por Redação MundoMais
Segunda-feira, 08 de Setembro de 2025
Nos últimos 5 anos, o número de adoções feitas por casais homoafetivos masculinos cresceu de forma significativa no Brasil. Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostram que, entre 2019 e 2024, o total de crianças e adolescentes adotados por dois pais saltou de 77 para 263, o que representa alta de 241,56%. As informações são da CNN.
Somente em 2024, até julho, foram registradas 178 adoções desse tipo. O número já é 29% maior do que o verificado no mesmo período do ano anterior. O levantamento foi feito a pedido da CNN e mostra que a tendência segue em ritmo de crescimento. Quando somadas às adoções feitas por duas mães, o volume é ainda mais expressivo. No mesmo intervalo de cinco anos, as adoções por casais homoafetivos triplicaram: de 149 casos em 2019 para 458 em 2023.
Atualmente, 5.369 crianças e adolescentes aguardam por uma família no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA). A fila de pretendentes, no entanto, é bem maior, com quase 33 mil pessoas cadastradas. A diferença está nos perfis desejados por quem pretende adotar, que muitas vezes não correspondem às características das crianças disponíveis.
De acordo com especialistas, casais gays costumam adotar perfis que enfrentam mais resistência entre famílias heterossexuais, como grupos de irmãos, crianças mais velhas e negras. A presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), Silvana do Monte Moreira, destaca: “Os casais que vivem à margem da sociedade, que foram marginalizados ‘dentro do armário’, procuram crianças que também estão nesse armário; são aquelas menos vistas”.
Um exemplo é a família formada pelos arquitetos Rafael Escrivão Sorrigotto e Luciano da Silva Rodrigues, que em 2016 adotaram os irmãos Davi Luiz e Allan, então com 3 e 10 anos. Eles destacam que o fato de não restringirem a adoção a recém-nascidos e aceitarem irmãos foi decisivo para que o processo fosse mais rápido.
“O tempo que demora pra você entrar pra fila de adoção e seu telefone tocar vai depender muito do perfil que a gente pede, e como a gente não fazia questão de recém nascido e topa irmãos, eu acho que são dois pontos relevantes que nessa questão de agilidade fez toda a diferença”, disse Escrivão.
O reconhecimento da união homoafetiva pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2015, garantiu a casais do mesmo sexo o direito de adotar legalmente. Desde então, os dados mostram que essa possibilidade tem se consolidado como uma alternativa para crianças que, historicamente, encontram mais dificuldade de acolhimento.