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Liberdade!

Vítima de homofobia no vôlei, Michael supera trauma e comemora.

por Redação MundoMais

Quarta-feira, 26 de Julho de 2017

Vítima de homofobia no vôlei, Michael supera trauma e comemora: Vítima de homofobia no vôlei, Michael supera trauma e comemora: "Liberdade".

"Bicha!... Bicha!... Bicha!..." Os gritos da torcida ecoavam pelo ginásio a cada vez que o meio de rede do Vôlei Futuro se preparava para sacar. As ofensas duraram o jogo todo, válido pelas semifinais da Superliga e vencido pelo Cruzeiro no tie-break. Mas, para Michael Pinto dos Santos – alvo dos xingamentos homofóbicos da torcida – a partida de 4 de abril de 2011 foi uma vitória pessoal. Ele saiu do armário no dia seguinte ao episódio e levantou um debate importante sobre o preconceito no esporte. Preconceito que, mesmo seis anos depois, ainda insiste em invadir quadras, campos, ginásios e estádios pelo mundo.

"Sinceramente, nunca havia sofrido nenhum preconceito. Sempre fui muito bem tratado por dirigentes, jogadores e todo mundo do vôlei. O que aconteceu em Contagem foi uma situação muito chata, foi um antes e depois na minha vida. É uma coisa que dói, machuca, humilha e deixa triste. Existem família e amigos que sofrem com tudo isso. Ainda temos muito que melhorar com relação a preconceito e aceitação. Quanto mais pessoas públicas puderam falar sobre isso, mais as pessoas vão ver que é natural. Eu pago imposto como qualquer outra pessoa e não vou interferir na vida de ninguém", desabafa o jogador.

Mais do que um jogador de vôlei, Michael tornou-se um símbolo do movimento LGBT dentro do esporte. A atitude de falar publicamente sobre sua orientação sexual após sofrer preconceito em público abriu espaço para o debate sobre o tema.

"Me perguntaram se eu já tinha defendido a causa. É muito difícil, nunca tinha pensado dessa maneira. A gente só pensa na situação quando a gente passa por ela. Abri meus olhos e o de muita gente sobre a homofobia. Eu, como jogador, quero ser reconhecido pelo meu trabalho, não pelo que sou fora de quadra. Tem de ser assim na vida", disse.

Michael acha muito difícil acontecer de um jogador sair do armário no futebol.Michael acha muito difícil acontecer de um jogador sair do armário no futebol.

O apoio dos torcedores e fãs foi fundamental para que Michael seguisse a carreira dentro do vôlei e levasse uma vida normal fora das quadras. O jogador prefere ver o lado bom do que aconteceu no fatídico dia em que teve sua vida pessoal exposta para todo o país.

"Às vezes eu não entendo direito, é muito legal. Você é um atleta e pessoa pública, influencia as pessoas e mostra sua história de vida. Depois de tudo o que aconteceu em Contagem, quem não me conhecia passou a conhecer. Tirando o lado triste do fato, as pessoas me abraçaram e o legal é que as pessoas passaram a conhecer mais o meu trabalho e a pessoa que eu sou".

Quando o assunto é sair do armário ou não a orientação sexual ao longo da carreira como atleta, Michael prefere não opinar sobre a decisão, que considera "pessoal e de casa pessoa". Porém, acredita que isso dificilmente acontecerá um dia no futebol, considerado por ele um esporte machista e com pouca abertura para o diálogo sobre diversidade.

"Difícil falar em relação a isso. O esporte em si, o futebol mais ainda, é machista. Muitas vezes para aceitar uma coisa dessas é difícil, espero que as coisas mudem como vem mudando no futebol. Mas acho que ainda vai demorar um bom tempo. Esse quadro não sei se é um tabu ou se tem mesmo dentro do futebol muitos atletas que são. Existem torcidas organizadas de gays e acho que seria valoroso os clubes e associações aceitarem que existem essa forma. O esporte em si é machista", revela.

Michael defenderá o Vôlei Itapetininga no Paulista e na Superliga B.Michael defenderá o Vôlei Itapetininga no Paulista e na Superliga B.

Apesar de admitir que o preconceito ainda ronda o meio esportivo e a sociedade em geral, Michael revela que o fato de ser gay nunca o atrapalhou na trajetória dentro do vôlei. Mesmo assim, alerta que muitos jovens podem ter a carreira interrompida justamente pelo julgamento de pessoas que trabalham no esporte e não são preparadas para gerir pessoas.

27-07-2017 às 17:57 Josy
Teve que passar por isso pra sair do armário? Se a moda pega, ia ser tanto gay enrustido sendo vaiado que eu não não sairia de casa com medo de ser confundida com um gay enrustido.
26-07-2017 às 16:36 Juliano
* digo, vaiaram _ teclado maldito!
26-07-2017 às 16:34 Juliano
Só para registrar: muitos que variaram o jogador eram gays também!
26-07-2017 às 12:03 Silva
Grande vitória pessoal se libertar e mostras suas qualidades pessoais, como também o profissional e esportista que é, Michael está de parabéns por lutar por seus direitos e respeito, que é direito de todos nós !...