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J.K. Rowling devolve prêmio após acusações de transfobia

Autora dos livros da saga Harry Potter devolveu um prêmio que recebeu da fundação de Direitos Humanos.

por Redação MundoMais

Terça-feira, 01 de Setembro de 2020

A escritora diz ter "grande divergência de opiniões" com organizadores do prêmio e não vê outra escolha, a não ser devolvê-lo.

A escritora J.K. Rowling, autora dos livros da saga Harry Potter e da franquia cinematográfica derivada, Animais Fantásticos, devolveu um prêmio que recebeu da fundação de Direitos Humanos batizada com o nome do falecido senador Robert F Kennedy.

O prêmio Ripple of Hope, cujos vencedores anteriores incluem Barack Obama, Joe Biden e o arcebispo Desmond Tutu, é concedido a pessoas que demonstram "compromisso com mudanças sociais" e foi concedido à autora de Harry Potter em dezembro de 2019 por seu trabalho com uma instituição de caridade para crianças.

Em um comunicado oficial, a escritora afirma que considerou "incorreto" o posicionamento de Kerry Kennedy, que a considerou "responsável por machucar pessoas trans". Rowling fez questão de relembrar que é uma antiga doadora de caridades voltadas à comunidade LGBT e sempre apoiou o direito de pessoas trans de viver livre de perseguição, mas reafirmou algumas de suas posições justificando que sua luta é pelo direito das mulheres.

"Nenhum prêmio ou homenagem, não importa minha admiração pela pessoa que o concebeu, significa tanto pra mim a ponto de eu renunciar ao direito de seguir as regras de minha própria consciência", ela disse, em comunicado, sobre a decisão de devolver a homenagem.

Em sua manifestação, Rowling repetiu comentários que revoltaram fãs de Harry Potter, ao chamar a defesa dos direitos trans de "radical" e afirmar que "há conflito entre o atual movimento radical pelos direitos trans e os direitos das mulheres".

Rowling começou a se manifestar publicamente contrária aos direitos transexuais em dezembro passado, ao defender uma mulher demitida por tuitar que as pessoas não podiam alterar seu sexo biológico. Naquele momento, ela se posicionou contra uma legislação do Reino Unido que permitiria que as pessoas trans pudessem assumir suas identidades sociais.

Os ataques foram retomados em junho com ironias contra "pessoas que menstruam", que não seriam mulheres (reveja aqui). Os comentários se acirraram e Rowling acabou publicando um texto longo em seu site pessoal contra o "ativismo trans", que, segundo sua interpretação, colocava mulheres em perigo.

"Eu me recuso a me curvar a um movimento que eu acredito estar causando um dano demonstrável ao tentar erodir a 'mulher' como uma classe política e biológica e oferecer cobertura a predadores como poucos antes dele", ela escreveu. "Quando você abre as portas dos banheiros e dos vestiários para qualquer homem que acredite ser ou se sinta mulher – e, como já disse, os certificados de confirmação de gênero agora podem ser concedidos sem a necessidade de cirurgia ou hormônios –, você abre a porta a todo e qualquer homem que deseje entrar. Essa é a verdade simples", disse a autora.

Por conta dessas posições, ela foi criticada pelos três astros dos filmes de Harry Potter, Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint, bem como pelo protagonista do prólogo Animais Fantásticos, Eddie Redmayne, e ainda ganhou uma lição de Nicole Maines, estrela de Supergirl que vive a primeira super-heroína transexual da TV, que escreveu um longo ensaio para demonstrar como a falta de fundamento dos argumentos da escritor expressariam apenas preconceito.

A polêmica tomou proporções tão grandes que a Warner não sabe o que fazer em relação a Animais Fantásticos 3, que perdeu cronograma de filmagens, embora estivesse em pré-produção quando a pandemia paralisou seus trabalhos. E atitudes como a devolução de um prêmio por realizações humanitárias, acompanhado por discurso anti-direitos trans, só piora a situação.

