por Redação MundoMais
Quarta-feira, 31 de Julho de 2019
Com 1,81m de altura, estilosa e com um quê de androginia, Gabrielle Gambine está chamando atenção de marcas alternativas e novos estilistas. Uma realidade impensada há uma década quando a modelo e estudante de Artes ainda era chamada de Gabriel.
Transexual assumida, ela é sobrinha de Roberta Close e vem trilhando o mesmo caminho da musa, hoje com 54 anos. Mesmo com o apoio da tia e dos parentes, Gabrielle teve medo da transição. “Tive medo do abandono, julgamentos de amigos, familiares, medo do estado e da sociedade hostil, que são extremamente hipócritas e nos subjulgam, condenam, patologizam, desumanizam e não nos dão oportunidade de uma existência digna, na rua, na escola, na universidade e no mercado de trabalho”, diz Gabrielle, profunda conhecedora da dura realidade que cerca os LGBTs no país.
A transição hormonal começou há cerca de um ano, mas Gabrielle conta que no espelho já se via como mulher desde criança. “Já me sentia como mulher e essas foram maneiras de reivindicar, materializar isso tudo. E o nome que eu escolhi, consecutivamente, veio junto disso. Primeiro, pensei em Gabrielle porque desde pequena amigos e familiares me tratavam como, Gabi, Gabs, Bibi e eu sempre gostei. Depois pensei em Maria porque quis homenagear minhas duas avós e minha mãe, já que elas têm Maria no nome. Então, Gabrielle Maria foi o nome que escolhi para impor o respeito e a forma feminina que quero e espero ser tratada”, conta ela, que conseguiu mudar seus documentos recentemente: “foi um grande marco pra mim”.
Fã da tia, que chegou a desfilar para grifes estrangeiras e fez enorme sucesso no fim dos anos 80, Gabrielle diz que Roberta é uma referência. “Meu contato com a Roberta me ajudou e beneficiou enquanto referência de coragem, beleza e sabedoria. Ela é um ícone fashion e uma pessoa incrível! Ter alguém assim na minha família foi um privilégio, porque tive um exemplo de que nós, pessoas trans, podemos e somos capazes de fazer e exercer uma profissão e o que quisermos nas mais diferentes áreas, como qualquer outra pessoa”, elogia ela, que no entanto, não quer pegar carona na fama da tia: “Nunca quis citar ou me usar disso para conseguir mídia. Acho que é importante deixar nítido que admiro e respeito demais a Roberta e que reconheço a sua história, mas quero buscar meus próprios caminhos”.