por Redação MundoMais
Sexta-feira, 26 de Março de 2021
Emitida em 10 de julho de 2017, uma carta do Vaticano dizia ao pedagogo e ativista pelos direitos LGBTs Toni Reis que "o papa Francisco lhe deseja felicidades, invocando para a sua família a abundância das graças divinas, a fim de viverem constante e fielmente a condição de cristãos, como bons filhos de Deus e da Igreja, ao enviar-lhes uma propiciadora Benção Apostólica, pedindo que não se esqueçam de rezar por ele".
Na última semana, a Congregação para a Doutrina da Fé, tradicional órgão da Santa Sé, divulgou um comunicado reiterando que o catolicismo não abençoa uniões homoafetivas. O documento diz que "a Igreja não dispõe, nem pode dispor, do poder de abençoar uniões de pessoas do mesmo sexo".
Da alegria de se sentir incluído quatro anos atrás à frustração experimentada agora, Reis diz que não está decepcionado com o papa Francisco, que em sua avaliação tem promovido avanços na inclusão dos homossexuais dentro da Igreja.
"O papa é falível, o papa é um ser humano. Ele tem coração. O sangue do papa é vermelho, ele sofre pressão, eu sei como funciona a Igreja. É como um partido político, enfrenta forças e há um grupo conservador muito forte", diz ele à BBC News Brasil.
"O papa é falível, o papa é um ser humano. Ele tem coração", avalia Toni, que aparece na foto ao lado dos filhos e do marido David.
"São ondas. Ele vai e volta, vai e volta. Há um setor muito rígido [na Igreja], de extrema-direita e extremo conservadorismo. Ele [papa Francisco] também é político."
"Ele não me decepciona porque é muito querido, eu gosto do papa, não o considero [alguém contrário aos homossexuais], mas ele faz parte de uma estrutura que é falível. Assim como a Igreja já errou muito na Idade Média, já errou com relação ao Galileu Galilei [cientista condenado à prisão pela Inquisição por defender o heliocentrismo], já errou com relação a muitas mulheres que foram queimadas na fogueira", prossegue.
"A Igreja é feita por seres humanos. Eu acredito em Deus, e por isso não me decepciono. Quanto ao papa, ele vai lá e faz. Cede um pouco. São dois passos para a frente, um passo para trás. É tudo uma questão de tempo."