por Redação MundoMais
Segunda-feira, 12 de Março de 2012
Dezenas de jovens iraquianos, integrantes de tribos urbanas de 'emos', vem sendo mortos nos últimos meses por milícias iraquianas que os consideram homossexuais e adoradores do demônio, segundo ativistas de defesa dos direitos humanos. Embora ser homossexual não seja ilegal no Iraque, a prática é um tabu social e religioso.
O termo "emo" é usado no ocidente para identificar jovens que usam roupas alternativas e gostam de escutar um tipo de rock marcado por letras emotivas e confessionais. Alguns relatos afirmam que dezenas de adolescentes foram espancados até a morte ou mortos a tiros no mês passado. A maioria das vítimas era do sexo masculino.
A Comissão Internacional Gay e Lésbica de Direitos Humanos (International Gay and Lesbian Human Rights Commission) com sede em Nova York, afirma que cerca de 40 pessoas foram sequestradas, torturadas e mortas no Iraque, desde fevereiro, no que a entidade classifica de "nova onda de violência contra os gays".
Recentemente o ministro do Interior descreveu os "emos" como adoradores do demônio. Mas ele disse não ter registro de assassinatos nos quais os alvos eram especificamente gays ou emos, dizendo que as recentes mortes em Bagdá seriam causadas por motivos "sociais, criminais, políticos, culturais ou de vingança".
Milícias no bairro xiita e conservador de Cidade Sadr distribuíram folhetos com os nomes de 20 jovens, afirmando que eles deveriam ser punidos. Em comunicado publicado em seu site, o clérigo xiita Moqtada al Sadr, de forte influência na região, descreveu jovens emos como "loucos e tolos", mas ressaltou que não se deve tratá-los de forma ilegal.
Eles são uma praga para a sociedade muçulmana, e os responsáveis devem eliminá-los usando meios legais, disse o comunicado de Al Sadr.
Fontes médicas ouvidas pela agência de notícias AP disseram que pelo menos 15 jovens foram assassinados no mês passado, incluindo sete apedrejados até a morte, cinco mortos a tiros e um por espancamento. Duas das vítimas eram meninas.
A polícia geralmente cuida desses casos. Eles não gostam que médicos ou ambulâncias cuidem disso, afirmou uma fonte médica ouvida pela AP. Existem relatos de jovens que têm os crânios esmagados por blocos de concreto. Há anos grupos de defesa dos direitos humanos pedem ao governo iraquiano mais empenho na proteção de gays.