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'Jorge pra Sempre Verão': peça sobre Jorge Laffond retorna ao Rio

O espetáculo volta aos palcos cariocas com narrativa fictícia permeada por pontos verídicos da trajetória de Jorge Laffond.

por Redação MundoMais

Quarta-feira, 06 de Março de 2024

Após o sucesso da temporada de estreia no Rio de Janeiro em 2022 e circular por capitais como São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, o espetáculo “JORGE pra sempre VERÃO” retorna ao Rio, cidade natal de Jorge Laffond e de sua prima, a produtora e autora Aline Mohamad, que resolveu abrir seus arquivos pessoais mais íntimos para desenvolver o espetáculo em parceria com Diego do Subúrbio.

Após Aline escrever uma carta póstuma para seu primo, surgiu a ideia da montagem, intencionando realizar um teatro de cura. A nova temporada nos palcos cariocas acontece no Teatro dos Correios Léa Garcia, no Centro, entre os dias 7 e 30 de março, de quinta-feira a sábado, sempre às 19h.

Dirigida por Rodrigo França, a história encenada por Alexandre Mitre, Aretha Sadick, Erika Marinho e Noemia Oliveira não fala apenas sobre o artista falecido aos 51 anos (1952-2003), mas apresenta uma ficção desenvolvida sobre uma história verídica: a da relação que, devido ao preconceito , deixou de existir entre ele e uma prima — a própria Aline.

“Depois dos 30 anos algumas coisas foram mudando em mim. Um dia, ao voltar de uma festa onde me vi atraída por uma travesti, escrevi uma carta que nunca seria entregue ao destinatário. Um pedido de desculpas, uma redenção, uma luz nas diversas encruzilhadas que eu tenho com meu primo Jorge Laffond. Muito emocionada, enviei essa carta para alguns amigos e, ao acordar, li as respostas: você tem uma linda peça nas mãos. E assim percebi que a única forma de eu encontrar com meu primo é através da arte”, relembra Aline Mohamad, que ao longo de sua infância se esquivou de conhecer o primo pela estranha figura que ele lhe parecia.

Dando continuidade à política de acesso, pessoas transexuais têm entrada gratuita, bastando enviar uma mensagem para o perfil do Instagram @jorgeprasempreverao para confirmar sua data junto à produção.

“Fizemos uma reparação histórica, humanizando um dos maiores artistas deste país. Jorge Laffond passou por um grande dilema na história da televisão brasileira, que retrata o que é o país em relação à população negra e LGBT+. A violência de ter que sair do estúdio de TV para trocar de roupa, pois um padre entraria, nos mostra o quanto é cruel sermos nós mesmos. Pouco importa a sua titulação acadêmica, conta bancária, o que você é ou fez pela sociedade. Em algum momento tentarão te colocar no lugar que acreditam que você deva estar — na submissão”, reflete Rodrigo França.

Apesar dos apontamentos sobre a realidade nada fácil vivida por Laffond, o texto tem pontos de respiro com base no humor, principal característica dos seus personagens.

“O processo da escrita do texto veio muito da pesquisa sobre a vida do Jorge, que se encontra na mesma encruzilhada que a minha e de muitas outras pessoas negras LGBT+. É lembrar que, apesar de todo o processo de resistência que vivemos perante essa sociedade, não somos regidos somente pela dor. A figura de Jorge Laffond marcou uma geração, nos movendo até aqui. Falar dele é também falar sobre mim”, reconhece Diego do Subúrbio.

SERVIÇO:

• “JORGE pra sempre VERÃO”
• Temporada: 07 a 30 de março
• Dias da semana: Quinta-feira a Sábado
• Horário: 19h
• Ingressos: R$ 20 (meia-entrada) / R$ 40 (inteira)
• Política Trans Free – pessoas transexuais assistem de graça, basta pedir inserção do nome na lista pela página do espetáculo no Instagram @jorgeprasempreverao
• Local: Teatro dos Correios Léa Garcia
• Endereço: Rua Visconde de Itaboraí, nº 20 - Centro - Rio de Janeiro
• Informações: (21) 3088-3001
• Classificação Indicativa: 14 anos
• Duração: 75 minutos

07-03-2024 às 11:03 João
Foi um grande ser humano. Que esteja em um bom lugar.
06-03-2024 às 15:21 ^^
Realmente grande artista! O travesti, muitas vezes o é (ou pelo menos na época dele foi um excelente personagem) e assim como o cisgenero, vive uma certa dualidade: deixando de viver a sexualidade que realmente tenha por conta do personagem! Muitas vezes o cisgenero encontra mulher em período fértil (ou não) que possa querer transar ou vir a namorar, sem imaginar que ele possa ser gay e nem ser bissexual!!!