Imortal

A trajetória do carioca Renato Manfredini Junior daria uma música. Mas foram escritas várias. Canções que representaram não só o universo turbulento e emotivo de um jovem, mas de toda uma geração.

Renato Russo, como ficou conhecido artisticamente, se tornou imortal há duas décadas, quando morreu aos 36 anos por complicações causadas pelo vírus HIV, sete anos depois de descobrir a doença, mas sem assumi-la publicamente. Contudo, a herança musical - construída inicialmente na capital federal com o "Aborto Elétrico", depois como o "Trovador Solitário", na emblemática Legião Urbana e carreira solo - é reconhecida até hoje pela atemporalidade e o primor de muitas de suas composições.

Nestes vinte anos sem Renato Russo, lembrados hoje, o filho único do artista, Giuliano Manfredini, que mantém a Legião Urbana Produções Artísticas, anunciou um pacote de homenagens. A primeira é o disco "Viva Renato Russo 20 Anos". Haverá ainda, uma grande exposição, um filme e livros entre as novidades.

A exposição do Museu da Imagem e Som de São Paulo (MIS) abre em 2017, mas a instituição divulgou um vídeo com bastidores. O MIS divulgou que a mostra terá objetos guardados no antigo apartamento de Renato Russo no Rio, inclusive 50 diários nunca exibidos ao público e uma coleção completa de seu acervo de discos e livros. Objetos do acervo estão ao menos desde 2015 no Centro de Memória e Informação da instituição para serem tratados e catalogados.

Entre as homenagens no âmbito da literatura está o romance The 42nd Street Band (Companhia das Letras, 2016), escrito pelo próprio artista nos anos 1970. “O Renato escrevia diariamente. Em uma época que ficou doente, começou a escrever a história de uma banda de rock fictícia”, diz Tarso de Melo, organizador do material. A obra foi escrita originalmente em inglês e de maneira fragmentária pelo artista multifacetado. O livro permaneceu inédito por décadas e ganha agora edição em português.

Também já está nas livrarias a versão atualizada da biografia Renato Russo – O Filho da Revolução (Planeta, 2016), de Carlos Marcelo, fã da Legião Urbana. O título do livro é uma referência ao refrão da música Geração Coca-Cola e entrelaça a vida dele com a história recente do Brasil, com o período da ditadura em Brasília.

Já a marca de óculos Chilli Beans lançou uma linha para celebrar a vida Renato Russo. Um dos produtos é inspirado na música Faroeste Caboclo, com direito a espingardas nas armações gravadas com o nome de Pablo, um dos personagens da canção.

Renato Russo morreu no dia 11 de outubro de 1996, vítima do vírus HIV, que nunca assumiu publicamente.

REVIVAL

Os integrantes remanescentes do Legião Urbana, Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, estão desde 2015 percorrendo o Brasil com a turnê Legião Urbana XXX Anos. Após uma longa briga judicial com Giuliano Manfredini, eles obtiveram, em outubro de 2014, os direitos de usar o nome da banda, além das músicas do grupo, em atividades profissionais.