em entrevista à “Folha.com”.
Entre outros assuntos abordados, ela relembrou fatos que ocorreram durante a adolescência. Quando eu tinha 14 anos, peguei o vestido da minha irmã e o povo dizia que tinha caído certinho em mim. Minhas vizinhas me deram saias e comecei a usar roupa de mulher, contou.
Sobre a cirurgia de readequação sexual, Andreia conta a reação das pessoas sobre o assunto: O povo dizia: "Mas não é um pouco tarde para você fazer a cirurgia?" E eu respondia: "Não, eu ainda preciso viver, não vivi minha vida! Estou começando só agora.
O apoio maior veio da mãe, que sempre quis protegê-la. Meu pai e um irmão me perseguiram até eu fazer os exames que provaram que eu era transexual. Ela disse, ainda, que na época do regime militar os transexuais sofreram com perseguições policiais e ela chegou a ficar um mês na prisão.