06-09-2020 às 17:12 Renato1
E eu kiko? Muito edificante.......SQN!
05-09-2020 às 05:05 Para Felipe 2
Voltei só porque esqueci de mencionar um dos casos mais graves. Bolsonaro rebaixou o departamento de combate ao HIV no Ministério da Saúde, criado no governo FHC, fortalecido nos anos do governo PT, e que se tornou um modelo mundial de sucesso no combate à Aids. Essa é uma questão que atinge não só à população LGBTQIA+, mas é inegável a prevalência da epidemia dentro da nossa comunidade. Tratar da nossa saúde com esse descaso talvez seja um dos maiores ataques, mais sérios, mais danosos, que tenhamos sofrido nesses quase dois anos de desgoverno. O departamento que cuidava do assunto virou uma simples coordenação, com redução de equipe e de recursos. Teve ainda incluído em sua atribuição duas doenças não relacionadas ao contágio sexual: hanseníase e tuberculose. Não há duvida que a mudança tem um potencial de enfraquecer a política de combate à Aids, reduzir a importância do tema, e aumentar o estigma na nossa comunidade. Taí seu paralelo com os outros governos.
05-09-2020 às 04:25 Para Felipe
Caro, não sei em que país você está vivendo ou que jornais anda lendo. Mas no primeiro dia de governo, por exemplo, seu presidente editou uma portaria que retirou a população LGBTQIA+ das diretrizes de ação da Secretaria de Direitos Humanos. PUM! Numa canetada, toda essa comunidade, da qual você aparentemente também faz parte, desapareceu das atribuições da pasta. Esse é só um caso, e sim, aconteceu logo após a posse presidencial. De lá pra cá, um ano e meio se passou. Preciso falar da violência simbólica de "menino veste azul e menina veste rosa"? Do ataque ridículo ao casal do golden shower no carnaval de 2019? Então falemos de ataques: em junho do ano passado, um PM foi impedido de portar a farda para pedir o namorado em casamento. É importante lembrar que, para héteros, as polícias militares e as forças armadas incentivam que seus membros se casem com as fardas de gala, como sinal de orgulho e respeito à corporação. No mês seguinte, o presidente, de novo, barrou o financiamento pela Ancine com filmes de temática LGBTQIA+. Em setembro, o prefeito do Rio, protegido pelos atos homofóbicos do presidente, tentou adotar a mesma estratégia bolsonarista de fazer campanha política jogando pra plateia raivosa que engaja: fez notícia barrando a venda de um quadrinho com beijo gay da Bienal do Livro. Em outubro, o filho Zero Três virou meme usando uma camiseta que ridicularizava a sigla LGBTQIA+. Em janeiro desse ano, numa coletiva ao lado do já esquecido ministro da Educação, o presidente disse que os pais querem que o filho seja “homem†e a filha, “mulherâ€. Há inúmeros exemplos, bem documentados por bons sites de notícias. Basta ler. Portanto, o ataque à comunidade LGBTQIA+ não é uma "projeção" da cabeça de quem vive na pele a violência que esses atos e frases representam. Na vida doméstica, nas ruas, no ambiente de trabalho, eles se amplificam entre os apoiadores de Bolsonaro. Deixam de ser violência simbólica para virar violência física, real. Crianças gays expulsas de casa, transexuais assassinadas, etc. Os crimes de ódio contra nós cresceram cerca de 40% em todo o país nos primeiros meses de 2020. Em determinados estados eles chegaram a dobrar, ou seja, crescimento de 100%. Um relatório do próprio governo diz o Brasil registra uma morte por homofobia a cada 16 horas. E o presidente não só lava as mãos, como fortalece os ataques. Se você não entende isso como violência concreta, das duas uma. Ou você tem um problema de caráter ou de cognição.
02-09-2020 às 22:12 Felipe
Rainha (Helenão), continuamos esperando que você nos relate aqui um gesto CONCRETO deste governo em desfavor dos homossexuais. Passados quase dois anos de governo, qual foi a manifestação gay que Bolsonaro proibiu? Houve algum ambiente gay que tenha sido fechado pelo governo? Houve aumento dos casos de homofobia? Cara, existe, de fato, perseguição aos gays, aos transsexuais, por parte desse governo, ou TUDO ISSO NÃO PASSA DE PROJEÇÃO DE SUA CABEÇA? Vai, meu irmão, relate aqui pelo menos um caso, pra gente poder dissecar, discutir. Se possível, trace um paralelo com os governos do PT e mesmo do PSDB. Vai, querido. Estamos aguardando ansiosamente pelos seus dados. Mas dados concretos, Rainha (Helenão). Fantasias de sua cabeça não valem.
02-09-2020 às 21:14 Helenão
Fez bem em devolver,não merece...é como este governo bolsonarista formado pela pior escoria contra os LGBTs, o pior tipo de pessoa , que é a fanatica, a preconceituosa e que não merece sequer respeito de ninguém,pois não passam de um gado mediocre.
02-09-2020 às 01:20 Felipe
Ser anti-gay é tomar a homossexualidade alheia, como fazem os militantes gays, e usá-la como quem usa beiju em receita. É compreender-se não como gay logo humano mas como gay logo um guerreiro odioso. Seja pleno em sua sexualidade, meu filho!
01-09-2020 às 22:04 Cris
Sempre aparecendo "alguém" para fazer comentários anti-gays, no "site"... E julga que não percebemos.
01-09-2020 às 13:22 Felipe
Mais uma que sucumbiu à censura. Que pena!