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'The Boys In The Band' ainda tem muito a dizer sobre a vida dos gays em 2020

Estrelada por Jim Parsons e Zachary Quinto, a nova adaptação do drama gay seminal, dirigida por Joe Mantello, estreou na Netflix recentemente.

por Redação MundoMais

Segunda-feira, 19 de Outubro de 2020

Dependendo de para quem você pergunta, a peça The Boys in the Band, de 1968, ou é um marco que captou os sentimentos de homens gays antes da revolta de Stonewall ou é um retrato estereotipado que, em última análise, representa uma traição à comunidade LGBT em geral.

Com esse legado controverso em mente, o diretor Joe Mantello espera que os espectadores abordem sua adaptação cinematográfica de The Boys in the Band como “uma história específica sobre pessoas específicas numa noite específica”, levando em conta os avanços sociais que pareciam fora do alcance de pessoas LGBT na época em que a peça foi escrita.

Dono de dois prêmios Tony, Mantello primeiro dirigiu The Boys in the Band na Broadway em 2018. Dois anos mais tarde, ele e o produtor Ryan Murphy reuniram outra vez o elenco integralmente gay dessa produção – incluindo Matt Bomer, Jim Parsons e Zachary Quinto – para fazer o filme, que estreou na Netflix recentemente. Graças a esse elenco fortíssimo, o novo Boys pode ter ganhado sua versão mais acessível de todas até agora.

“Mart Crowley (autor da peça) identificou determinadas verdades sobre a identidade gay, coisas que, apesar de essa história ser específica de um momento determinado de nossa história, parecem estar muito presentes também hoje”, disse Mantello ao HuffPost.

“Olhando desde uma perspectiva histórica – considerando que foi a primeira peça de teatro sobre a vida de homens gays que fez sucesso junto ao público mainstream e que ainda mobiliza as pessoas mais de 50 anos mais tarde ―, foi uma realização espantosa.”

Joe Mantello (primeira fileira, à esquerda) dirigiu a nova adaptação ao cinema de "The Boys in the Band", que estreou na Netflix semana passada.

Ambientado em 1968, o filme acompanha Michael (representado por Jim Parsons), que dá uma festa de aniversário em um loft elegante de Nova York para seu amigo Harold (Zachary Quinto).

Entre os convidados, estão o namorado intermitente de Michael, Donald (Matt Bomer), o decorador de interiores Emory (Robin de Jesús) e o artista Larry (Andrew Rannells), que está em um relacionamento com Hank (Tuc Watkins), que está prestes a se divorciar de sua mulher.

O clima ganha um tom dramático com a chegada do antigo colega de quarto de Michael, (Brian Hutchison), que é casado com uma mulher mas cuja sexualidade é questionável. A noite avança com álcool correndo solto e socos e insultos trocados. Quando o dia amanhece, cada um dos homens terá sido forçado a encarar sua sexualidade e identidade de frente.

Ryan Murphy chamou Joe Mantello – que é gay e tem em seu currículo profissional as peças de teatro queer seminais Angels in America, Love! Valour! Compassion! e The Normal Heart – para dirigir The Boys in the Band na Broadway para o cinquentenário da peça, dois anos atrás.

Os astros de “The Boys in the Band” (da esquerda para a direita) Tuc Watkins, Andrew Rannells, Matt Bomer, Jim Parsons, Zachary Quinto, Robin de Jesús, Brian Hutchison, Michael Benjamin Washington e Charlie Carver. Todos os atores são gays.

untos, Murphy e Mantello fizeram testes com uma multidão de atores, tanto gays quanto héteros. O fato de cada ator que acabou sendo escolhido ser gay não foi uma decisão intencional, disse Mantello, mas “um acaso feliz”.

“Não nos limitamos a fazer testes apenas com atores declaradamente gays”, ele explicou. “Mas, quando ficou claro que os nove escolhidos eram todos gays, é claro que isso influiu sobre o trabalho. Havia uma espécie de entendimento inato, sem palavras, que eles tinham entre eles e da temática do filme.”

A produção de The Boys in the Band na Broadway foi elogiada pela crítica e recebeu o prêmio Tony de Melhor Revival de uma Peça de Teatro em 2018. Murphy estava ansioso por repetir o mesmo sucesso com o filme.

O filme que vemos na Netflix utiliza o roteiro de Mart Crowley escrito para o filme de 1970 (no Brasil, Os Rapazes da Banda), com atualizações de Ned Martel, e se mantém bastante fiel à peça de teatro.

20-10-2020 às 15:59 MarcosDF
A temática do filme ( baseado em uma peça de teatro dos anos 60 ) não deixa de ser atual : Além do preconceito com a comunidade LGBT, vemos discussão sobre racismo, desigualdade social, religião e aparência. em conflito por não aceitarem seus corpos, família, emprego e estilo de vida. Os diálogos carregados de deboche e inveja acabam mostrando como os personagens não se sentem confortáveis nem em sua própria zona de conforto. Mesmo com a tensão criada pelo anfitrião com os seus convidados, fica a impressão que a amizade entre os personagens acaba funcionando como um refúgio seguro, mesmo que não ideal.