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Documentário ‘Eros’ investiga intimidade de pessoas em motel

O documentário "Eros", dirigido pela britânica-brasileira Rachel Daisy Ellis, reflete a intimidade, o sexo e o amor através de dez estadias de motel.

por Redação MundoMais

Segunda-feira, 04 de Março de 2024

O documentário “Eros”, dirigido pela britânica-brasileira Rachel Daisy Ellis, investiga a intimidade, o sexo e o amor através de dez estadias de motel. No longa, pessoas frequentadoras de motel foram convidadas a se filmar durante uma noite e compartilhar os seus vídeos para a produção de Ellis.

O doc, inclusive, foi selecionado para a 21ª edição do festival internacional de documentários de Copenhague, na Dinamarca, o CPH:DOX 2024, que acontece de 13 a 24 de março de 2024. O filme concorrerá ao prêmio NEXT:AWARD e ao prêmio de audiência.

“O Gabriel e o Hagar, o casal de homens gay luteranos no início do filme, foram uns dos primeiros personagens a se filmaram, há dois anos. Quando vi a sensibilidade da filmagem deles, com a interpretação surpreendente de temas que tinha pedido para eles conversaram sobre, e sabia que existia a possibilidade de fazer um filme muito potente”, conta Rachel, em entrevista.

“Eles trazem reflexões incríveis sobre o uso do espaço do motel e o poder inclusivista de uma visão da fé que pauta a luta para a dignidade humana. Trazem reflexões pouco faladas sobre a importância do motel enquanto refúgio e espaço de fantasia.”

A diretora destacou que está “muito feliz com a seleção no festival, que é uma plataforma tão importante para novos realizadores de documentário e que dá visibilidade a projetos e autores experimentando com linguagens e provocando novos debates em torno do documentário. Vai ajudar a garantir que EROS seja visto e debatido por mais gente.”

EROS surgiu de uma vontade de explorar e refletir sobre a maior instituição de sexo do Brasil: o motel, que “serve como um prisma das normas e práticas sexuais e emocionais e faz parte do tecido da identidade sexual do país”, explica a diretora sobre o desejo de fazer um filme sobre motéis. “Queria explorar e entender melhor as relações que acontecem entre as quatro paredes das suítes de motel e o que poderiam revelar sobre como nos relacionamos intimamente.”

Todas as filmagens foram realizadas com os celulares das próprias personagens, que foram convidadas a se filmarem durante uma estadia numa suíte de sua escolha. “Escolhi o dispositivo do autoregistro como maneira de adentrar a intimidade e explorar a autorepresentação. O filme acabou sendo um mergulho nas relações íntimas, a liberdade sexual, o refúgio, a relação corpo-espaço, a autorrepresentação, a performance, o amor romântico e a solidão.”

O documentário, produzido por Dora Amorim da produtora Ponte em parceria com a produtora da diretora, Desvia, tem distribuição no Brasil pela Fistaile, de Talita Arruda e Marina Tarabay. O filme faz parte de um trabalho mais amplo e autoral da diretora, que explora a influência de instituições nas relações interpessoais, e também o autoregistro.

Sobre o conteúdo bastante explícito no filme, a diretora esclarece: “Fiquei surpresa e tocada com a generosidade com que as pessoas se expuseram, mas entendi que também existe uma vontade erótica, um desejo de se exibir para o mundo, mostrar seus corpos e contar suas histórias para o mundo. A parceria e cumplicidade entre mim e todos os personagens foi um processo muito lindo e enriquecedor, não apenas para o filme, mas pessoalmente.”

A diretora e o montador Matheus Farias costuraram 10 histórias de pessoas que se filmam durante uma noite em 10 suítes diferentes, de distintos lugares do Brasil. A montagem aconteceu em paralelo à pesquisa e à produção, num processo circular e não linear, ao longo de dois anos.

A diretora é conhecida por seu trabalho como produtora de títulos nacionais como Boi Neon, Divino Amor e Doméstica, dirigidos por Gabriel Mascaro, com quem tem uma parceria na produtora DESVIA, há 14 anos. Em 2018, dirigiu um curta documentário, “Mini Miss”, seu primeiro trabalho como diretora, que estreou em True/False nos Estados Unidos e ganhou o prêmio de aquisição do Canal Brasil no festival Brasileiro É Tudo Verdade. Eros é seu primeiro longa-metragem como diretora e tem outros projetos documentários em diferentes fases de desenvolvimento e produção.

04-03-2024 às 19:22 AA
Tá.
04-03-2024 às 17:53 ^^
Para quem por ventura desconheça a origem da palavra Motel, o M veio da palavra Motorista (Hotel dos Caminhoneiros), onde mais que paradas para pernoite, tinham amantes nas cidades que frequentemente viajavam! Esse lado "personal" se deve a conversas construtivas que haviam e, geralmente raras, quando voltavam para casa: geralmente as esposas eram donas de casa e criavam a prole! Depois que elas começaram a viajar com eles e serem caminhoneiras, também! O Motel para as relações amorosas heteras ou não, se tornaram como realização sexual: homens e mulheres sem tabus, contemplam a mesma anatomia, onde maridoes ("heteros") beijam o outro homem todo, fazem espetacular oral e até se "abrem" a penetracao anal!!!