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Tons de Clô

Biografia de Clodovil traz um desfile de polêmicas e histórias reveladoras.

por Redação MundoMais

Quarta-feira, 29 de Novembro de 2017

Clodovil esteve no enterro de Coco Chanel, o que deixou o rival Dener, que era apaixonado pela francesa, verde de raiva. Foi pioneiro no mundo da alta-costura nacional, acrescentando um humor e uma brasilidade que até então não existiam. No programa “TV Mulher”, em plena ditadura, tratou de temas como o orgasmo feminino. No fim da vida, seus arremates foram para o campo da política: foi o primeiro deputado federal assumidamente LGBT do Brasil e o quarto mais votado do país em 2006.

Durante dois anos, o jornalista Carlos Minuano reuniu essas e outras histórias para lançar a biografia “Tons de Clô”, da editora Best Seller, que acaba de chegar às livrarias. O autor costurou um desfile de polêmicas e passagens picantes e reveladoras do estilista, apresentador e político. Fez uma extensa pesquisa em revistas, jornais, sites e blogs, além de entrevistas com pessoas próximas, como Amaury Jr., Sonia Abrão, Vida Vlatt e o estilista Ronaldo Ésper, que escreveu a orelha.

Minuano diz que chegou a pensar que nunca terminaria o livro, porque algumas pessoas se recusaram a colaborar, além de outras terem afirmado que o personagem principal de sua história teria sido assassinado.

Na apuração, encontrei relatos de desvios de dinheiro no gabinete dele, recebimento de mensalão por parte de assessores, mas, apesar de ter obtido alguns detalhes sobre o assunto e de ter encontrado pessoas com provas dessas denúncias, as fontes, por medo, declinaram de se identificar e, sem as provas, só pude falar sobre isso superficialmente. Se não foi assassinado, como muitos acreditam, me parece que ele morreu após uma grande decepção, que o deixou bem abalado, ao descobrir que estava sendo roubado. Acho que ainda tem muito para ser investigado.

Carlos Minuano nunca esteve com Clodovil e nunca foi seu fã. Ele conta que a ideia de escrever sobre esse personagem controverso surgiu, em 2012, durante uma reportagem em Ubatuba.

Fui cobrir a inauguração de um espaço em homenagem a ele lá. Um ex-assessor me procurou com uma proposta de produzir uma série sobre histórias picantes do Clodovil na cidade litorânea. Chegou a adiantar alguma coisa para a matéria que estava fazendo, mas recusei o projeto. Voltei a Ubatuba outras vezes, e mais pessoas que conheceram Clodovil me procuraram contando histórias. A mansão dele nesta época, entre 2012 e 2013, estava no centro de um processo judicial, e ameaçada de ser demolida, seus bens estavam todos sendo vendidos, tudo isso começou a chamar a minha atenção, conta o jornalista.

Clodovil Hernandes, que morreu em 2009, na verdade, foi registrado como Clodovir, nome que aparece em sua certidão de nascimento, por causa de um erro no cartório. A história dele com a moda teria começado em casa, com a sua mãe, a imigrante espanhola Isabel Hernandes, que fazia vestidos de noiva. Para Carlos, duas revelações sobre a vida de Clodovil o marcaram para sempre: o fato de ter sido adotado e ter se descoberto gay. Ronaldo Ésper diz, nas páginas, que o estilista foi achado em cima de um formigueiro. O livro destaca o lado atormentado de Clodovil em relação à sua vida pessoal. Carlos acredita que os aspectos mais desconhecidos de sua personalidade estão no terreno da sexualidade:

Clodovil nunca teve uma relação amorosa, acredita? Tinha certamente muita coisa mal resolvida nessa área. Pelo que me contaram, ele era muito promíscuo, teve fases em que saía quase todas as noites, mas, por outro lado, às vezes não fazia nada com os rapazes que contratava. Ou quase nada. Ele era voyeur, gostava de ver e filmar.

