por Redação MundoMais
Segunda-feira, 08 de Agosto de 2016
A Olimpíada do Rio mal começou e a homofobia já apareceu. E, claro, em um dos esportes mais homofóbicos do mundo, o futebol.
Em três partidas do futebol feminino, no momento em que as goleiras pegavam na bola, vários torcedores - brasileiros, possivelmente - gritaram "bicha".
O ato foi considerado "ofensivo" pelo jornal australiano The Sidney Morning Herald, ao tratar os xingamentos recebidos pela arqueira de seu país, Lydia Williams, e pela canadense Stephanie Labbé , na partida Austrália x Canadá na Arena Corinthians, em São Paulo, na quarta-feira 3.
O técnico australiano, Alen Stajcic, disse à publicação que nem ele nem atletas entenderam no momento do que se tratava, mas sabiam que era algo ofensivo. "Não sei a história por trás disso, mas não soa agradável".
Na quarta-feira (4), a prática homofóbica continuou no estádio paulistano, desta vez no jogo entre Canadá e Zimbábue. No Mineirão, em BH, na partida entre Estados Unidos e Nova Zelândia, os gritos de "bicha" se misturaram aos de "zika", para provocar a goleira norte-americana Hope Solo, que fez piada sobre o vírus antes de embarcar para o Brasil.
A meio-campista norte -americana Megan Rapinoe, que é abertamente lésbica, afirmou ser "pessoalmente doloroso" ao jornal Los Angeles Times. "Creio que seja algo do comportamento coletivo que toma conta das pessoas um pouco", disse.
A ação de cunho homofóbico de tentar diminuir o goleiro do time adversário teria começado com o México, com gritos de "puto" (o mesmo que "bicha" para eles) e levou o país, na Copa do Mundo de 2014, a ser alvo de um processo pela Fifa. O México acabou sendo absolvido. Times brasileiros "copiaram" a ideia.
A prática é tão ilógica que agora a torcida ofende goleiros (ou goleiras, no caso) até quando sua seleção não está em campo e ainda usam uma palavra que é específica para homens para xingar mulheres.
A lei n. 13.284, chamada Lei Geral da Olimpíada, é clara no veto a expressões discriminatórias e determina a retirada de torcedores que infringirem a norma. O Comitê Olímpico Internacional (COI) ainda não se pronunciou sobre o caso.