por Redação MundoMais
Quinta-feira, 21 de Janeiro de 2016
As produções de filmes, curtas-metragens e livros LGBT aumentaram consideravelmente durante os últimos anos, principalmente com as discussões sobre a temática na sociedade.
Para analisar e buscar entender um pouco as referências e ideias dos realizadores, Lufe Steffen reuniu 23 entrevistas com cinegrafistas e autores, que lançaram produções do gênero entre 1995 e 2015, no livro “O Cinema que Ousa Dizer seu Nome” (Editora Giostri).
Para o cineasta paulistano, as abordagens sobre a comunidade LGBT transformaram-se nos últimos 20 anos. “Elas mudaram no sentido de passar de uma visão mais cômica, leve, descompromissada, muitas vezes escrachada e quase sempre divertida, para uma visão mais séria, com mais sensibilidade e densidade, problematizando as questões e aprofundando os temas”, compara Lufe
O autor assistiu a todos os filmes antes de conversar com os cineastas e revela uma curiosidade: ele é o 24º entrevistado para o próprio livro. “Achei que eu mesmo devia ser entrevistado já que sou um cineasta e todos os meus 11 filmes também estão focados no mundo gay.”
Ele diz ainda que a inspiração veio do músico Glenn Gould, que tinha mania de auto entrevistar. “Por mais bizarro e egocêntrico que isso possa parecer, acredito que foi a opção mais justa e coerente no caso. Então tratei o Lufe Steffen cineasta como se ele fosse outra pessoa, como se fosse mais um cineasta entre os 23 que eu tinha entrevistado”, completa.
Representatividade trans
Lufe acredita que o “T”, que representa travestis, transgêneros e transexuais, continua sendo a mais enigmática do rótulo LGBT por conta do preconceito e ignorância da sociedade em geral.
“O segmento T continua sendo o mais discriminado da comunidade LGBT. Por isso, talvez, seja um desafio maior focalizar esse segmento nos filmes. Mas acredito que esse panorama está mudando rapidamente”, diz.
O autor considera que ainda há temas pouco abordados pelas produções sobre o gênero. “A existência da bissexualidade de fato; a questão dos homens transexuais (mulheres transexuais são mais comuns nos filmes); o direito da pessoa mudar de sexualidade quando quiser; a destruição dos conceitos de masculino e feminino”, enumera.
Dentre as produções analisadas estão “Jiboia”, de Rafael Lessa, “O Pacote”, de Rafael Aidar, “Homem Completo”, de Rui Calvo e “Café com Leite”, de Daniel Ribeiro.
O livro “O Cinema que Ousa Dizer seu Nome” será lançado em 23 de janeiro no Espaço Parlapatões, na Praça Roosevelt, 158, em São Paulo, das 17h às 20h.