por Redação MundoMais
Terça-feira, 11 de Fevereiro de 2014
BRASÍLIA - Cinco jovens da União da Juventude Socialista (UJS) protestaram nesta terça-feira, no corredor da presidência da Câmara, contra a possibilidade de o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos. Com cartazes e palavras de ordem e até mesmo beijos gay entre elas para o registro das câmeras, as estudantes repetiam que não querem "um filhote da ditadura, homofóbico, racista e fascista" presidindo a comissão. Bolsonaro apareceu, logo depois, no Salão Verde, reagiu reafirmando que trabalha para ser o escolhido e minimizando o ato e provocando as estudantes.
"A juventude que foi às ruas em junho do ano passado não quer a retirada de direitos humanos, quer que eles se ampliem. Não somos héteros, nem lésbicas, somos livres. Conversamos com o deputado Vicentinho ( líder do PT), queremos chamar os partidos à responsabilidade para que a comissão não caia em mãos erradas. Bolsonaro é inimigo dos Direitos Humanos. O ônibus que trouxemos para cá foi impedido de entrar na Casa do povo. Essa Casa errou no ano passado e quem pagou foram os movimentos LGBT, os negros", disse Maria das Neves, da UJS.
A ideia era fazer o ato no Salão Verde, mas os seguranças da Câmara impediriam as jovens de ir até o local, por isso, o beijo entre dois casais de meninas aconteceu no corredor da presidência da Casa. As cinco gritavam palavras de ordem contra Bolsonaro:
"Ô liderança, preste atenção. CDH, Bolsonaro não! Racista, homofóbico, fascista. Esse beijo é para você!"
Percebendo a movimentação, Bolsonaro foi até o Salão Verde e começou a falar, coletivamente, com os jornalistas. O deputado afirmou que todos têm direito a tratamento igual e que se ele for presidente da CDH não irá privilegiar as minorias.
"Quando eu defendo pena de morte é para uma minoria que aterroriza a maioria. Aquele vagabundo preso no Rio é um vagabundo, não um excluído. Minha comissão não terá espaço para defender esse tipo de pessoa! Defendo a redução da maioridade (para crimes), planejamento familiar. Uma mulher tem que poder fazer laqueadura com 18 anos", disse Bolsonaro, acrescentando:
"Direitos Humanos não é para vagabundo. Elas podem se beijar à vontade. Minha briga não é contra o homossexual, mas contra o material escolar que estimula o homossexualismo. Por que eu tenho que respeitar homossexuais? Eles é quem têm que nos respeitar!"
Bolsonaro afirmou ainda que presos não têm que ter tratamento humanitário:
"Quem estupra, mata, tem que ir para lá (prisão) sofrer. Pedrinhas é a única coisa boa do Maranhão. É só não matar, estuprar, que não vai para lá. Vai manter esses caras na vida boa?"
Depois de falar com a imprensa, Bolsonaro fez questão de ir ao corredor onde estavam as estudantes e provocá-las. Bateu boca com elas, que gritavam palavras de ordem contra ele, e depois foi embora.
Segundo os líderes, na reunião desta terça-feira ainda não foi discutida a divisão das comissões entre os partidos da Câmara. Ainda há impasse em relação à criação ou não de mais comissões. Há, no entanto, preocupação no PT para evitar o desgaste de Bolsonaro presidir a comissão, depois da situação provocada pela eleição do pastor Marco Feliciano para a vaga, no ano passado.
O PT está preocupado, mas o partido tem interesse em escolher outras comissões, como a Constituição e Justiça e Educação.
"Essa discussão vai ficar para a semana que vem pois ainda há algumas indefinições. Mas estamos preocupados para que nunca mais ocorra o desastre que ocorreu na Comissão de Direitos Humanos no ano passado", disse Vicentinho.
Para escolher a CDH, o PT terá de abrir mão da presidência de outras comissões.