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Exodus: o grupo cristão que aplica práticas de cura gay na América Latina

Investigação entre cinco países revela atuação de rede de religiosos para reprimir homossexualidade e identidade de gênero.

por Redação MundoMais

Terça-feira, 05 de Janeiro de 2021

Encontro do Exodus no México

"Porque talvez ainda tenha atração pelo mesmo gênero significa que a pessoa tenha que viver isso? Não", diz Andréa Vargas, presidente da Exodus Brasil, em uma entrevista para um canal gospel no YouTube. Missionária evangélica que palestra sobre sexualidade a partir de uma perspectiva bíblica, ela está à frente também da Avalanche, uma agência de missões urbanas. Conversa com um público massivamente jovem em eventos com formatos modernos, que às vezes lembram TED Talks. Sua mensagem principal é: a homossexualidade é um pecado que pode, e deve, ser abandonado.

A Exodus, representada por Andréa Vargas no Brasil, é uma das operações de uma organização evangélica internacional chamada Exodus Global Alliance. Sua rede se estende por vários continentes articulando igrejas, missionários, políticos, psicólogos e defensores de terapias de reorientação sexual, a chamada "cura gay". Como o próprio nome sugere (Exodus, em português êxodo, significa saída), a entidade prega ser possível, para pessoas LGBTQI+, abandonar desejos e mudar de orientação sexual "por meio do poder transformador de Jesus Cristo".

Em 2013, a Exodus Internacional comunicou seu fechamento nos Estados Unidos. Na época em um comunicado oficial postado no site da organização Alan Chambers, ex-presidente do capítulo norte-americano, pediu perdão à comunidade gay, "por anos de sofrimento indevido e julgamento nas mãos da organização e da igreja como um todo". E admitiu: "nós machucamos pessoas".

Não foi o fim. Com uma sede no Canadá, a Exodus Global Alliance segue operando em escritórios regionais, inclusive nos Estados Unidos, onde mantém um endereço fixo em Michigan.

Na América Latina, a Exodus está bem ativa. Tem dois escritórios-sede, um em Cuernavaca, Morelos, no México, e outro em Londrina, Paraná, no Brasil. Nesses países, assim como em outros da região, o ministério interdenominacional funciona como um guarda-chuva para dezenas de entidades. Seus afiliados incluem igrejas evangélicas, ministérios defensores das terapias de reversão sexual e até psicólogos. Desde 2019, depois de presenciar um congresso da organização na cidade de Campinas, interior de São Paulo, a Pública tem investigado a atuação da Exodus no Brasil. E este especial traz, em parceria com OjoPúblico (Peru), El Surtidor (Paraguai), a jornalista equatoriana Desirée Yépez e Mexicanos contra la Corrupción y la Impunidad (México), em primeira mão, uma investigação sobre sua atuação e a de grupos antidireitos LGBTQI+ nos cinco países. No Paraguai e no Peru, não há dispositivos legais específicos que proíbam práticas de reorientação sexual, como no Brasil, onde uma resolução do Conselho Federal de Psicologia veta essas experiências desde 1999 ou no Equador, onde desde 2014 o Código Penal pune quem tortura alguém com essa finalidade. No México, igrejas evangélicas tentam barrar uma lei que pretende proibir, em território nacional, iniciativas que visam mudar a orientação sexual e identificação de gênero.

Dos EUA para o mundo

A história da Exodus começou nos Estados Unidos com Frank Worthen, considerado o pai dos ministérios de "ex-gays". O movimento de libertação LGBTQI+ havia eclodido no país, em manifestações como as de Stonewall. Nessa época, Worthen, que se dizia liberto da homossexualidade por Jesus e foi casado com uma mulher, fundou um ministério chamado Love in Action. A Exodus foi formada em 1976, durante um congresso de "ex-gays" que promoveu.

Depois o grupo passou a exportar missionários recrutados durante os eventos da Exodus. Em vários países, esses missionários replicam a estratégia norte-americana, alimentando uma rede de entidades afiliadas com treinamentos, congressos, materiais de estudo e livros. Pessoas em conflito com a própria sexualidade, sobretudo jovens, são o foco de congressos e programações da Exodus, onde a homossexualidade, geralmente chamada de SSA (same-sex attraction), é tratada como um pecado e um desvio de comportamento.

Segundo a Exodus, a orientação sexual de pessoas LGBTQI+ não é algo natural, mas consequência de traumas de infância, abusos e/ou problemas com os pais. Pode ser ainda associada a uma crise de identidade e até inveja da pessoa do mesmo gênero. Essas abordagens estão amplamente documentadas em textos e em vídeos dos membros da organização na internet.

O discurso da reorientação sexual deles caminha entre as sutilezas e os simbolismos religiosos. Os integrantes da Exodus e dos seus parceiros evitam termos já muito combatidos como "cura" para tratar de questões sexuais. Preferem falar de "sexualidade a partir de uma perspectiva cristã", "discipulado" e/ou de reorientação, reparação e restauração sexual. Dizem, inclusive, que não existe cura gay, ou seja, não dá para se libertar dos desejos. Mas é possível fugir da condenação ?" que é o inferno e a morte espiritual ?" evitando a prática, quer dizer, sendo celibatário, como conta nosso repórter que participou de um congresso da instituição no Brasil em 2019.

