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Memorial inaugura exposição que aborda a resistência LGBT durante a ditadura

Mostra faz um recorte sobre as relações entre autoritarismo e diversidade sexual e de gênero.

por Redação MundoMais

Quinta-feira, 15 de Outubro de 2020

O Memorial da Resistência de São Paulo, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo dedicado à preservação de referências das memórias da resistência e da repressão política do Brasil republicano (1889 à atualidade), inaugura hoje, 15 de outubro, a nova exposição: "Orgulho e Resistências: LGBT na ditadura". A mostra, realizada em parceria com o Museu da Diversidade Sexual, sob a curadoria de Renan Quinalha, faz um recorte sobre as relações entre autoritarismo e diversidade sexual e de gênero.

“Para o Memorial o reconhecimento desses lugares e vozes são um importante instrumento de educação para a cidadania, uma vez que aproxima os fatos que ocorreram no passado com as permanências no presente. Ainda que muitos direitos tenham sido conquistados e políticas públicas implementadas durante as últimas décadas, o Brasil segue entre os países que mais matam pessoas LGBTs”, afirma a coordenadora do Memorial da Resistência, Ana Pato.

Exposição

A exposição vai além de demonstrar a narrativa da repressão durante a ditadura e se volta à série de ações de resistência que surgiram, neste período, em defesa da diversidade. O público terá acesso a obras literárias, cartazes de peças de teatro, músicas, filmes, fotografias e materiais que confrontavam a censura na época, além de documentos oficiais da ditadura.

Dentre os destaques estão fotografias de Vânia Toledo e um desenho inédito da cartunista Laerte Coutinho no tocante a pluralidade de gêneros. Mesmo num contexto repressivo, a mostra aborda o movimento LGBT dando os seus primeiros passos. Uma série de fotografias exemplifica como a sociabilidade de homossexuais e travestis era cada vez mais visível e crescente em alguns bares e boates da região central da cidade de São Paulo.

A exposição atesta como, dependendo do poder aquisitivo, a comunidade LGBT se dividia. A Boca do Luxo, nas proximidades dos bairros República e Vila Buarque, era uma área frequentada por quem tinha melhores condições. Separados pela desigualdade de renda, existia a Boca do Lixo, em Santa Ifigênia, que ficou conhecida como a maior região de prostituição da história de São Paulo. “A Boca do Lixo ocupava exatamente a região onde o Memorial está e vamos exemplificar uma série de ações repressivas que acontecia neste local por meio de imagens de arquivos policiais, das prisões, recortes de matérias de jornais”, explica Renan.

O público poderá perceber como as prisões em massa foram instrumento do Estado para reprimir tipos sociais “indesejáveis”, baseados no ideário da moral e dos bons costumes. E o projeto curatorial reforça como essas prisões se mantiveram frequentes após o golpe de 1964 com a intenção de manter uma espécie de “higienização moral”, sendo comumente batizadas de Operação Boneca, Operação Limpeza, Pente-Fino, Arrastão. Nas décadas de 60 e 70, a resistência também é demonstrada no âmbito cultural, com o surgimento de uma arte considerada transgressora e de contracultura. Para a mostra, uma das referências é o grupo Secos e Molhados que tinha como vocalista o Ney Matogrosso, de aparência andrógina, e que por meio da mídia chegava a inúmeras casas brasileiras, numa clara referência a pluralidade de gêneros.

"Orgulho e Resistências: LGBT na ditadura" contextualiza também o surgimento de um movimento LGBT mais organizado a partir de 1978. O visitante terá acesso a imagens de atos de rua e capas de publicações das imprensas alternativa que abordavam o assunto. Por fim, a exposição faz um paralelo ao demonstrar que mesmo com a constituição de um movimento mais organizado no fim da década de 70, muitas das reivindicações históricas do Movimento LGBT foram conquistadas bem recentemente, como a união estável e casamento homoafetivos (2011), mudança de prenome e sexo nos registros de pessoas trans (2018) e criminalização da LGBTfobia (2019). “A proposta desta exposição de conduzir e mudar o olhar para o passado diz respeito também ao desejo de olhar para o presente, a fim de buscar meios para que uma determinada versão da moral e os bons costumes não volte a ter o mesmo peso que teve há tão pouco tempo entre nós”, afirma Renan. Como parte do projeto de mediação da exposição, a Casa 1 – Casa de Cultura e Acolhimento LGBT foi convidada a desenvolver uma edição virtual do Instituto Temporário de Pesquisa sobre Censura. Em uma plataforma digital serão disponibilizados ao visitante materiais articulados aos eixos curatoriais da exposição, reunindo um conjunto de imagens, vídeos, áudios, textos, ilustrações e propostas de atividades.

