por Redação MundoMais
Terça-feira, 23 de Março de 2021
Rodolffo foi indicado ao paredão ontem no Big Brother Brasil 21 pelo líder da semana, Gil, depois de ter feito um comentário sobre o vestido usado por Fiuk para a festa no último sábado (21). "Já imaginou um homem de vestido numa festa em Goiás?", questionou ele durante uma conversa no Quarto Cordel.
A peça foi enviada ao cantor e ator pela produção do reality, no entanto, essas vestes não são incomuns aos looks usados por Fiuk no confinamento — até antes de sua participação, esses trajes já protagonizavam publicações em seu Instagram.
Fiuk usa vestido em festa do Big Brother Brasil no sábado (20).
A marca por trás dessas roupas é a J. Boggo, criada pelo estilista Jay Boggo que, além do artista no BBB, veste ainda outras personalidades brasileiras, tais como Jesuíta Barbosa, Reynaldo Gianecchini, Mateus Solano, entre outros. "O Fiuk foi muito querido quando nos ligou e falou que queria fazer uma compra de peças sem gênero, justamente para usar no BBB. Ele já estava pronto para esse momento", comenta o estilista em entrevista para Nossa.
"Mas, para nós, não é o famoso em si que nos representa, ou deixa orgulhoso, de maneira nenhuma, mas sim o quão a imagem dele pública pode ajudar a libertar mais pessoas".
Em sua loja, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, Jay conta receber inúmeras visitas de homens, sejam eles heterossexuais ou homossexuais, que procuram pelas peças "ditas femininas".
"Há um grande bloqueio entre os homens", opina. "Quando o homem bota uma roupa dita como feminina, o que considero um crime, ele sofre um olhar maldoso. É uma alegria muito grande assistir esse processo aqui no nosso espaço, mas é mais feliz assistir na rua a pessoa já pronta, segura do que ela".
"Nós não falamos de sexualidade, a gente fala em libertação. Em ser tudo que você quer ser. Esse é o ponto".
O estilista Jay Boggo
Jay conta que o público heterossexual faz parte da sua clientela. Orientação sexual, nesse caso, não é um fator determinante, muito menos importante. "Inúmeros héteros entram na minha loja e dizem: 'que saia linda, vontade de usar isso'", conta. "Eu aconselho da seguinte forma: 'Não gasta seu dinheiro na dúvida. Não precisa comprar, mas brinca, prova, vê como você se sente'. É mais do que vender, é ver o que acontece com a pessoa quando ela se realiza. Ele se encoraja, percebe que vai além daquilo que acredita".
Os ataques ou piadas de teor duvidoso, segundo o estilista, são recorrentes não só com Fiuk como com qualquer outro homem que vista um vestido ou saia no cotidiano. Ele menciona, inclusive a si mesmo, como um dos alvos. "Eu vejo os ataques e acredito que temos que passar por cima disso", opina. "É importante também avaliar o processo de vida que a pessoa que julga tem. Seja de repressão, sofrimento ou desejo".
Quando saímos de saia ou vestido nas ruas, o que pra mim significa apenas um desejo, nós recebemos diversos xingamentos. Mas estamos fortalecidos pelo que nós somos, sobre como a arte de se vestir nos alimenta". Jay questiona então "quando determinou-se que o tecido com algum formato teria gênero?". "Isso é muito forte, sabe? Porque a roupa é uma das primeiras expressões de arte que já existiu", diz. "Eu queria entender o dia que alguém amarrou um pedaço de pano sob o corpo e falou: isso é um vestido e vai vestir mulheres".