por Redação MundoMais
Quarta-feira, 23 de Abril de 2025
Próxima novela das sete, "Dona de mim" vai abordar a temática da naturalização do corpo com deficiência. E quem vai dar força ao assunto é Pedro Fernandes. Natural de Petrópolis, Região Serrana do Rio de Janeiro, o ator, de 33 anos, fará sua estreia na TV após se destacar na peça "Meu corpo está aqui", que conta com o elenco PCDs (Pessoas com deficiência).
"A novela vai furar essa bolha de naturalizar o corpo com deficiência em diversos espaços, com humor e leveza. O Peter, meu personagem, é bem-humorado, trabalha na padaria do pai (Ernani Moraes), e é uma pessoa que quer viver, quer furar essa bolha familiar", diz o ator, que recebeu o convite da autora, Rosane Svartman.
Pedro conta que ele mesmo furou essa bolha em casa. "Meus pais sempre me apoiaram e me ensinaram que o mundo nunca foi colocado para mim, mas que existe possibilidade. Vai ser mais difícil, mas a possibilidade existe e é real. E fiz minha família acreditar que tenho potencial para furar essa bolha, ter independência e autonomia. Então, eu graças a Deus, tenho uma rede de apoio grande, de amigos, familiares e de pessoas que trabalham comigo".
Pedro Fernandes tem paralisia cerebral, com cognitivo preservado. Ele começou a fazer teatro aos 12 e se formou em 2014 no Instituto Técnico do Brasil (ITB). Desde então, trabalha com arte. Há um ano e meio se mudou para o Rio após ser um dos palhaços do projeto Doutores da Alegria, que levam alegrias à pacientes nos hospitais.
"Tenho uma rotina normal. Tenho uma pessoa que me ajuda nas atividades do dia a dia, e eu tento lidar com as barreiras que existem da melhor forma. O mundo ainda não é preparado para pessoas com deficiência. A gente tem que lutar por acessibilidade, está na lei, mas não é todo o espaço que tem acessibilidade, mas nem por isso eu me limito a estar lá".
Um espaço que Pedro também luta para conquistar é o apoio do movimento LGBT.
"Tive um relacionamento [homoafetivo] por quatro anos, e atualmente estou solteiro. Vivi esse relacionamento com muitas barreiras e preconceitos dentro do próprio movimento LGBT. A gente não tem muito apoio no movimento LGBT para lutar pela pauta PCD e naturalizar corpos PCDs", lamenta.
A descoberta da sexualidade na adolescência também não foi o processo fácil para Pedro. "Foi muito difícil eu me aceitar como homem gay e entender esse corpo como um corpo gay, um corpo com deficiência LGBT, que enfrenta dois preconceitos num corpo só. Primeiro eu tive que furar a bolha interna, da descoberta, que é muito solitária, depois, a barreira família, e depois a barreira social, que é barreira do próprio movimento, dos amigos, de reconhecerem e respeitarem esse corpo com deficiência".
"Hoje em dia em me vejo a importância de me colocar como um corpo gay, com deficiência, que é até um posicionamento político, que a gente não vê isso diariamente. Quando me assumi, foi uma descoberta muito solitária, que eu fui para a internet procura gente igual a mim. E encontrei, porque existe. A gente só precisa naturalizar, acolher e vê que a diversidade é muito mais ampla e plural do que a palavra em si".
Além de "Dona de Mim’", Pedro tem dois outros projetos previstos para este ano: uma participação na série de Paulo Vieira, "Pablo e Luizão"; e o filme "90 Decibéis", de Julia Spadaccini, ambas da Globoplay.