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Grupos gays rompem com ativismo trans após ‘perder espaço’ em pautas LGBT+

Lésbicas, gays e bissexuais defendem foco exclusivo em orientação sexual e rejeitam inclusão de pautas sobre identidade de gênero.

por Redação MundoMais

Terça-feira, 07 de Outubro de 2025

Representantes da comunidade LGB (lésbicas, gays e bissexuais) anunciaram, no último dia 19/9, sua “independência” do movimento LGBT+, que engloba também transexuais, queer, intersexo, assexuais e outros “gêneros”. O vídeo com o anúncio, que soma quase 12 milhões de reproduções nas redes sociais, foi publicado pela organização LGB Internacional, que conta com representação no Brasil.

Na prática, o grupo tenta se dissociar das pautas ligadas à identidade de gênero – como as demandas de trans, travestis e não-binários – e manter o foco apenas em questões de orientação sexual.

A LGB International foi formalizada em setembro deste ano e já conta com representação em 18 países. Em sua missão, diz promover e defender os direitos e interesses de LGBs com base em sexo biológico e orientação sexual, sem adotar políticas relativas à identidade de gênero.

Na campanha lançada no dia 19, lésbicas, gays e bissexuais de vários países fazem declarações contundentes, como “já estamos fartos de pronomes” e “os direitos dos gays não podem ser contrários aos direitos das mulheres”.

“Misturar as pautas LGB com questões de identidade de gênero é prejudicial para nós, porque promove o apagamento da nossa orientação sexual, que é baseada no sexo, e não é uma identidade subjetiva que uma pessoa adota”, explica Mariele Gomes, uma das diretoras Aliança LGB Brasil – representação brasileira da LGB Internacional.

“Há uma grande discordância entre o que seria sexo e gênero. Para nós, o sexo é dividido entre macho e fêmea; é uma realidade material imutável. Ao substituir o sexo por gênero, como o movimento trans propõe, apaga-se a definição do que é mulher e homem e também a de orientação sexual”, prossegue.

Oposição à identidade de gênero e a tratamentos de transição

Apesar de o movimento estar ganhando mais adesão nos últimos anos, a demanda é antiga. A LGB Internacional representa uma tentativa de ampliação a nível global do que foi iniciado pela LGB Alliance – uma organização fundada no Reino Unido em 2019 que atua na defesa de direitos de lésbicas, gays e bissexuais sem alinhamento com o chamado ativismo LGBTQIA+. Para a entidade, as lutas pelos direitos dos homossexuais devem se concentrar apenas na orientação sexual.

O ponto central de oposição é a crítica à ideia de que uma pessoa pode se perceber e se declarar de um gênero diferente do sexo biológico com que nasceu – conceito conhecido como “identidade de gênero”. O grupo também é um forte opositor dos tratamentos médicos de transição de gênero, que têm se popularizado em vários países, inclusive em crianças. No Brasil, por exemplo, o Hospital das Clínicas da USP chegou a fazer bloqueio hormonal em uma criança de 10 anos.

“Defendemos o direito de adultos e jovens de amadurecerem, desenvolverem e explorarem sua sexualidade e personalidade sem ideologia de identidade de gênero. Crianças devem ser protegidas de tratamentos médicos de transição. Combatemos a desinformação prejudicial sobre identidade de gênero, que têm como alvo específico lésbicas, gays e bissexuais”, diz comunicado no site da LGB Internacional.

Bandeiras trans são prejudiciais a lésbicas, gays e bissexuais, diz entidade

Para o movimento LGB, algumas bandeiras abraçadas por ativistas LGBT+ têm prejudicado diretamente seus membros.

“Quando associam o casamento entre pessoas do mesmo sexo a coisas como transição de crianças, apagamento das palavras ‘mãe’ e ‘mulher’, linguagem neutra forçada, redefinição de mulher como sentimento e negação da orientação sexual baseada no sexo, o resultado é simples: rejeição. As pessoas rejeitam o que não entendem, o que percebem como absurdo e acham que nós concordamos com tudo isso”, diz uma publicação oficial da Aliança LGB Brasil.

