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Primeiro árbitro gay do baseball fala de representatividade no esporte

Dale Scott conta que alguns torcedores LGBTQIA+ disseram o quão importante foi na vida deles ter uma pessoa gay ali dentro.

por Redação MundoMais

Segunda-feira, 15 de Agosto de 2022

Dale Scott ficou conhecido em 2014 como o primeiro árbitro a se assumir gay na Major League Baseball (MJB), a mais antiga das principais ligas esportivas profissionais dos Estados Unidos e Canadá, após divulgar uma foto com o marido. Ele se aposentou um ano, escreveu um livro de suas memórias chamado “The Arpire is Out: Calling the Game and Living My True Self” e contou em entrevista que vários torcedores o agradeceram por ele ter se assumido.

"As pessoas com quem conversei nesta turnê do livro me disseram que minha história mudou suas vidas e lhes deu coragem também para se assumirem. Conheci um casal de lésbicas em San Francisco e uma delas me deu um grande abraço e disse 'eu ouvi falar isso e você estava lá no jogo que amo. E você era gay e estava lá. Minha autoestima subiu muito'”, lembrou ao CPR News.

Depois de 32 anos como árbitro, Scott foi introduzido no National Gay and Lesbian Sports Hall of Fame em 2015 e disse que não sabia exatamente como seria a recepção do grande público quando soubesse que era gay.

"Naquela época, ao final de um jogo, dois jogadores vieram até mim e me parabenizaram. Um foi Marlon Byrd, que me deu um abraço de urso e disse 'você está livre, irmão, você está livre', o que foi incrível. E, francamente, eu não ouvi coisas depreciativas dos fãs do baseball", salientou.

Em 2014, Scott foi convidado a dar uma entrevista à revista Referee, que tem circulação pequena nos Estados Unidos, cerca de 45 mil exemplares. A matéria era um "perfil" do árbitro escrita pelo Peter Jackel, que solicitou ao então árbitro algumas fotos pessoais para ilustrar o texto. Foi aí que o juiz tomou a decisão de ceder uma imagem em que estava junto do marido, Michael Rausch, com quem era casado havia 20 anos.

“Não parecia direito ter uma história inteira com imagens e não ter uma foto com Mike, alguém que estava comigo durante o processo todo”, afirmou ele à Outsports.

A foto trazia a legenda “ele e seu companheiro de longa data, Michael Rausch, viajaram para a Austrália para a primeira partida da temporada”. Scott disse que sabia exatamente o que estava fazendo ao mandar as imagens, que aquilo era uma pequena porta se abrindo em uma publicação que não era de circulação nacional.

“Isto não é uma surpresa para Major League Baseball nem par as pessoas para quem eu trabalho. Não é uma surpresa para a equipe árbitro. Até Mike e eu nos casarmos em novembro passado, ele era meu parceiro e estava inscrito na minha política de seguro da MLB”, explicou.

“Pessoas gritam comigo durante o jogo por eu ser o juiz. A última coisa que eu quero é que os torcedores gritem comigo por eu ser gay. Sou um árbitro que se descobriu gay e não um gay que se descobriu um árbitro”.

16-08-2022 às 00:54 Jorge Jorge
É inacreditável que alguém se valha de sua própria homossexualidade para afirmar que está aqui ou ali representando isto ou aquilo, como se o ato de ser gay autorize o sujeito a sair pelo mundo a "representar" determinada classe de pessoas. Isso é de um bestialidade angustiante. Ser gay ou heterossexual é uma condição apenas. O sujeito não se individualiza, tampouco se distingue por essa condição, que não é predicado, nem adjetivo, nem verbo, nem substantivo. É um fato apenas. Desimportante, inclusive. O que importa é ser capaz, honesto, inteligente, generoso. E isso nada tem a ver, pelo amor de Deus, com sexualidade. Para concluir: sou gay, tanto quanto esse cara, possivelmente mais. Mas ele, todavia, não me representa, no quer que esteja fazendo.