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Criminalização da LGBTfobia não saiu do papel e repercute simbolicamente

"Só teremos a inibição dessas atitudes quando tivermos a incorporação do crime de homotransfobia nos protocolos policiais", diz especialista da FGV.

por Redação MundoMais

Quinta-feira, 08 de Outubro de 2020

Em junho do ano passado, em uma decisão histórica, o STF (Supremo Tribunal Federal) equiparou comportamentos homofóbicos e transfóbicos ao crime de racismo. Havia a expectativa que a decisão da corte não só pudesse pressionar o Congresso a criar legislação específica sobre, mas também alterasse o quadro de preconceito e violência dirigidos a esta população com a possibilidade de denúncia.

No entanto, um ano e quatro meses depois, pouca coisa mudou na prática. Especialistas dizem que a criminalização ainda não saiu efetivamente do papel e que ainda há subnotificação. A aplicação da decisão do STF ainda apresenta caráter, sobretudo, simbólico.

“A decisão tem um papel educativo no sentido de que mostra para a sociedade que a homotransfobia é um crime sério e não pode ser praticado”, afirma Thiago Amparo, advogado e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

“Eu acho que só teremos, de fato, a inibição dessas atitudes e a consolidação da decisão do STF quando tivermos a incorporação do crime de homotransfobia nos protocolos policiais. Isso não acontece e o que temos, na verdade, é uma grande subnotificação destes crimes”, pontua.

Só que o mau exemplo tem vindo, inclusive, de autoridades. Recentemente, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, definiu o “homossexualismo” como “opção” e afirmou que ele é fruto de “famílias desajustadas”. A declaração do integrante do governo Bolsonaro foi dada ao jornal O Estado de S. Paulo.

Na semana passada, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, pediu ao Supremo a abertura de um inquérito para apurar se o ministro cometeu o crime de homofobia.

“A decisão do STF pode ser aplicada aqui porque ele não só associou a homossexualidade a famílias desajustadas, como chamou toda essa população de doente, cometendo um erro crasso. Há 30 anos a OMS já disse, em documentos oficiais, que a homossexualidade não é doença”, analisa Ananda Puchta, advogada e presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB no Paraná.

“Ao fazer uma declaração pública dessa ordem, ele já está incorrendo em preconceito e discriminação. E ao dizer que os homossexuais são assim porque têm famílias desajustadas e porque ‘optam’ ser quem são é também um não entendimento da natureza humana”, diz a advogada. “Investigações como essas, de uma autoridade do governo, são positivas e podem ter um efeito prático por provocar o Estado a agir da forma correta.”

Recentemente, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, definiu o “homossexualismo” como “opção” e afirmou que ele é fruto de “famílias desajustadas”.

No documento, o procurador responsável sugere que o ministro preste depoimento à Polícia Federal. O relator do caso no STF é o ministro Dias Toffoli. Cabe ao magistrado decidir a abertura do inquérito.

No entendimento de Medeiros, a afirmação do titular da Educação pode caracterizar uma infração penal ao induzir ou incitar a discriminação ou preconceito, conforme decidido pelo STF em 2019.

10-10-2020 às 22:59 Felipe
O Brasil gasta muito em educação e gasta mal, alimentando universidades inúteis. Essa, sim, deve ser a preocupação do ministro. Em uma frase: acabar com a farra das universidades públicas, que gastam bilhões do povo pobre brasileiro e entregam nada.
09-10-2020 às 18:07 Ivan
Numa pasta tão importante como a Educação, em que precisamos de políticas inclusivas, onde se lida com o bullying e o preconceitos nas escolas não acredito que o Ministro proferiu essas palavras, demonstrando total despreparo para lidar com os jovens e as crianças, que formarão o futuro do país. É total ignorância com a genética inata dos homossexuais! Mais um conservador, burro e machista no governo homofóbico. Segundo o prof. da FGV A criminalização da homofobia anunciada pelo STF está apenas no papel, porém o vice- procurador já se manifestou que cabe ação junto ao STF. Então, a coisa funciona, mas parece só que em última instância. Ao menos já é um motivo para cobrar as autoridades.
08-10-2020 às 16:53 Felipe
E quando um transsexual mete a lâmina no cara que passa na rua, um boy dá boa noite cinderela no cliente, que acaba morrendo de parada cardíaca. esses casos também deveriam ser tipificados como LGBTfobia? Gente, 80% dessa conversa é fiada.
08-10-2020 às 11:05 Helenão
Do jeito q as coisas vão o STF logo sera tomado pela horda de canalhas conservadores religiosos hipocritas e farao de td p inviabilizar a lei para serem aplaudidos pelos sepulcros caiados mas podres por dentro que sao seus iguais na sociedade brasileira,os cristaos para inglês ver...batem no peito a palavra de Deus,mas não tem sequer carater.