por Redação MundoMais
Terça-feira, 24 de Agosto de 2021
Cirurgião-dentista e homossexual assumido, Gustavo dos Santos Lima, de 27 anos, foi mais uma vítima da homofobia. No último sábado (21), enquanto atendia como voluntário em um posto de vacinação contra a Covid-19 no drive Albano Franco, em Campo Grande (MS), Gustavo ouviu de uma mulher que a filha não seria vacinada por um “viado“.
“Ela estava em um veículo Corolla branco. São dois carros por vez e eu estava atendendo a uma família no carro da frente, onde duas pessoas estavam sendo vacinadas. Quando eu estava entregando os comprovantes, percebi uma confusão no carro atrás, só que ignorei e continuei dando as orientações no carro da frente“, contou cirurgião-dentista ao G1. “Ela disse para minha colega, apontando o dedo para mim: ‘Eu não quero que a minha filha seja vacinada por esse tipo de gente, um veado’. Depois, ela jogou os documentos da filha dela e ficou gritando, quando a minha colega pediu para ela ter respeito. Fiquei sem reação, enquanto a minha colega perdeu a paciência e disse que era crime o que ela estava fazendo”, argumentou Gustavo. Em seguida, a mulher recebeu orientação para se retirar do local e ela teria respondido que faria isso “com o maior prazer“.
“As meninas [voluntárias] estavam com muita raiva, mas, relataram tudo e falaram que ela inclusive tentou dar ré e ir embora, só que como estava cheio não conseguiu. Para falar a verdade, ficamos anestesiados e não soubemos como agir mediante o acontecido“, falou. Conforme Gustavo, a coordenadora do drive também conversou com ele e disse que os militares, distantes cerca de 100 metros, deveriam ter sido acionados. “Ela poderia ter sido presa e responderia a um processo pelo crime. Ela nem se deu ao trabalho de me conhecer, de conversar, de fazer qualquer julgamento e, mesmo eu sendo homossexual, isso não justifica a atitude dela. É uma agressão grave de quem não fez absolutamente nada para ela“.
Ao investigar a motorista, os profissionais da saúde teriam descoberto que ela retornou ao drive em seguida, porém, teria sido atendida no box 1. Gustavo estava no 4. “Com as imagens das câmeras mostrando a exaltação dela, eu e minhas colegas vamos registrar o boletim de ocorrência“, disse. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) divulgou nota manifestando repúdio e informou que instaurará sindicância e acionará as câmeras do local para identificar a mulher.