por Redação MundoMais
Segunda-feira, 20 de Setembro de 2021
No mundo corporativo, não faltam listas para nomear as melhores empresas ou os executivos mais bem sucedidos. Porém, os rankings carecem de diversidade. Na Fortune 500, lista anual que nomeia as 500 maiores corporações dos Estados Unidos por receita total, menos de 1% das companhias geralmente listadas possuem CEOs que se declaram abertamente LGBT.
Há exceções remando contra a maré, no entanto, para a sorte do mercado. Em 2020, a lista da OUTstanding, rede profissional que elege líderes LGBT que estão quebrando barreiras e criando ambientes de trabalho mais inclusivos, selecionou 100 profissionais, entre eles três com atuação no Brasil. O sétimo colocado entre os 100 líderes que estão usando o seu cargo para manter as pautas da diversidade e inclusão no topo da agenda é Javier Constante, CEO da Dow para a América Latina, argentino que vive em São Paulo há dois anos.
Nas últimas semanas, a reportagem foi à procura de altos líderes LGBT que falem sobre o assunto publicamente. Dentro da mais alta liderança, ou seja, conselho de administração e presidência, Javier foi o único entre os cinco nomes que aceitou dar uma entrevista.
Há cinco anos, quando ainda era vice-presidente para Europa, Oriente Médio e África, ele tomou a decisão de começar a falar abertamente sobre ser um homem gay. De lá para cá, passou a levar a pauta tanto internamente na empresa quanto para os grupos de CEOs de que participa. Hoje, mais do que nunca, ele afirma entender a importância de uma alta liderança LGBT falar publicamente sobre o assunto.
"Eu mesmo não entendia o valor simbólico que tem uma pessoa como eu, sendo gay, em uma posição de liderança. Eu sempre subestimei isso. Muitas vezes eu falava 'mas eu não sei se eu tenho que sair do armário'. Mas aí eu entendi que uma das coisas importantes é o que você representa. Quando você entra na Dow e você é uma pessoa LGBT, olha para cima dentro da organização e vê que o presidente da América Latina é gay, você pensa 'eu vou conseguir, eu posso conseguir'. Como símbolo isso é muito importante", conta.
Embora ser LGBT possa fazer com que os líderes criem ambientes mais inclusivos, não é o suficiente para uma liderança inspiradora. "Inspirar, motivar e mostrar que é possível é papel da liderança. Não é porque você é LGBT que você tem consciência sobre essa temática. Ser um gay CEO é diferente de ser um CEO gay, porque exige consciência sobre o que é ser LGBT nessa sociedade. Sou um CEO gay, mas também sou um gay CEO - minha forma de liderar, de tomar decisões, é profundamente impactada pela pessoa que sou", explica Ricardo Sales, fundador da Mais Diversidade.
Foi a transformação pela qual passou Renato Camargo, diretor de marketing da Recarga Pay. Em 2020, após o assassinato de George Floyd nos EUA, houve um movimento nas redes sociais em que pessoas brancas emprestavam perfis para pessoas negras gerarem conteúdo antirracistas. Renato percebeu que seu alcance no LinkedIn diminuiu na semana em que seu perfil foi ocupado pela gerente sênior de riscos e controles internos da UnitedHealth, Viviane Moreira, negra,
A partir daí, decidiu que seu perfil seria dedicado ao debate da diversidade e inclusão e que, para isso, falaria abertamente sobre ser gay. Ele puxou a pauta na empresa devido à senioridade e pelo feedback positivo ao falar sobre o tema em uma rede corporativa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.