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Lesbigay

Filmado na maior ocupação artística da América Latina, clipe de Aíla é um manifesto pela liberdade.

por Redação MundoMais

Quarta-feira, 30 de Agosto de 2017

A paraense Aíla reuniu no elenco ativistas LGBT em um dia inteiro de gravação na Ocupa Ouvidor 63, em São Paulo.A paraense Aíla reuniu no elenco ativistas LGBT em um dia inteiro de gravação na Ocupa Ouvidor 63, em São Paulo.

Expoente da nova música produzida na Amazônia, a cantora e compositora lésbica Aíla lançou no Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29.08) o clipe “Lesbigay”, com direção de Vera Egito e Jéssica Queiroz, e produção da Paranoid. A faixa, parceria com Dona Onete, integra o disco “Em Cada Verso Um Contra-ataque” (Natura Musical), segundo álbum da carreira. O vídeo está disponível no YouTube e escancara o direito de “amar sem pudor” - em um festivo e dançante manifesto pela liberdade.

“Fizemos essa música pensando o 'Lesbigay' como um lugar que deveria ser comum, habitual, onde todos podem ser livres –, apesar de parecer, no contexto carregado de preconceito e ódio em que vivemos hoje, um lugar idealizado”, comenta Aíla. “A música quer fazer dançar nossos corpos dissidentes, afirmar o brilho que ninguém vai fazer desaparecer, escancara o direito de amar a quem se quer. 'Lesbigay' - a música, ou o lugar referido na música - é onde continuaremos dançando, construindo nossos espaços de afeto”, completa a artista.

O vídeo foi gravado na Ocupa Ouvidor 63 - a maior ocupação artística da América Latina, com mais de 100 residentes que lutam para conquistar definitivamente o espaço. O prédio de 13 andares, localizado no centro de São Paulo, está ocupado desde 1º de maio de 2014. Mais que cenário, tornou-se personagem fundamental do vídeo à medida que é, ele próprio, um forte símbolo de resistência.

“Gravar o clipe na Ocupa Ouvidor é uma maneira de dizer que apoiamos esse movimento de ocupação, que queremos fortalecê-lo. Essas pessoas estão lá vivendo, fazendo arte e colaborando com a cidade. E elas têm todo o direito de estar ali”, defende a diretora Vera Egito.

Para compor o elenco, a equipe de produção buscou personagens reais – performers e ativistas LGBT – como a rapper Luana Hansen, o coordenador do Ibrat (Instituto Brasileiro de Transmasculinidades), Lam Matos; os performers Alma Negrot e Coletivo Animalia; e também moradores da Casa 1, centro cultural e república de acolhimento a LGBTs em situação de risco. As professoras aposentadas, Ana Maria Oliveira e Carmem Almeida, companheiras há 17 anos, também participam do vídeo.

Co-diretora do videoclipe, Jéssica Queiroz reforça a importância de ter um elenco formado por militantes LGBT. “O clipe fala muito sobre libertação. O ‘Lesbigay’ é esse lugar que não é uma festa, um endereço, mas um sentimento, uma experiência, ele não existe no mapa. No vídeo, Aíla vai avançando as escadas e ‘se descobrindo’ à medida que encontra pessoas com diferentes histórias pra contar, diferentes vivências. Por isso foi tão valioso contar com personagens reais, não-atores”, diz.

Lesbigay integra uma série de cinco videoclipes, que vai originar um pencard audiovisual. O projeto tem o patrocínio da Vivo, via Lei de Incentivo à Cultura Semear, Fundação Cultural do Pará e Governo do Estado do Pará.