“As organizações LGBTS começaram como voltadas à orientação sexual, mas foram cooptados para as questões de identidade de gênero até um ponto em que não se fala mais sobre questões voltadas à orientação sexual, mas sim uma agenda massiva de pautas sobre trans e identidade de gênero”, lamenta Mariele.

Polêmicas recentes sobre trans no Brasil

O lançamento da campanha acontece em meio a duas polêmicas sobre vantagens de transexuais em competições esportivas no Brasil. A primeira aconteceu no dia 6 de setembro, em um campeonato de futebol amador feminino em Campo Grande (MS). Após a equipe Fênix escalar uma atleta transexual, a técnica Bárbara Augusta Santana, da equipe Leoas, informou à organização que seu time não entraria em campo.

“Eu disse que não colocaria minhas meninas em risco. Eu respeito as pessoas que não se identificam com seu gênero biológico, mas aquela pessoa continua tendo DNA e formação masculina. É mais rápida, mais forte, poderia machucar com uma bolada, um carrinho”, explica.

“Minha equipe é formada por mães solo, personal trainers, enfermeiras, motoristas de aplicativo, que lutaram muito para conquistar um espaço no futebol feminino. Não podem colocar sua integridade física em risco, nem abrir mão do direito de jogar exclusivamente entre mulheres”. Desde o episódio, a equipe Fênix tem acusado a equipe adversária de “transfobia”.

O segundo caso tem proporções maiores, e envolve a skatista trans Luiza Marchiori, que fez sua estreia na categoria feminina no domingo (21) e foi campeã brasileira. Sua última competição havia sido no masculino, em 2023, tendo eliminação na primeira fase.

Segundo matéria do UOL, Marchiori é acusada de violência doméstica e sexual por cinco ex-namoradas da época em que a skatista ainda se via como homem. À época da reportagem, a defesa da atleta informou que as denúncias se tratavam de “transfobia”.

Em nota à Gazeta do Povo, a advogada da skatista, Larissa Krétzër, disse que “em um dos processos já foi reconhecida a extinção da punibilidade da atleta, o que demonstra a fragilidade das imputações que vêm sendo divulgadas. Reitera-se, igualmente, que alcançou-se a readmissão de Luiza Marchiori nas competições oficiais de skate na categoria profissional, o que reflete a confiança das entidades esportivas em sua integridade e capacidade atlética”.

Posicionamento de entidades LGBT

A Gazeta do Povo enviou pedido de posicionamento à Aliança Nacional LGBTI+ e à Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). A primeira entidade evitou manifestar-se sobre o movimento de ruptura e apenas enviou uma resolução de março deste ano, em que pontua as visões da entidade (leia na íntegra).

Já a Antra não respondeu ao contato da reportagem. No entanto, publicou nota oficial dizendo que “Todo LGB transfóbico é um traidor”. A organização afirma que “trata-se de uma estratégia segregacionista que, uma vez fortalecida, pretende marginalizar pessoas trans”.

