por Redação MundoMais
Quarta-feira, 24 de Agosto de 2016
A Justiça de São Paulo condenou a torcida organizada Camisa 12, do Corinthians, por causa de um protesto homofóbico no centro de treinamento do time, contra o jogador Emerson Sheik, por ter publicado uma foto em suas redes sociais na qual dava um “selinho” em seu amigo.
A organizada, que no dia seguinte levou ao centro de treinamento alvinegro faixas dizendo "Viado Não", "Vai beijar a PQP" e "Aqui é lugar de homem", foi condenada a pagar R$ 23,5 mil ao Estado. Marco Antonio de Paula Rodrigues, então presidente da torcida, que deu entrevistas defendendo os protestos e atacando Sheik, também terá de pagar R$ 23,5 mil.
A condenação foi obtida com base na Lei Estadual nº 10.948/2001, que prevê punição administrativa por atos de homofobia em São Paulo. A decisão é da Secretaria de Estado de Justiça e Defesa da Cidadania, órgão responsável pela aplicação da lei, que levou em conta a discriminação contra homossexuais em geral. Não cabe mais recurso
“A decisão é importante porque traz uma reflexão sobre a homofobia e responde a uma postura muito comum no futebol. É um começo para uma mudança de atitude. É preciso democratizar e avançar no futebol, que ainda é muito fechado e homofóbico – e a decisão é um reflexo disso”, avalia o Defensor Público responsável pelo caso, Bruno Bortolucci Baghim.
Relembrando o caso
Em 2013, após uma vitória do Corinthians no Brasileiro, Emerson Sheik postou a foto beijando o amigo Isaac Azar, com a seguinte legenda: "Tem que ser muito valente para celebrar a amizade sem medo do que os preconceituosos vão dizer."
Pressionado pela torcida, o jogador, hoje no Flamengo, chegou a pedir desculpas pela foto.
Mesmo que o próprio atacante não tenha levado a questão adiante, a secretaria de Justiça paulista recebeu denúncias de pessoas que se sentiram ofendidas pelos protestos da Camisa 12 e resolveu instaurar um processo. "Não importa se a pessoa alvo é ou não homossexual", disse o defensor Baghim. "É do interesse da sociedade que não haja homofobia e nós atuamos nesse sentido, também pensando no caráter educativo da punição."
A torcida vai apelar à Justiça contra multa
A Camisa 12, apesar de não poder mais recorrer na esfera administrativa, vai apelar à Justiça. Procurada pela reportagem, a organizada defendeu os protestos feito à época no caso do selinho, mas disse que hoje escolheria melhor as palavras usadas nas faixas.
"Hoje em dia esse negócio de homofobia está muito sério, mas não foi essa a nossa intenção", disse Geórgia Vilkas, da diretoria de comunicação da torcida. "A gente não achou certo ele fazer esse tipo de brincadeira, não aceita esse tipo de coisa. Mas não pensamos nas consequências. Hoje não faríamos as faixas com esses dizeres, escolheríamos melhor as palavras, justamente para não enfrentar processos como esse."