por Redação MundoMais
Sexta-feira, 12 de Abril de 2019
Ativistas debatem sobre a declaração de Varsóvia durante uma reunião do Conselho da Cidade
VARSÓVIA — Crescendo em uma pequena cidade no Sul da Polônia, como parte de uma família religiosa de uma comunidade conservadora, Maciej Gosniowski ouviu diversas vezes que havia algo errado com ele.
"Eles diziam que seria melhor se eu mudasse — ele relembra os conselhos dos professores. "Seria melhor se eu me comportasse mais como um menino. Isso tornaria minha vida mais fácil."
Quando criança, Gosniowski foi espancado por outros estudantes que fizeram xingamentos homofóbicos que ele ainda não entendia. Ele não quer que outros jovens sofram como ele, por isso recebeu com satisfação uma declaração do prefeito de Varsóvia prometendo promover a tolerância. Mas a reação à fala do prefeito o deixou abalado.
O partido governista da Polônia, Lei e Justiça, aproveitou a declaração para atacar os direitos dos homossexuais em sua campanha para as eleições da União Europeia, em maio, e para as eleições nacionais.
O partido, que já acusou imigrantes de ser uma ameaça à alma do país, nas últimas semanas transformou os gays em seu inimigo público número 1. Faz parte de uma tendência crescente na Europa Oriental e Central, onde partidos nacionalistas e populistas estão recorrendo cada vez mais a questões culturais — e ataques a pessoas gays — para atrair seus fiéis.
Na Romênia, onde o governo tentou e não conseguiu mudar a Constituição para proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou na Hungria, onde os homossexuais são acusados de ser uma ameaça às famílias tradicionais, a causa LGBT está sendo menosprezada como parte de uma luta mais ampla contra o que os nacionalistas e os populistas chamam de “valores europeus”.
Jaroslaw Kaczynski, líder do Lei e Justiça e o político mais poderoso da Polônia, usou a convenção do partido, em março, para dizer que esta era uma guerra que a Polônia deveria vencer para sobreviver.
"Tudo se resume, como sabemos hoje, à sexualização de crianças desde a mais tenra infância", disse. "Nós precisamos lutar contra isso. Precisamos defender a família polonesa. Precisamos defendê-la furiosamente porque é uma ameaça à civilização, não apenas na Polônia, mas em toda a Europa, em toda a civilização baseada no cristianismo."
"Eu acho que a Polônia será uma região livre de LGBT", concordou Elzbieta Kruk, que está concorrendo pelo partido a um assento no Parlamento Europeu. "Eu espero que seja."