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Deserto Particular discute a afeição masculina no Brasil contemporâneo

Antonio Saboia, protagonista do longa, que é uma das obras do 78º Festival de Veneza, contou detalhes do filme e como ele tem sido recebido pelo público.

por Redação MundoMais

Quarta-feira, 08 de Setembro de 2021

"Deserto Particular" é uma das obras presentes no 78º Festival de Veneza. O longa com direção de Aly Muritiba traz uma discussão importante sobre a afeição masculina no Brasil contemporâneo.

Antonio Saboia, aclamado por seu desempenho em Bacurau, enfrentou mais esse desafio em sua carreira e deu vida a Daniel, o protagonista da história.

Em exclusiva, o ator contou que o público recepcionou o filme de maneira bem positiva em sua estreia.

A galera aplaudiu o tempo dos créditos todos, com vontade mesmo. As pessoas estavam precisando de um filme esperançoso nesse momento de trevas e escuridão no Brasil.", disse.

Antonio falou sobre a obra e a importante discussão abordada nela:"É um filme que questiona nossa questão sobre gênero, o que se espera de um homem hoje em dia e a necessidade de se desfazer dessas amarras estruturais."

"Meu personagem, o Daniel, é um cara que nasceu e foi criado em uma família conservadora e nunca questionou, como muita gente, esses valores, por comodidade e porque era fácil não questionar. Ele chega em um determinado ponto da vida dele que ele é obrigado a confrontar isso tudo", disse.

O protagonista celebrou o momento: "Foi lindo! A crítica está gostando bastante e o público adorou".

Aly Muritiba contou como os dois se conheceram e sentiram que deveriam seguir juntos nessa parceria para a obra.

"Eu não o conhecia, mas ele havia ouvido falar do roteiro e me procurou. Depois de algumas ligações nós enfim nos encontramos e o santo bateu. Olhei pra ele e senti a energia de Daniel. Parei para ouvi-lo e ela tinha a voz que havia imaginado que Daniel tinha", contou.

O diretor revelou que a escolha do outro protagonista foi um pouco mais desafiadora. “Uma amiga, a atriz Natália Garcia, que fez Ferrugem comigo, me falou de Pedro Fasanaro. Ao ver suas fotos eu me interessei de cara e resolvi marcar um café entre mim e ele e depois com o Saboia. Eu me apaixonei pela doçura de Pedro, sua voz, seu olhar, me cativaram, mas o mais intenso foi ouvir sua história de vida e perceber o tanto do personagem que já havia ali. Quando enfim Saboia chegou e eles se encontraram eu senti que havia achado minhas parcerias criativos. E é isso mesmo que aconteceu. Criamos, a partir de suas experiências pessoas novas/mesmas personagens".

O local para ser tema do filme também foi escolhido a dedo pelo cineasta. Para Muritiba, a cidade de Sobradinho, como cenário, serve como uma metáfora para os personagens.

"Sempre me interessei por aquela pequena cidade erguida ao redor de uma enorme represa. Sobradinho é uma cidade rodeada de energia elétrica, mas também levantada sob o signo do represamento, do controle do fluxo das águas. Essa energia decorrente desse represamento movem meus personagens, mas também essa vontade de sair se derramando por aí. E filmar ali foi um desafio proporcional à magnitude da represa que há na cidade. Havia toda uma energia no set que com toda certeza contagiou o filme", contou.

O diretor explicou que seus trabalhos anteriores foram fundamentais para a criação do filme.

"O modo como abordo os espaços e os corpos nos espaços vem do documentário de observação. Aqui, essa experiência foi determinante para o mise-en-scène, mas não só. O compromisso ético com o tema e os objetos (personagens) que tenho quando faço documentários está todo o tempo em pauta nas minhas ficções", disse.

12-09-2021 às 02:58 gay
o que se espera de um homem hoje em dia? ou o que a militância quer ditar como os homens devem se comportar?