por Redação MundoMais
Segunda-feira, 29 de Junho de 2020
“Seja o que quiser ser. O importante é ser você”. Ela toca o teclado enquanto canta com sua voz e presença marcantes. Neste ano, Majur participou da parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo assim, cantando. Ela enviou uma música para o megaevento virtual que foi organizado. Escreveu especialmente para esse dia de manifesto.
“Eu criei uma música para esse momento que estamos passando, acho que nós, LGBTQIA+, precisamos nos enxergar mais para conseguir nossos espaços, porque ainda sinto insegurança do povo LGBTQIA+. A gente luta há muito tempo e são poucos os avanços em relação ao que acontece na sociedade. Conseguimos muita coisa que tem ajudado bastante, mas tem que encorajar as pessoas, motivar, mostrar que existe força e que está dentro da gente”.
Majur, hoje com 24 anos, viu a vida mudar e a carreira explodir com grande força há pouco tempo. Ela começou a cantar no coral da igreja evangélica aos 5 anos, mas nessa época estava longe de achar que um dia viveria de música. Ajudou a mãe a catar material reciclável, vender picolé e brinco na praia, foi expulsa do colégio da PM em que estudava na adolescência (e cantava também no coral) e expandiu os horizontes quando começou a faculdade de design – que abandonou para se dedicar à sua arte. Nesse período, vieram outras mudanças. Passou a se apresentar de forma diferente. Às vezes se refere a si mesma mesma no masculino, às vezes no feminino. Explica que em sua fala isso se mistura mesmo, mas esclarece que prefere que os outros a tratem no feminino e se coloca como uma pessoa trans não binária.
Essa última mudança ocorreu antes de decidir que era de música que tinha que viver – e a começar a se apresentar nos bares de Salvador. Majur chamou a atenção de gente conhecida, empresários e grandes nomes da música.
Hoje, já conta com parcerias e apresentações com Caetano Veloso, Maria Gadú, Liniker, Pablo Vittar, Emicida, entre outros. É agenciada pela Uns Produções e Filmes, produtora de Paula Lavigne (Majur deu uma canja na casa dela e de Caetano e os vídeos feitos por lá circularam com agilidade). Aí foi tudo muito rápido mesmo.
“Eu não tive tempo de ter esse momento e parar para pensar em tudo. Ou eu tomava aquilo na hora e encarava, vestia a camisa, ou poderia ser mais uma pessoa que chegou ali e não deu tudo de si. E eu queria mostrar que eu estava preparada, tinha profissionalismo”.
Atualmente, ela já prepara os novos trabalhos. Assim que possível, vai a São Paulo gravar seu disco. Quer também fazer um vídeo com a música que lançou na parada do Orgulho LGBT+. E é só o começo. “Hoje eu posso dar valor a todo o caminho que tenho trilhado, sempre lembro de tudo que aconteceu e olho onde eu estava e onde estou... e tem mais lugares para chegar, nem saí do país ainda”. Enquanto isso, segue em sua terra, recarregando energias e respirando fundo. Nutrindo sua coragem, e sendo indisciplinada.