Sobre o Museu da Diversidade Sexual

Primeiro equipamento cultural da América Latina relacionado à temática, o Museu da Diversidade Sexual foi criado em maio de 2012 e é uma instituição vinculada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. Sua missão é preservar o patrimônio sócio, político e cultural da comunidade LGBTI+ brasileira através da coleta, organização e disponibilização pública de referenciais materiais e imateriais. As atividades culturais, educativas e expositivas do MDS têm foco nas orientações, identidades e expressões de gênero dissidentes.

O Museu da Diversidade Sexual (MDS) está localizado dentro da Estação República do Metrô, n° 24. R. do Arouche, atrás da bilheteria. Piso Mezanino, loja 518.

Serviço:

Memorial da Resistência de São Paulo
Reabertura: a partir de 15 de outubro de 2020
Horário de funcionamento: das 12h às 18h
Endereço: Largo General Osório, 66, Luz
Grátis, mas é preciso reservar a data e horário de visitação pelo site.
www.memorialdaresistenciasp.org.br

Orgulho e Resistências: LGBT na ditadura
Período: de 15 de outubro de 2020 até 26 de abril de 2021
Classificação indicativa: 12 anos

19-10-2020 às 22:52 marcos40
Felipe = Patrulha Ideológica.
18-10-2020 às 10:37 ParaFelipeLambeC*doBozo
Você que precisa trocar o disco querida. Sempre defendendo Neonazistas, Bozonaro, até a mulher que agrediu verbalmente o casal gay que estava no pet shop vc defendeu. Já tomou o seu Rivotril hj?
16-10-2020 às 11:29 Felipe
Troca o disco, Helena!
16-10-2020 às 09:49 Helenão
E agora precisa resistir a uma nova ditadura porém hipócrita,pessoas q podem ser hetero,mas nao tem carater algum,moralistas conservadores da pior especie,mercadores da fé,sem valor algum,um governo que é uma farsa,ministerios permeados por pessoas incompetentes,canalhas,a todo momento querendo prejudicar os LGBTs de alguma forma,agora querem questionar o STF sobre a criminalização da homofobia,ou seja,querem criar uma sociedade heteronormativa e branca,porem isto não é novidade,fez parte da plataforma politica destes fascinoras eleitos pelo povo.Nunca os Direitos humanos estiveram em tao pessimas maos e nunca os indigenas e LGBts foram tao desprezados pelas politicas publicas...como a ditadura um dia passou,estes patifes voltarão para o lodo de onde jamais deveriam ter saido.
15-10-2020 às 22:43 Felipe
Mas o senador, não esqueçamos, atuava como um dos líderes do governo no Congresso Nacional. Ou seja: um governo que sofre a impiedosa perseguição da Imprensa Antiga (alguns a têm definido como Imprensa Jeca), não encontra sustentação plausível no legislativo, sofre perseguição do STF, e então se põe a construir alianças com máfias e a indicar sujeitos medíocres como esse rapaz que acaba de ser indicado para vaga aberta no STF.
15-10-2020 às 22:38 Felipe
Rodrigo Maia. César é o pai do Nhonho.
15-10-2020 às 22:37 Felipe
O tal de Índio, primo dosfilhos de Bolsonaro e provável caso Carluxo, é assessor do senador apanhado com dinheiro no cu. Gente, que lamentável para um governo que erroneamente havia anunciado o fim da corrupção no Governo Federal. Claro que essa infâmia desse senador pertence ao DEM, o partido do Nhonho, o Botafogo, o César Maia.
15-10-2020 às 22:24 marcos40
Tem gente paga (pela rachadinha do Queiroz) para defender um governo indefensável, que elogia a ditadura.
15-10-2020 às 20:41 Felipe
Sem dúvida. Mas hoje, querida (adorei o "Felipa"), hoje, meu bem, essa pregação ideológica virou opção empresarial de alguns espertalhões, que faturam absurdos com a sua, a minha sexualidade. Sim, o que nasceu em Stonewall, e foi nobre, está existindo como farsa.
15-10-2020 às 13:24 p/Felipa
É graças à "bandeira ideológica" - que você acha um equívoco - que hoje você tem os direitos e regalias do nosso século. Gays do passado levantaram essa bandeira e muitos derramaram seu sangue pra você ter os direitos reconhecidos atualmente.