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Filme sobre amor lésbico quer driblar censura na Nigéria

O assunto é polêmico no país, onde as relações entre pessoas do mesmo sexo são teoricamente puníveis com até 14 anos de prisão.

por Redação MundoMais

Quinta-feira, 27 de Agosto de 2020

Duas jovens aparecem na tela, reclinadas em uma cama, falando sobre a esperança de ter filhos. Elas são protagonistas de um novo filme nigeriano chamado Ife, que retrata sua história de amor.

O assunto é polêmico na Nigéria, onde as relações entre pessoas do mesmo sexo são teoricamente puníveis com até 14 anos de prisão.

Em entrevista à Reuters, a produtora Pamela Adie disse que “Ife” - que significa “amor” na língua iorubá amplamente falada no sudoeste da Nigéria - será lançado online para evitar qualquer possível movimento de censura.

“Eu realmente sinto que a comissão de censura está empenhada em impedir que esse tipo de história chegue às telonas e isso está sufocando a criatividade”, afirmou Adie, que se recusou a fornecer uma data de lançamento.

No trailer, lançado ainda no mês de julho, as personagens aparecem discutindo a relação e uma delas afirma que tem medo de precisar, em algum momento, fazer uma escolha entre sua família e sua felicidade.

“O papel do filme não é dizer ‘isso é certo ou não’. Acho que o papel do filme, e de um cineasta, é retratar a realidade como ela é”, declarou Adie.

Até o momento, ninguém foi condenado pela lei que proíbe relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, que entrou em vigor em 2014, mas ativistas e especialistas que trabalham com o tema no país dizem que ela tem sido usada para extorquir suspeitos em troca de não prendê-los ou acusá-los formalmente.

Segundo relatório da ILGA (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Intersexuais), divulgado em janeiro de 2019, cerca de 70 países ainda criminalizam relações homoafetivas. Deles, 68 têm leis contra a prática. Em 44 países, a proibição vale para todos os gêneros. Nos demais, apenas para homens.

Segundo o relatório, o continente africano é o que mais criminaliza a homossexualidade. No total, são 33 os países que tratam relações homoafetivas como criminosas. Porém, em 2019, dois países do sul da África retiraram a proibição: Angola, em janeiro; e Botsuana, em junho.