09-10-2025 às 11:56 Fernando Villar
LGB sem T não existe. Quem mais lutou pela comunidade foram as mulheres trans, aí vem uma renca de discreto fora do meio que nunca falou um A pra ajudar a comunidade, querer separar a luta? Vai pro inferno. Se você não gosta de trans, só cala a boca e vá viver sua vida. E LGBs tão dizendo que querem focar só em "orientação sexual" e excluir o resto né? Fechou. Excluiram a luta pela identidade de gênero, a luta pela expressão livre de gênero e a luta contra os papéis de gênero... ou seja, LGBs podem amar quem eles quiserem, mas quem usa rosa é mulher, e qualquer gay que usar rosa tá traindo o movimento LGB, já que tá pautando expressão de gênero. Beijos!
09-10-2025 às 11:50 Arthur
A extrema-direita decide as pautas e falam que as pessoas trans estão "gastando" o movimento LGBT+ pra resolver essas pautas, e os caras caem igual patinho achando que as pessoas trans que estão falando sobre isso, sendo que elas estão se defendendo desses ataques. Nas paradas LGBT+ de SP por exemplo, não tinha nada sobre "Banheiro trans" ou "Trans nos esportes"... Na verdade, tinha "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro" e em alguns lugares "O Fim da Escala 6X1". Quem fala sobre essas coisas é a direita pra diminuir a luta trans a porra de BANHEIRO.
09-10-2025 às 01:18 Jorge Jorge
A extrema-esquerda usa a homossexualidade alhia, Felipe. Ela sobrevive da pauta identitária, porque perdeu a pauta trabalhador/patrão. Cara, isso é tão evidente que, meu, nem é preciso comentar mais nada aqui. Simplesmente dá nojo ver esses ministérios inúteis com secretarias para pessoas gays, gastando a rodo em Brasília, enquanto um trabalhador coitado uiva de dor no corredor do SUS. Cara, é preciso ter um pouco de coerência, compreende?
09-10-2025 às 01:15 Jorge Jorge
Felipe, você está errado. Gays, como eu, que não tenho salário em ONG gayzista sustenatada com dinheiro público, se cansaram de ter e ver a sua homossexualidade sendo usada como bandeira para ganhar dinheiro. Não existe comunidade. Existem pessoas e suas orientações afetivas. Todo mundo já se cansou dessa pauta GLBT. Encheu. essa e, pior ainda, a dos travestis.
08-10-2025 às 09:58 Felipe
Com certeza se investigarmos um pouco deve ter as digitais da extrema direita europeia. Esse enfraquecimento de pautas busca maquiar e trazer uma sensação de aceitação, pois acham que tirando a parte que a sociedade sis gênero "abomina" os "LGB" acham que serão mais aceitos. Spoiler: não serão. Além de alimentar a extrema direita, que come pelas bordas, matam o movimento LGBTQAP+ por dentro. Querem um paralelo? Lembrem-se que o holocausto não surgiu da noite pro dia, foi construído e depois espalhado.
08-10-2025 às 09:54 Mequilza
Pois é meus fio................Eu num falo é nada.........Só observo!!!!
07-10-2025 às 20:19 Lenny
Esta pauta anda trazendo bastante polêmica. Vejo que um dos argumentos é sensato: uma luta é por identidade sexual; outra por gênero. Não à toa, há mulheres trans lésbicas (que desafiam a compreensão de muitos). Outra coisa foi a show que se transformou o cardápio de letras. Nunca entendi o que era o 2K, por exemplo. As pessoas trans têm três pontos bem sensíveis: 1) banheiros => ponto mais aceito, é polêmico no limite de um homem com 1,80 de peruca e saia querer entrar no banheiro feminino. 2) esportes => ponto complicado, a fisiologia não dá para negar. 3) desejo por pessoas trans => o ponto que acabou com as pessoas trans foi que elas começaram a acusar quem não sentia atração por elas ser fetichista por genitália, dizer que homens héteros que não queriam mulheres com pênis era transfóbicas, assim como gays que não quisessem homem com vagina. Querer dominar e controlar a sexualidade alheia?
07-10-2025 às 17:13 Misandria e Transfobia Pura
Esse Movimento Feminista não vale nada. Como se não bastasse as falsas acusações contra homens héteros, resolveram agora atacar o movimento LGBT. Sim ,excluir a letra T é um ataque aí Movimento LGBTs, e esse L é só uma farsa. Pois sabemos a quem serve. O que mais tem são feministas homofóbicas que se escondem por trás de uma causa para praticar homofobia contra gays. E agora perderam a vergonha na cara e estão defendendo descaradamente o direito de praticar crimes de transfobia. Vivem tida hora atacando o futebol com falsas acusações contra jogadores com o intuito de ocupar o lugar deles. Falam das transexuais mas não tem vergonha de se fantasiar de jogador de futebol. São contra trans no esporte feminino , mas apoiam mulheres apitando jogo de futebol no meio de vários homens. Falam em defender mulheres , mas estragam a vida de mães, irmãs, filhas com suas famigeradas falsas acusações contra seus esposos, filhos e irmãos. Estão preocupadas com as meninas, mas fazem apologia contra o ballet, símbolo da feminilidade. Atacar a letra T é só o começo. depois vão atacar a letra B acusando de machismo, depois vão partir pra cima da letra G. Pra finalizar ,quero dizer que academia é esporte e lá está misturando mulheres com roupas comprometedoras causando e tirando o foco dos homens. Aconselho criar o movimento FMT , feminismo mais misandria mais transfobia , é direto e vai logo no foco.