No livro, o autor menciona uma entrevista dada por Clodovil à revista “Isto é”, em 2003. Aos 13 anos, ao voltar de uma missa, ele teria surpreendido o pai na cama com outro homem. E o outro homem era o irmão de sua mãe, ou seja, seu tio. O menino teria tido a sua primeira experiência sexual com um padre do colégio onde estudava, aos 11 anos.

Na política, não foram poucos os desafetos colecionados pelo polêmico Clodovil. A incapacidade de controlar a sua própria língua fica evidente em várias passagens do livro, principalmente durante a fase em que o estilista esteve na TV. À frente ou nos bastidores, quase todo dia tinha uma saia justa, inclusive desavenças entre Clodovill e seus entrevistados.

Teve também as confusões com o mundo gay. Certa vez, foi convidado para a Parada do Orgulho Gay, mas respondeu que não tinha orgulho nenhum de ser gay, e foi vaiado por militantes. No livro, também conto muitas passagens engraçadas.

12-12-2017 às 23:23 milson
Um homem importante pra minha geração,para as causas lgbt,dono e um caráter ímpar,deu a cara pra bater num tempo cruel,admiro demais esse personagem.
03-12-2017 às 16:11 Honório
Clodovil estava certo. O "orgulho gay" que nos impõem nada mais é do que uma demanda de mercado. Ninguém pode sentir orgulho de um desejo íntimo. Clodovil, assim como Ney Matogrosso, sacou que essa falsidade GLBT, essa gritaria toda, era profundamente falsa e nada do que propunha era verdadeiro. Por isso, caiu fora disso. Em outras palavras: não se deixou instrumentalizar por esse bando de otários a quem a homossexualidade interessa como commoditie. Ele não pertenceu ao rebanho bovino que muitos hoje se orgulham de fazer parte.
02-12-2017 às 13:40 Luiz
Clodovil, inteligente, esperto, astuto, entendia de cultura, literatura, etiqueta, compórtamento, moda, enfim porisso era incompreendido. Deixou a marca e será sempre lembrado como Silvio Santos. E Pablo Vitar? Gente ele era gay, mas prezava pela familia e bons costumes. Tinha autenticidade, dizia na cara, sabia falar de qualquer assunto. Um genio, que ainda será ainda mais reverenciado. Os gays não gostavam dele porque sabia falar e contestar. Caetano, Gil e outros que nunca assumiram sentiam-se amendrontados com a inteligencia e ousadia. A primeira fala na tribuna da camara federal parou tudo, falou que ali parecia um mercado. Enfim o hoje renato russo, cazuza, tim maia e outros são ovacionados e já foram incompreendidos e ridicularizados. Clo para os intimos, do pra quem quiser e vil para os inimigos. saudades clo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
01-12-2017 às 21:31 Edu
O livro, pelo jeito que a matéria o apresenta, parece ser um rosário de fofocas. Isso não é biografia, falta nobreza pra esse nome. O nome certo é baixaria.
01-12-2017 às 20:38 Dj
Clodovil a meu visto, era grosso, arrogante, mal educado ao se dirigir as pessoas e ainda era classicsita e amargo. Era o `` gay da casa grande´´ e um conservador que que sempre apoiou o status quo
01-12-2017 às 09:36 Everton
" foi o primeiro Deputado Federal assumidamente gay" e não fez nada pelos gays, bicha arrogante e estúpida. Nunca será lembrado por um grande feito. Seu nome não estará na história, só é lembrado ainda por alguns da mesma geração.
30-11-2017 às 23:01 Julim
Um Ser Iluminado, juntamente com Elis outro Ser Iluminado tb.. !!
30-11-2017 às 22:44 Jonas sp
Gostava dele quando falava do lado espiritual...Isso,era um lado que ele devia ter desenvolvido mais...
30-11-2017 às 20:31 Drizella.
Ele era verdadeiro, fala na cara, gosto de pessoas assim! Até por que, também sou assim, falo na cara, não fico apunhalando pelas costas! Beijos brasil!
30-11-2017 às 17:42 adauto
será lembrando pra sempre. eu pessoalmente admirava muito seu jeito de ser e de agir.