São conceitos como esses que a organização reverbera na América Latina. As mesmas crenças têm respaldado discursos LGBTfóbicos, como o do pastor Guayaquil Nelson Zavala, da Igreja Monte de Sião, no Equador. Ele garante ter convertido milhares de jovens à "sexualidade correta". Também embasam práticas de tortura psicológica, a exemplo da história da ex-seminarista de uma escola do grupo musical Diante do Trono, da igreja brasileira Batista da Lagoinha, em Minas Gerais. Ela contou à reportagem que, durante seminário, foi submetida a isolamento, terapia com psicólogos cristãos e exorcismos por ser lésbica.

A reportagem tentou falar com os representantes da Exodus no Brasil. A organização preferiu não marcar entrevista e enviou uma resposta pelo WhatsApp. No texto, a Exodus nega a prática ou o incentivo de terapias de reorientação sexual. Reproduzimos abaixo:

"A Exodus Brasil é uma rede de cristãos voluntários que procuram entender a sexualidade humana à luz da Bíblia e que se dedica à prática do discipulado conforme descrito em Mateus 28:18-20. Sendo assim, o assunto de práticas terapêuticas para reorientação sexual não faz parte do nosso objeto de pesquisa, tampouco da nossa atuação ministerial.

Seu último contato por WhatsApp afirma que houve relatos, sem nenhuma prova, conectando a Exodus Brasil à práticas de terapias de reorientação sexual. É necessário ressaltar o que já foi afirmado: a Exodus Brasil não pratica e repudia toda e qualquer prática ou incentivo de terapias de reorientação sexual. Afirmar que a Exodus Brasil pratica tais terapias seria caluniar e difamar a imagem da nossa instituição, o que não pode e nem será admitido por essa diretoria. Temos profundo apreço pela construção de uma sociedade marcada pela cultura de paz e garantia de direitos dos seus cidadãos. Somos movidos pela certeza de que todo ser humano tem valor e total direito a dignidade simplesmente pelo fato de ser humano. Sendo assim, nenhuma forma de violência contra a humanidade nas suas mais diversas possibilidades de expressão condiz com a missão do nosso ministério."

11-01-2021 às 13:28 Crente Conservador Bolsonarista
Sou homossexual passivo! E creio que o preconceito, um dia vai acabar, com muita fé em nossa senhora!
07-01-2021 às 00:01 Crente Conservador Bolsonarista
Glória a Deus temos esses irmãos pra ajudar a juventude que esta sendo bombardead por essa ondade que todos tem que ser homossexuais e trocar de gênero.
06-01-2021 às 10:35 Democrata
As pessoas devem ser livres pra fazer escolhas se uma pessoa julga melhor pra se se assumir vá em frente se alguém não quer isso pra vida dela e prefere se reprimir vá em frente e se alguém quer buscar uma forma de se livrar de desejos que ela não quer porque não?é por isso que se fala muito em ditadura gay
06-01-2021 às 09:02 Victor
Ao invés de se usar o sobrenatural, afinal tem sempre um evangélico por trás desses delírios de conversão sexual, que se incentivasse a tolerância, respeito, pelo outro, entender que cada um é o que é, se seu comportamento não esteja prejudicando as pessoas é válido e aceitável. Vamos parar de querer estereotipar os outros de acordo com um padrão, a diversidade é sadia e faz bem, isso é picaretagem, por trás disso é controle ideológico, lavagem cerebral, cooptando essas pessoas para seus interesses, não caiam nessa, as intenções são sinistras, seja você mesmo e se aceite como é, se você não se ama como os outros irão te amar?
06-01-2021 às 08:03 Lipe p/Cris
E, de mais a mais, claro, você tentou refutar a mim como indivíduo, pois minhas ideias, não tem como. É paradoxal defender liberdades de escolha, mas proibir o gay que, maior de 18, queira ir a esse grupo de apoio.
06-01-2021 às 08:01 Lipe p/Cris
Eu não mudo meu nome. Se for atrás de notícias, me verá comentando. Existem outros que pensam como eu. E se você tivesse um pouco mais de QI verificaria que a minha forma de escrever e do outro é diferente. Abraços e saiba que os gays só têm em comum gostar de homens. Existem gays até traficantes, sabia? Gays que desrespeitam o lockdown. Acorde, companheiro!
05-01-2021 às 13:53 Flávia
Misericórdia divina. Cruz credo!
05-01-2021 às 13:39 Crente Conservador Bolsonarista
Sou homossexual passivo! E creio que o preconceito, um dia vai acabar, com muita fé em nossa senhora!
05-01-2021 às 13:31 Cris
Como sempre, esse cara mudando até de nome, escrevendo contra os direitos dos gays e acredita que ninguém percebe que ele é um infiltrado no "site.",
05-01-2021 às 11:46 Lipe
É um processo complicado e acredito que, se pensar de verdade no assunto, sem ser panfletário ou reproduzir o que se vê em redes sociais, as pessoas terão o mesmo pensamento: não há conversão de sexualidade; pode haver um controle e o indivíduo não exercer mais o seu desejo. Isso é fato. E agora vem a polêmica: se eu tenho mais de 18 anos e, for de minha ESCOLHA, não posso entrar nesse grupo? Claro quem grupo desses em um menor obrigado pelospais é um crime e deve ser reprimido, mas um adulto deve ter direito de querer reprimir sua sexualidade se for de sua escolha. Não há uma tendência à tolerância do MEU CORPO, MINHAS REGRAS para aborto, para mudança de gênero, por que não pode haver tolerância para o indivíduo que não queira mais exercer sua homossexualidade?