ASSINE JÁ ENTRAR

Degenerados

Fascistas criaram ilha gay na Itália para confinar homossexuais.

por Redação MundoMais

Segunda-feira, 27 de Novembro de 2017

Há 75 anos, durante o fascismo na Itália, um grupo de homens rotulados de “degenerados” foi expulso de casa e internado em uma ilha. Eles eram mantidos em cárcere privado, mas alguns deles dizem ter vivido uma experiência liberalizante nesta que teria sido a primeira comunidade abertamente gay do país.

Segundo a BBC. todos os anos, turistas são atraídos pela beleza dessa pequena faixa de ilhas vulcânicas do Mar Adriático. Mas apenas recentemente um grupo de visitantes chegou ao arquipélago de Tremiti, não apenas para aproveitar a paz e o sossego do lugar, mas para lembrar um fato importante.

O grupo era formado por ativistas de direitos dos gays, lésbicas e transgêneros. A visita foi para realizar uma pequena cerimônia relembrando um triste episódio que aconteceu na ilha há 70 anos.

Avanço da degeneração

Por volta do final dos anos 1930, o arquipélago teve participação importante no esforço dos fascistas de Benito Mussolini de suprimir a homossexualidade. Os gays atrapalhavam o projeto do líder fascista do país, que queria disseminar uma Itália de imagem masculina.

A estratégia era a de encobrir a questão de todas as formas possíveis. Leis discriminatórias contra gays acabaram não sendo aprovadas na época, mas o clima criado não permitia manifestações de homossexualidade, que poderiam ser vigorosamente reprimidas.

Livro

Assim, em 1938, cerca de 45 homens acusados de serem homossexuais em Catania, na Sicília, foram presos e enviados a um exílio interno. Subitamente, o grupo se viu confinado a 600 km de distância, na ilha de San Domino, em Tremitis, no Mar Adriático.

O episódio foi totalmente esquecido. Acredita-se que ninguém que tenha enfrentado a punição continue vivo atualmente, e existem apenas poucos relatos do que aconteceu na ilha. Mas no livro “A Ilha e a Cidade”, os pesquisadores Gianfranco Goretti e Tommaso Giartosi falam de dezenas de homens, a maioria de Catania, e as duras condições que enfrentaram em San Domino.

Eles teriam chegado algemados e então abrigados numa casa ampla de dormitórios espartanos, sem eletricidade ou água encanada.

Os prisioneiros sabiam que a exposição de sua homossexualidade teria causado vergonha e raiva de seus familiares em lares extremamente conservadores nas cidades e vilas italianas. Um pouco dessa atmosfera é capturada na carta de um filho para um pai pobre e agricultor. Ele estava estudando para ser padre quando foi preso.

Implorando às autoridades judiciais para deixá-lo ir pra casa, ele escreveu: “Imagine, Sua Excelência, o dor do meu amado pai. Que desonra para ele!” “Exílio por cinco anos… Isso me enlouquece só em pensar”.

O prisioneiro, identificado apenas como Orazio L, requisitou a chance de deixar a ilha para “servir à Pátria” no Exército. “Me tornar soldado, e depois retornar ao seminário para viver em confinamento é o único jeito no qual eu posso reparar o escândalo e a desonra para a minha família”, escreveu.

Exclusivamente gay

Um grande número de homens gays foi internados juntamente com prisioneiros políticos em outras pequenas ilhas, como Ustica e Lampedusa, mas San Domino foi única em que todos os exilados eram gays. É extremamente irônico, levando em conta a situação na Itália daquele tempo, que os gays pudessem encontrar um certo grau de liberdade apenas em uma prisão numa ilha.

Na celebração dos gays ativistas de direitos humanos, que se reuniram no arquipélago há algumas semanas, foi inaugurada uma placa em memória dos exilados. O marco foi uma lembrança perene da perseguição de Mussolini contra homossexuais na Itália.

“Isto é necessário, porque ninguém sabe o que aconteceu naqueles anos”, disse um dos ativistas, Ivan Scalfarotto, que também é membro do Parlamento, em Roma. Ele afirma que a comunidade gay ainda sofre na Itália. Os homossexuais não são mais presos e despachados para ilhas, mas até mesmo hoje em dia eles não são considerados cidadãos “classe A”.

Para Scalfarotto, ainda existe o estigma social ligado à homofobia na Itália, já que o Estado não estende todos os direitos civis a casais homossexuais. Por isso, Scalfarotto acredita que a luta pela igualdade continua na Itália.

07-12-2017 às 23:28 Kako
Vejam como as notícias tendenciosamente burras induzem os burros ao erro: com o vocábulo "criaram", a matéria cria uma dubiedade. Isso foi lá atrás. Mas é possível entender que acabou de ocorrer. O nosso amigo aqui, o Drizella, já foi a primeira vítima. Ele acredita que o fato é presente e não passado. Sorria redator do Mundo Mais. Quando perder esse emprego, monte uma loja de discos dos anos 1960. Aquela era uma época mais apropriada para plantar pegadinhas desse tipo.
27-11-2017 às 18:02 Drizella.
Puts grilo, mais essa agora!? Estamos perdidos! Beijos Brasil!