por Redação MundoMais
Segunda-feira, 08 de Julho de 2024
O designer gráfico especialista em gestão de marcas Rafa Telles explicou por que considera melhor a sigla LGBT do que suas variantes, tal como LGBTQIAPN+.
"Essa sigla extensa pode, paradoxalmente, diluir a comunicação e fazer com que ela se torne mais difícil de ser compreendida", afirmou Rafa, em vídeo, no perfil no Instagram Gay por Acaso, que ele comanda.
Rafa deu como exemplo positivo a logotipo da entidade de preservação da natureza World Wide Fund for Nature, famosa pela sigla WWF, que apresenta um panda.
"Isso não quer dizer que o panda seja o único animal em extinção. Ele foi usado como símbolo da causa, para facilitar a comunicação e torná-la ainda mais relevante", explica.
Para Rafa, a sigla LGBT é ideal, pois é "pequena o suficiente para ser reconhecível, é sonora e já é entendida pela maior parte do público como de uma comunidade de não-heterossexuais".
O especialista também pontua sobre a incoerência da letra "Q" de "queer" no acrônimo maior.
"Por si só, ela deveria significar esse guarda-chuva da comunidade. Por ser uma palavra estrangeira, a gente acabou incluindo ela, mas ela é usada de maneira redundante, porque falar 'comunidade LGBT' e falar 'comunidade queer' já é a mesma coisa. Então, esse Q dentro da sigla extensa acaba sendo uma letra que não faz o menor sentido de estar ali".
"É importante lembrar que a sigla LGBT já é inclusiva o suficiente para passar uma mensagem positiva pelo que a gente quer de fato e a complexidade excessiva dessa sigla pode dificultar a absorção dessa ideia por aliados, por pessoas heterossexuais que queiram ajudar nessa causa, mas elas não conseguem compreender o que é dito através desta sigla tão extensa".
Rafa ainda lembra que o acrônimo tem aumentado a cada ano, o que obstrui ainda mais o entendimento. De fato, nos últimos 5 anos a sigla tem estado em constante mutação. Em 2020, popularizou-se nas redes "LGBTQIA+". Em 2023 foi acrescido o "P" e neste ano, o "N".
Há inúmeras outras variações, como o uso de "2S" no início ou "2" no final (de dois espíritos para nativos da América do Norte). No mundo, não há consenso. O México usa mais, por exemplo, "LGBTTTIQ", a Espanha, "LGTBI+" (com o T na frente do B)" e os EUA e Reino Unido, "LGBTQ+", dentre outros.
No Brasil, há uma tendência de retornar ao LGBT, especialmente com o sinal "+" no final. Em 2023, a Parada de São Paulo, a maior do país, contrariou a maior parte das marchas nacionais e não acrescentou outras letras no fim do acrônimo, passando a ser "LGBT+". Na mídia, também tornou-se mais usual, a partir deste ano, ouvir e ler o termo "LGBT+", algo incomum em anos anteriores.
"Defender o uso de apenas LGBT não significa diminuir a causa ou ignorar a diversidade, mas sim, potencializar a forma como essa mensagem é passada de maneira que a gente consiga efetivamente alcançar o que a gente quer que é igualdade e respeito", concluiu o especialista.