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Pais & Filhos

Especialista em Direito Homoafetivo explica necessidade de licença para pais gays.

por Redação MundoMais

Sexta-feira, 31 de Agosto de 2012

Quem pariu que embale!

Este é um antigo ditado que atribuiu exclusivamente à mãe todos os encargos com relação ao filho.

Afinal, antes era assim. A mulher era a única responsável pela criação e educação dos filhos. Também a ela cabia as lides domésticas e o cuidado para com os idosos e os doentes. Claro que ainda precisava atender ao marido, pois ele tinha, como único dever, assegurar o sustento do lar.

Mas há um tempo, tudo vem mudando. No momento em que a mulher entrou no mercado de trabalho houve um embaralhamento de papéis. Dos homens passou a ser exigida a participação nas questões familiares e eles acabaram descobrindo as delícias da paternidade.

Não é por outro motivo que, de forma cada vez mais frequente, quando do rompimento do vínculo conjugal, eles buscam a guarda exclusiva dos filhos ou a guarda compartilhada.

No entanto há novidades outras. O próprio formato da família mudou e agora se fala em Direito das Famílias. Antes, só era reconhecido o vínculo do casamento. Depois a união estável ganhou o a condição de entidade familiar. E, há uma década - por honra e graça da Justiça - também os vínculos homoafetivos passaram à condição de união estável. Um punhado de direitos é assegurado à população LGBT, inclusive a possibilidade do casamento.

Todas estas mudanças, no entanto, não tiveram o condão de mudar a antiga concepção de que é a mãe a beneficiária da licença maternidade, sendo concedido ao pai escassos cinco dias. Tal, inclusive, impõe alguma restrição às mulheres no mercado de trabalho. Muitas vezes não são aceitas por haver a possibilidade de engravidarem e permanecerem longo tempo afastadas.

Esta disparidade não mais pode prevalecer, pois não atende à realidade dos dias de hoje. Primeiro por que se está vivendo a era da paternidade responsável e é preciso assegurar direitos iguais a pais e mães. Ao depois pode acorrer o falecimento da mãe, o que não pode retirar do filho do direito a ser cuidado pelo pai.

Também a adoção de filhos por casais do mesmo sexo pode gerar alguns impasses. Fazem ambas as mães direito à licença maternidade? Se forem dois pais, depois de cinco dias, ambos voltam às atividades profissionais?

Daí o enorme significado da concessão, pelo INSS, de licença paternidade a um pai que, juntamente com o seu parceiro, adotou uma criança recém-nascida. Só que a licença foi concedida quando o filho já tinha dois anos de idade.

Em face dessa demora, quando a criança tinha apenas 15 dias teve que ser deixada na creche. Esta falta da presença de um cuidador, nos primeiros meses de vida, não há como ser suprida.

Assim, está mais do que na hora de se instituir a licença natalidade. Afinal, trata-se de um benefício a favor do filho e não a sua mãe. Esta é a proposta do Estatuto da Diversidade. Assegura licença natalidade de 180 dias, independente da orientação sexual dos pais. Durante os primeiros 15 dias o benefício é usufruído por um. No período subsequente, por qualquer deles, de forma não cumulativa, e fracionada da forma desejada pelos pais.

Inquestionavelmente um enorme avanço para assegurar a todas as crianças o direito de serem cuidadas por quem tem mais disponibilidade de tempo, ou maior desejo de se dedicar, com exclusividade, para dar-lhes o que elas mais precisam: a segurança de ter alguém que as embale, que as acalente, que as alimente. Enfim, que lhes assegure o direito de crescerem com a certeza de ser muito amadas.

Maria Berenice Dias é presidente da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da OAB e uma das criadoras do Estatuto da Diversidade Sexual (www.estatutodiversidadesexual.com.br).

04-09-2012 às 13:43 Rafael
Olá pessoal! Assinem a petição pública que se encontra no link ao final do texto. Assinem e divulguem para familiares e amigos para que o estatuto da diversidade chegue ao Congresso Nacional o mais rápido.
02-09-2012 às 01:09 Rômulo Fernandes - Natal-RN
Parabéns Maria Berenice Dias! Texto maravilhoso, muito bem desenvolvido e acima de tudo justo e digno.
01-09-2012 às 20:18 Ivan
Entra no Badoo, quem sabe nos encontramos lá!
31-08-2012 às 20:09 para Ivan
Resposta para Ivan: quem sabe não sejamos a cara metade um do outro! mande contato. abço.
31-08-2012 às 19:42 Ivan
Questões complicadas num primeiro momento, de serem entendidas. Então, um parceiro de um casal gay tem direito a quinze dias para ficar com a criança, depois o restante até completar 180 dias são divididos? Não foi especificado a idade mínima da criança, mas também, dificilmente consegue-se a adoção de recém nascidos ou por via de barriga de aluguel. Tudo tem um custo, e, nem todo casal gay está disposto ou no orçamento de arcar com todo o ônus. Sem falar que uma grande maioria, como eu opta pela solteirice, talvez pretexto por não ter encontrado a sua metade. Um beijo a Maria Berenice, das mulheres que estão sempre abrindo os caminhos para a causa gay!
31-08-2012 às 18:54 comentarios
Independente de gosto sexual,essa concessão deve ser iguais à todos. Um casal hetero,no caso o pai,deveria ter essa licença paternidade igualitaria a maternidade. No caso gay,me desculpe...mas é o pai/mãe? A criança teria dois pais? duas mães? Confesso que pra eu entender seria complicado,imagina uma criança conviver assim? Bizarro demais.
31-08-2012 às 18:48 comentarios
Os primeiros (as) ,como deseja ser identificado,serão os últimos. rsrs
31-08-2012 às 17:21 ACHEI
O QUADRO NA PAREDE DELA MARAVILHOOOSOOOOO SUPER CULT IN!!!
31-08-2012 às 17:20 já existe
um caso que ganho manchetes pouco tempo atrás de um homem hetero que a ex esposa nao quis cuidar do filho e nao quis ficar afastada do trabalho e esse homem maxo pediu o direito de ter o direito da licença para cuidar do filho pequeno. ele ganhou. acho engraçado certas situaçoes contemporaneas, principalmente no brasil - as mulheres vivem querendo e exigindo direitos iguais aos dos homens, mas qdo é para nós homens (ou gays) termos direitos iguais às mulheres, não temos. o preconceito começa por aí - preconceito contra os homens heteros - imaginem entre os gays como existe preconceito! falei!