por Redação MundoMais
Sexta-feira, 25 de Janeiro de 2019
A decisão do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) de não assumir um novo mandato na Câmara dos Deputados após sofrer uma série de ameaças de morte, segundo o próprio, dividiu lideranças da comunidade LGBT. Embora reconheçam que o parlamentar deve zelar por sua vida - ele só anda em carro blindado e sob escolta policial -, setores da militância acreditam que Jean deveria refletir mais antes de se retirar do Legislativo.
Presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Harrad Reis avalia que o anúncio de Jean deixa o movimento "órfão de uma liderança".
"É uma decisão drástica, mas apoio, ele está cuidando da vida dele - diz. - Vivemos uma época amedrontadora. Imagine o medo sentido por alguém que não tem escolta. Estamos fazendo uma lista de outras pessoas que se sentem ameaçadas para ver como podemos ajudá-las. Eu mesmo estou reivindicando a cidadania britânica. Se aumentar a violência contra nossa comunidade, não descarto deixar o país.
Segundo Reis, a saída de Jean não compromete a pauta do movimento gay no Congresso, já que outros parlamentares têm projetos de lei que atendem a militância LGBT.
Fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott condena a decisão de Jean e o modo como o deputado atua na Câmara. "Foi uma decisão lastimável, um pouco precipitada. Jean decepcionou milhões de LGBTs e simpatizantes que esperavam que ele fosse porta-voz da equiparação da homofobia ao crime de racismo - critica. - Faltou ao deputado um maior diálogo com a militância e os opositores. Deveria ter mais equilíbrio em suas declarações públicas, e não cuspir na cara dos outros (como fez em uma discussão no plenário da Câmara com o então deputado Jair Bolsonaro em 2016).
Mott, no entanto, afirma que torce para que o deputado "faça mais pela comunidade LGBT fora do Congresso" e que ele retorne "com melhores condições de sobrevivência".