por Redação MundoMais
Terça-feira, 19 de Julho de 2011
O Rio de Janeiro pode ter sido considerado o destino mais “gay-friendly” do mundo no ano passado em eleição internacional online, mas o Nepal quer se firmar como o cenário ideal, exótico e romântico para gays se casarem em templos budistas. Atraídas por essa combinação, duas americanas, Courtney Mitchell, 41, e Sarah Welton, 48, se tornaram as primeiras lésbicas dos Estados Unidos a celebrar um casamento num templo hindu, seguindo todos os rituais tradicionais (elas são a primeira e a segunda à esquerda na foto).
Aconteceu em junho, num templo nas colinas perto da capital nepalesa, Katmandu. Elas trocaram guirlandas ao som de mantras entoados por um jovem sacerdote hindu. Courtney é professora de psicologia na Universidade de Denver, e estava vestida de noivo, com calças largas e um chapéu típico, alto, todo bordado. Sarah, que é advogada, estava vestida de noiva, com um sari vermelho e joias nepalesas.
O Nepal quer abocanhar um pedaço maior do turismo global gay, avaliado em 670 milhões de dólares. No ano passado, foi aberta a primeira agência de viagens destinada apenas a homossexuais, chamada Pink Mountain (Montanha Rosa). Um dos chamarizes é exatamente a cerimônia religiosa no Nepal para estrangeiros cujos países proíbem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em dezembro de 2007, o Supremo Tribunal nepalês mandou o governo garantir a gays e lésbicas os mesmos direitos civis dos heterossexuais. Um passo enorme depois da longa era maoísta, quando a repressão sexual era violenta.
Hoje, nessa agência especializada, um pacote de uma semana de viagens – incluindo um casamento com direito a todos os rituais – custa 11 mil dólares. Quem mais procura o pacote turístico-amoroso são americanos. Mas há casais gays da China, Canadá e Alemanha em busca do mesmo album de recordações.
O Nepal parece buscar a vanguarda em relação a assuntos de gênero. Um novo censo nacional incluiu “o terceiro sexo” – para englobar pessoas que não se sentem homens nem mulheres.
Mas, claro, lá também há quem se arrepie com esses novos tempos: “Este é um ataque contra nossa cultura”, diz Basudev Krishna Shastri, astrólogo que comanda a Campanha Nacional de Consciência Religiosa. “Não precisamos promover o turismo gay para atrair estrangeiros homossexuais. Basta promover nossa cultura única e original, e nossas montanhas”.
Fonte: Época